CLARA MARTINS PANDOLFO. Breve notícia biobibliográfica

                              Sérgio Martins Pandolfo*

       "Entre esses ex-alunos destaca-se a liderança da professora Clara Martins Pandolfo, sempre lembrada como incansável lutadora pela reabertura da Escola e organizadora de movimentos para esse fim" (LIMA, ALENCAR, BARBOSA, 1985).


      Dados Pessoais:
Nome completo: CLARA MARTINS PANDOLFO
Filiação: ALBANO AUGUSTO MARTINS, português e JUDITH BARREAU DO AMARAL MARTINS, brasileira, francolusodescendente.
Nacionalidade/naturalidade: Brasil, Pará, Belém
Nascimento/Falecimento: Belém, 12/06/1912 – Belém, 31/07/2009
Esteve casada durante 51 anos com ROCCO RAFAEL PANDOLFO, gaúcho, italodescendente, falecido em Belém em janeiro de 1987.
      Formação Universitária - Graduou-se em Química em 1930 pela Escola de Química do Pará que funcionou em Belém até 1931, com corpo docente constituído por professores contratados na Universidade de Sorbonne, França, e dirigida pelo naturalista francês Paul Le Cointe.
      Ao término do curso, com base em pesquisas de laboratório sobre espécies vegetais regionais, apresentou Tese sob o título "Contribuição ao Estudo Químico de Plantas Medicinais da Amazônia", defendida publicamente e aprovada com distinção pela Congregação da Escola.
      Os anos de tirocínio escolar e os que se seguiram em que trabalhou, como colaboradora do professor Paul Le Cointe, em pesquisas tecnológicas sobre matérias primas regionais, nos laboratórios daquela Escola, marcaram fundamente sua formação técnico-científica levando-a a adquirir gosto pelo estudo dos recursos naturais da Amazônia a que dedicou, desde então, as atividades de sua vida profissional.
Atividades Profissionais Exercidas - Por mais de 20 anos exerceu atividades nos laboratórios locais como Química dos Laboratórios de Bromatologia e de Hipodermia da Diretoria de Saúde Pública do Pará e do Laboratório de Biologia da Santa Casa de Misericórdia do Pará, neste organizando e dirigindo, por vários anos, uma Seção de Hipodermia e Produtos Injetáveis. Durante esse período realizou também estudos sobre espécies oleaginosas da Amazônia.
       Ao instalar-se em Belém a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia), foi requisitada pelo seu primeiro Superintendente para servir como Assessor Técnico, vindo posteriormente a assumir a presidência da Subcomissão de Recursos Naturais da Comissão de Planejamento daquela Superintendência.
Com a extinção da SPVEA e criação da SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), em 1966, foi nomeada Membro do Conselho Técnico da nova Instituição e, mais tarde, com a reestruturação do órgão, assumiu a Direção Geral do Departamento de Recursos Naturais.
       Atividades de magistério - Paralelamente às atividades técnicas exerceu, também, durante mais de 25 anos, o magistério secundário e superior, como professora de Química de vários colégios de Belém, na Escola de Enfermagem do Pará e na antiga Escola Superior de Química do Pará, de onde foi professora fundadora e, por vários anos, Diretora, posteriormente incorporada à Universidade Federal do Pará, da qual se aposentou como professora titular. Professor Emérito pela Resolução nº 1.713, de 02 de janeiro de 1989.
       Outras Atividades - No desempenho de suas atividades profissionais, participou de numerosos Congressos, Missões Técnicas e Grupos de Trabalho, visitando Instituições especializadas do País e do estrangeiro, proferindo Palestras e Conferências em Cursos, Seminários e Universidades.
       Vinda de uma época em que não existiam as facilidades de hoje e tendo vivido sempre na Amazônia, onde eram escassas as oportunidades de aprimoramento de conhecimentos, buscou-as, entretanto, incessantemente, através de esforço próprio, no manuseio dos livros e na experiência haurida e acumulada no recesso dos laboratórios onde serviu e no trato constante com os problemas da região, nas longas viagens de estudo e observação empreendidas aos mais longínquos recantos do interior amazônico.
Em toda a sua vida profissional, sua atividade destacou-se, sobretudo, como obra de tenacidade, de paciente obstinação, de força de vontade de realizar, mesmo nas condições mais adversas, em face das enormes dificuldades de ordem técnica, financeira e institucional, que teve de enfrentar.
       Seu trabalho em favor da região pode ser aquilatado pelo rastro de realizações que marcam sua passagem pelo Órgão de desenvolvimento regional e pelo magistério local, merecendo destaque, entre outras, as seguintes:
   • Emissão de pareceres e informações técnicas em vários processos que transitaram por esse Órgão, visando ao estudo e ao melhor conhecimento do meio amazônico.
   • Concepção e implantação, em caráter pioneiro, de um projeto-piloto de cultura do Dendê realizado em convênio da SPVEA com o Institute de Recherches pour lês Huiles et Olégineux (I.R.H.O.) da França, que serviu como demonstrativo de uma das grandes vocações naturais da região.
   • Coordenação dos programas de pesquisa florestal desenvolvidos pelo Centro de Tecnologia Madeireira da SUDAM, trabalhos que serviram de base a uma proposta de Política Florestal Regionalizada para a Amazônia, a qual lançou sob a denominação de "Florestas de Rendimento", hoje largamente implantado e em execução sob a rubrica de "manejo florestal".
   • Em 1979, devidamente autorizada pelo Decreto da Presidência da República, por Portaria do Superintendente da SUDAM, atendendo a convite que lhe fora formulado pelo CENTER OF BRASILIAN STUDIES, da SCHOOL OF ADVANCED INTERNATIONAL STUDIES, da UNIVERSITY JOHNS HOPKINGS, viajou a Washington, Estados Unidos, para pronunciar, nos dias 09 e 11 de maio, duas Conferências sobre a questão florestal na Amazônia, mais especificamente sobre a proposta de política florestal que ela apresentara visando à criação de Florestas de Rendimento.
   • Supervisão e montagem de um Laboratório de Pesquisas Minerais, na SUDAM, com vista ao estabelecimento de métodos adequados ao tratamento dos minérios regionais.
   • No campo do Magistério destacou-se o empenho com que se dedicou ao ensino da Química, tendo lutado, durante muitos anos, pela reabertura da Escola de Química do Pará (cujas atividades foram encerradas com a Revolução de 1930), iniciativa que afinal viu vitoriosa por decisiva influência da SPVEA, com sua reabertura em 1956 e posterior incorporação à Universidade Federal do Pará.
       Treinamento e Especializações - Visando ao aprimoramento de seus conhecimentos profissionais participou de Seminários de Treinamento nas áreas de Desenvolvimento de Executivos de Alto Nível (pela Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas); Processamento de Dados para Dirigentes de Órgãos Governamentais; Engenharia de Sistemas aplicada ao Planejamento de Projetos (ministrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE); Técnicas de Planejamento de Sistemas (pela IBM) e Capacitação na Formulação de Projetos na Região Amazônica (Acordo SUDAM/PNUD).
       Medalhas e Condecorações - Dentre as numerosas com que foi agraciada, destacam-se a ORDEM DO MÉRITO GRÃO-PARÁ, outorgada por Decreto do Governo do Estado do Pará e a MEDALHA DO MÉRITO FLORESTAL “NAVARRO DE ANDRADE”, pela Sociedade Brasileira de Silvicultura, sediada em São Paulo, considerada a maior honraria no campo dos recursos florestais, no Brasil.
       Trabalhos Publicados - é autora de numerosos trabalhos publicados aqui e lá fora, relatando suas pesquisas na Amazônia, dos quais caberia ressaltar:
   1- A AMAZÔNIA. Seu grande potencial de recursos naturais e oportunidades de industrialização (Trabalho classificado em 1º lugar no Concurso “Paulo Maranhão), SUDAM, Belém, vol.1, 1969.
   2- A FLORESTA AMAZÔNICA – ENFOQUE ECOLÓGICO-ECONÔMICO, Belém, SUDAM, 1977 – (propondo uma política florestal regionalizada, com a criação de Florestas de Rendimento, visando a racionalizar a extração de madeira na Amazônia Brasileira).
   3- A atuacão da SUDAM na preservacão do patrimônio florestal da Amazônia, Belém, SUDAM, 1972.
   4- Seminário sobe A REALIDADE AMAZÔNICA, Belém, SUDAM, 1973
   5- Consideracões sobre a questão ecológica da Amazônia brasileira, Belém, SUDAM, 1990.
       Por fim, a Profª Clara Pandolfo, a par de seu permanente e devotado magistério técnico-científico em prol do desvendamento dos segredos e complexidades da Floresta Amazônica e de sua rica e multifária biota, também foi uma cultora das artes literárias, em especial da poesia, que ela degustava nos seus vagares, tendo também exercitado a literatura não-científica por meio de vários artigos que escreveu e fez publicar na imprensa paraense. A destacar o resultado obtido no Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas ALPAS XXI – 2008 em que obteve Destaque Nacional com o conto Um episódio passional, o qual veio a ser publicado na Coletânea Palavras de Abril.
       Desde fevereiro de 2011 é a Patronesse da Cadeira de número 03 da Real Acadeima de Letras, com sede em Porto Alegre, RS, de posse vitalícia do Acadêmico Correspondente Sérgio Martrins Pandolfo, representante de Belém do Pará.


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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
E-mails: sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br
Site: www.sergiopandolfo.com
Notação: bosquejo biobibliográfico feito a partir de anotações e informações fornecidas pela própria biografada, genitora do Autor titular deste espaço.
Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 16/01/2011
Reeditado em 13/07/2011
Código do texto: T2732886
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