Marcos Almir Madeira

Marcos Almir Madeira, advogado, professor, educador, sociólogo e ensaísta, nasceu em Niterói, RJ, em 21 de fevereiro de 1916. Eleito em 19 de agosto de 1993 para a Cadeira n. 19, na sucessão de Américo Jacobina Lacombe, foi recebido em 19 de novembro de 1993, pelo acadêmico Abgar Renault.

Filho do professor e pediatra Almir Rodrigues Madeira e de d. América Barbosa Madeira, fez os estudos primários em casa. Seus mestres foram o próprio pai e a professora Regina Tibau, que o prepararam para o exame de admissão ao Ginásio Bittencourt Silva, um dos grandes educandários da cidade, onde recebeu, em 1931, o diploma de bacharel em Ciências e Letras. Matriculou-se na Faculdade de Direito, pela qual se graduou em 1939. Seus ensaios sobre Constituições rígidas e sobre o sindicalismo mereceram palavras de aplauso de Clóvis Beviláqua e repercutiram no meio universitário.

Exerceu, a partir de 1936, por oito anos, a advocacia, em Niterói e no Rio, e dedicou-se ao magistério, como professor de Português e História, em escolas particulares, quando ainda cursava o 4o ano jurídico.

Interrompeu por algum tempo as atividades docentes para exercer funções públicas, na administração fluminense, ligadas à difusão cultural. Dirigiu a Divisão de Divulgação do Estado do Rio de Janeiro (1943-1946), realizando, sob a forma de inquéritos e estudos de vários tipos, pesquisa sobre aspectos da cultura fluminense. Dirigiu também atividades de teatro infanto-juvenil, em cooperação com entidades escolares, e de teatro popular de amadores. Ao deixar a chefia daquele departamento, estavam lançadas as bases para a elaboração de uma "História da literatura fluminense". Ao mesmo tempo, colaborava no jornalismo literário, em Niterói e no Rio de Janeiro.

Seu projeto essencial concentrava-se, porém, no magistério, para o qual voltou em 1950, já então em nível federal e em diferentes unidades universitárias. Foi professor de Sociologia e Fundamentos Sociológicos da Educação na Faculdade de Filosofia (a partir de 1950) e de Direto Constitucional na Faculdade de Direito (a partir de 1952) da hoje Universidade Federal Fluminense, tornando-se (em 1956) catedrático interino de Teoria Geral do Estado. Na Fundação Getúlio Vargas inaugurou, em 1952, o ensino de Sociologia. Na Faculdade de Filosofia da antiga Universidade do Brasil, foi professor de Sociologia e Fundamentos Sociológicos (a partir de 1962). Lecionou essa disciplina também no Instituto de Estudos Políticos e Sociais da PUC do Rio do Rio de Janeiro, no Instituto Rio Branco, do Itamarati, e na Escola do Estado Maior do Exército e da Aeronáutica.

Na área da educação e da cultura, Marcos Almir Madeira foi, por três vezes, Presidente da Associação Brasileira de Educação, de cujo Conselho Diretor participa, como membro vitalício; organizou e dirigiu o periódico Leitura de Todos, órgão da Comissão Brasileira da Unesco, e editado em cooperação com o Ministério da Educação e Cultura, para a campanha de Educação de Adultos, sob a direção técnica do professor Lourenço Filho. Presidiu, em 1962, ao I Encontro de Educadores em Brasília. Em 1971, atendendo a convite oficial, visitou a França e a Alemanha, para realizar conferências e manter contatos com autoridades do mundo cultural e universitário. Também como convidado oficial, e cumprindo programa semelhante, esteve em 1977 no Japão e em Israel. Dirigiu, no Estado do Rio de Janeiro, a Casa de Oliveira Viana e o Arquivo Público.

Foi membro do Conselho Federal de Cultura e delegado regional do Ministério da Educação e Cultura nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, cargos em que resumiu o seu programa de ação, que tinha por objetivo o intercâmbio efetivo com estudantes, mestres e dirigentes escolares, no sentido de uma política de diálogo, que ele próprio resumiu: "Porta aberta e mão estendida."

É membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e presidente do PEN Clube do Brasil; membro titular da Asociación Latino-Americana de Sociologia, sediada em Buenos Aires; membro da Academia Brasileira de Arte; membro da Academia Fluminense de Letras e membro dos Institutos Culturais Brasil-Alemanha, Brasil-Argentina, Brasil-Holanda, Brasil-Japão e Brasil-Finlândia; sócio honorário do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro.

Possui, entre outras condecorações, a Medalha do Mérito Santos Dumont, do Governo da República; de Oficial da Legião de Honra, da França; a Grã-Cruz da Ordem de Andrés Bello, da Venezuela; de Oficial da Ordem das Artes e Letras, da França; de Comendador da Ordem do Sol Nascente, do Japão; de Oficial da Ordem do Mérito, da Espanha; e a Grã-Insígnia da Ordem do Mérito, da Áustria.

Obras: A ironia de Machado de Assis e outros temas, estudos sociais, educacionais e literários (1944); Bacharelismo e tecnicismo (1956); Pensamento social na obra de Lourenço Filho. Em Um educador brasileiro; Compreensão de Euclides da Cunha (1960); Um inquieto: Lúcio de Mendonça (1962); Posições vanguardeiras na sociologia brasileira (1973); A estilística dos títulos em Gilberto Freire (1978); Homens de marca, crítica literária e social (1979); Atualidade política de três poetas: Victor Hugo, Fernando Pessoa e Garcia Lorca (1988); A Revolução Francesa: a mensagem e o momento (1990); Fronteira sutil entre a sociologia e a literatura (1993); O outro Rui Barbosa (1994).

Discursos e conferências: Um neobacharelismo: o formalismo tecnicista (1956); Ciclos e traços da cultura brasileira (1957); Oliveira Vianna e o espírito da sua obra (1952); Sociologia e ciência política (1958); Romance e trópico, edição do PEN Clube de Pernambuco.

Milton Nunes Fillho
Enviado por Milton Nunes Fillho em 19/11/2006
Reeditado em 23/12/2012
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