Desejo
Sempre caio num tipo de rotina. Até o fato da rotina em meu trabalho não existir me faz cair nessa armadilha.
Até que convivo com pessoas interessantes. Como aquela jovem de sorriso malicioso ou a mulher de meia idade tão sensual e bem humorada que me inspira respeito e atração ao mesmo tempo.
Essa noite, enquanto dormia entre roncos e sem nenhuma privacidade me veio um certo desejo auto destrutivo.
Ha meses não sentia isso.
Viver sempre com esse tipo de carapaça, essa capa, essa máscara me deixa exausto.
Não amo nada nem confio em ninguem e ainda assim continuo.
Sou impelido por essa força invisível, esse desejo incontrolável, essa ânsia desenfreada. Dois dias atrás me deparei com um tipo diferente de sentimento. Geralmante despreso a tudo e a todos, mas com ela foi diferente.
Érica tem apenas 19 anos e em sua inexperiencia é erresistivel.
Ode (meu antigo guia espiritual) diria que é só mais um capricho da minha parte. E como estaria certo...
A mente dela é fraca, suas idéias são medíocres, sua própria relação com o próprio corpo é desconcertante.
De certo modo me vejo nela, como se um espelho me mostrasse uma faceta de mim mesmo que eu desejo ignorar.
E como isso me deixa desconcertado...
Dormimos juntos ontem e eu não a toquei. Talvez tenha tocado, não lembro. Na noite tudo parece tão confuso...
Enquanto caminhavamos a sós ela me perguntou se eu a havia molestado. Fui vago na resposta. Nem eu sabia.
Acho que sim, mas acredsito que não.
Esse tipo de confusão só me recai quando o assunto é algumna mulher que me balança de algum modo.
Quieria agarrá-la, mas por algum motivo não consigo.
Muitos anos atrás antes de matar Marcos na porta daquele bar eu me senti assim com minha namorada na época. Pensando bem as duas são muito parecidas tanto fisica como mentalmente.
Me afastei dela a anos e ainda não a esqueci.
Nunca vou esquecer...
agora vem essa menina me perturbar a mente.
A morte de Marcos não é algo de que eu me arrependa. Ela foi necessária.
Quando abandonei a Irmandade das 5 pontas ele era o meu verso. Se não o matasse ele me mataria. Essa era a regra.
Fiz e não me arrependo.
Desde sempre sabiamos do mal que poderiamos causar um ao outro. Foi o risco que corremos e que estavamos dispostos a pagar.
5 tiros. Deixei a última bala para mim caso fosse pego.
Mas não afui.
Emanuel cuidou de tudo como disse que faria.
Agora Marcos é só uma carcaça numa gaveta e eu estou outra vez prestes a abandonar tudo por uma mulher que não nutre sentimento algum por mim e a qual eu não sintonada além de tesão.
Acho que esse é a minha sina. Me perder em meu próprio desejo.
Estou no Rio, em Araruama pra ser mais exato e só sinto vontade de me perder de novo.
Essa agonia me comprime o peito, esse desejo, essa maldita menina-mulher.
Hoje eu a toquei, não sei se em sonho ou se estava acordado, o fato é que senti sua pele macia e quente em minha mão e sei que ela me deseja.
Ou talvez esteja jogando um jogo mais perigoso do que ela jamais sonhou.
Depois de anos eu finalmente tomo coragem para tentar me aproximar de meu antigo lugar e ela vira meu mundo de cabeça pra baixo.
Talvez devesse ignorar mas não sou esse tipo.
Espero que ela saiba o que faz por que eu realmente estou perdido.