Santo Inácio de Loyola, de cortesão a militar, 
                              de militar a santo
 

Em 31 de maio 1491, nasceu Iñigo López de Oñaz y Loyola na cidade de Azpeitia, na província basca de Guipúzcoa, na região de Vascongadas, ao norte da Espanha. De família nobre, era o caçula de 11 irmãos. Com oito anos de idade, ficou órfão de mãe e com 14, de pai. Foi pajem de Fernando V e tinha pela frente promissora carreira militar. Sua família vivia um ambiente contagiado de profunda adesão à fé católica, o que lhe foi transmitido. Passou a juventude na corte de Castilha, onde, por influência da rainha Isabela, a Católica, havia também uma grande preocupação em buscar um cristianismo autêntico. Era um jovem atraente, de maneiras gentis, culto, treinado em todos os esportes, valente, espirituoso, enfim, um autêntico fidalgo de uma das cortes mais ricas do mundo. Além disso, era extremamente vaidoso. 

Em 1516, Iñigo entrou para o serviço do duque de Nájera e vice-rei de Navarra, Antônio Henrique, de cuja guarda pessoal foi membro. Foi então que o cortesão começou a ceder lugar ao soldado. Inesperadamente, ele foi chamado para defender o território basco dos seus vizinhos franceses. E na batalha de Pamplona, foi ferido na perna por uma bala de canhão. Como ele era o líder da resistência, Pamplona caiu nas mãos dos franceses os quais o trataram como um verdadeiro herói. 

Iñigo foi levado para o “solar dos Loyola”, onde sua irmã supervisionou os tratamentos médicos. Ficou entre a vida e a morte, mas recuperou-se. Ao restabelecer-se, percebeu que a perna ficara deformada. A vaidade e a vontade de ser elegante como antes, fizeram-no pedir uma nova cirurgia. Era a sua vaidade que falava mais alto. Quebraram-lhe de novo o osso da perna e, outra vez, ficou ele com febre e semiconsciente. Uma noite sonhou com São Pedro, e seu corpo reagiu, começando a superar a enfermidade. Durante a convalescença, sem nada para fazer, solicitou livros de cavalaria para passar o tempo. Em todo o castelo, só encontraram dois livros: Vita Christi, de Rodolfo da Saxônia, e a Vida dos Santos, segundo a Legenda Áurea. Foi nesta época que começou a morrer o militar e a nascer o santo. 

Aos poucos, foi se entusiasmando e sentindo-se atraído pelo exemplo dos santos. Reviu sua vida passada, percebeu a necessidade de fazer penitência e encontrou sua liberdade espiritual, mudança interior que foi notada por todos de casa. Segundo Iñigo, o que Francisco, Pedro e Paulo fizeram, ele poderia fazer igual, ou até melhor. Decidiu, então, dedicar sua vida a Cristo e à conversão dos infiéis. 

Já totalmente recuperado, foi a Montserrat, mosteiro beneditino nos arredores de Barcelona, onde fez sua confissão geral que durou três dias. Depois se retirou para uma gruta, em Manresa, também nos arredores de Barcelona onde completou sua transformação espiritual. Fez anotações das experiências, com base no que viveu pessoalmente, e percebeu um método. Escreveu os Exercícios Espirituais, que é “a maneira de proceder de Deus em cada pessoa” (Pe. Theobaldo Peters) é o “manual para meditações com base em suas vivências místicas”. Ao deixar Manresa, Iñigo já tinha nas mãos, sem o saber, o instrumento que lhe permitiu organizar a Companhia de Jesus. 

Em 1528, entrou para a Universidade de Paris, onde ficou sete anos, estudando Teologia e Filosofia e tentanto atrair o interesse de outros estudantes para os seus Exercícios Espirituais

Em 1529, em Paris latinizou seu nome para Inácio. 

Em 1534, tinha seis seguidores: Pedro Faber, Francisco Xavier, o apóstolo da Índia e do Japão, declarado padroeiro das missões, Alfonso Salmeron, Jacob Laines e Nicolau Bobedilla, espanhóis, e Simão Rodrigues (português). Neste mesmo ano, em 15 de agosto, liderados por Inácio, eles fizeram os Exercícios Espirituais, os votos de pobreza e resolveram peregrinar a Jerusalém. Também decidiram que, se não fosse possível a peregrinação à Terra Santa, iriam colocar-se à disposição do Papa para que os enviasse onde fossem mais necessários. Lançaram ainda os fundamentos da Companhia de Jesus, cujas regras eram diferentes das de outras ordens religiosas existentes até então, unindo espiritualidade com disciplina e obediência quase militar, a fim de coordenar o máximo de energia na construção do reino de Cristo. 

Devido a seus estudos, Inácio entrou em contato com as correntes críticas e hostis à doutrina da Igreja: erasmismo, iluminismo, protestantismo. Todos queriam a reforma da Igreja. Inácio sempre se mostrou contrário a elas e fiel à Igreja de Roma, passando a trabalhar mais pela renovação do que pela reforma da Igreja. 

Em outubro de 1538, Faber, Lainez e Inácio viajaram até Roma para pedir ao Papa Paulo III a aprovação da nova ordem, e ele concedeu-lhes uma recomendação e permitiu que fossem ordenados padres. 

A congregação de cardeais deu um parecer positivo à constituição apresentada e, em 27 de setembro de 1540, o Papa Paulo III confirmou a ordem dos jesuítas, cujo lema é Ad Majorem Dei Gloriam (tudo por uma maior glória de Deus). 

Inácio e seus companheiros colocaram-se à disposição do Papa como um exército pronto para a defesa da fé, a reforma da Igreja e da obra missionária. A recém-fundada Companhia de Jesus, além dos votos de pobreza, castidade e obediência, tinha como particularidade uma total obediência ao Papa (o quarto voto). 

Em 19 de abril de 1541, Inácio foi escolhido como o primeiro superior-geral, embora tivesse resistido a aceitar sua indicação. Como superior foi encarregado de redigir as Constituições da Ordem e enviou os seus companheiros como missionários para criarem escolas, liceus e seminários por todo o mundo. Fundou em Roma o Colégio Romano. Seu ideal era grande: muitos apóstolos para a evangelização do mundo. 

Rapidamente os jesuítas, como se chamam os padres da Companhia de Jesus, espalharam-se pelo mundo. Chegando ao Brasil, tiveram um papel importante durante a colonização, deixando como herança diversas obras entre igrejas e colégios, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A primeira missão da Companhia de Jesus chegou ao país durante os governos gerais, sob o comando do padre Manuel da Nóbrega. 

Em 31 de julho de 1551, faleceu Inácio de Loyola, com 65 anos de idade. A Igreja comemora em 31 de julho a data de Santo Inácio. 

Em 12 de março de 1862, foi canonizado pelo Papa Gregório XV. 

Oração a Santo Inácio
 
Santo Inácio é o autor da oração. 

Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade e a minha memória também.O meu entendimento e toda a minha vontade,tudo o que tenho e possuo vós me destes com amor.
Todos os dons que me destes com gratidão vos devolvo.Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade.Dai-me somente o vosso amor, vossa graça.Isto me basta, nada mais quero pedir. 

Referências
FABRE, Mardilê Friedrich; BAVARESCO, Rosa Maria Serra; BICHELS, Àgueda. Palavras aos Antigos Alunos: reflexões do ser no agir. Porto Alegre: Renascença, 2006.
http://br.geocities.com/cenaculo_brazil/ignacio.htm Acesso em: 5 out. 2006.
http://www.saoluis.org.br/v3/Inacioinforme.html# Acesso em
http://www.fca.org.br/inacio.htm Acesso em: 7 out. 2006.
http://www.fca.org.br/inacio.htm Acesso em: 8 out. 2006.
http://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_de_Loyola Acesso em: 8 out. 2006.
http://www.portalangels.com/oracoesaossantos16.htm Acesso em: 15 out. 2006