Tavares Bastos

Aureliano Cândido Tavares Bastos, advogado, jornalista, político e publicista, nasceu na Cidade das Alagoas, hoje Marechal Deodoro, AL, em 20 de abril de 1839, e faleceu em Nice, França, em 3 de dezembro de 1875. É o patrono da Cadeira n. 35, por escolha do fundador Rodrigo Octavio.

Era filho do bacharel José Tavares Bastos e de Rosa Cândida de Araújo. Fez os primeiros estudos com o pai, latinista e professor de filosofia, e concluiu os preparatórios em Olinda. Matriculou-se na Academia de Direito, em 1854, ano em que a antiga Faculdade de Olinda se transferiu para o Recife. No ano seguinte, acompanhou o pai, que fora nomeado presidente da província de São Paulo, e matriculou-se na Faculdade de Direito. Ali já se encontravam Lafayette Rodrigues Pereira, Silveira Martins, Paulino de Sousa, Ferreira Viana, Afonso Celso (pai), chegando, pouco depois, Tomás Coelho, Macedo Soares, Pedro Luís, entre outros. Ali participa ativamente das sociedades acadêmicas e colabora em revistas literárias e filosóficas, fazendo de Hegel o seu pensador predileto em matéria de estética. Recebeu o grau de Doutor em Direito em 1859; logo depois passou a residir no Rio de Janeiro, onde foi nomeado oficial de secretaria da Marinha, sendo exonerado do cargo em 1861, em represália contra o discurso que proferiu sobre os negócios da Marinha. Foi eleito deputado geral por Alagoas em três legislaturas, 1861-1863, 1864-1866 e 1867-1870, sendo na primeira vez, aos 22 anos de idade, o mais jovem deputado no Parlamento, eleito juntamente com José de Alencar, João Alfredo, José Bonifácio, o Moço, entre outros.

A imprensa e a tribuna parlamentar eram o veículo ideal para a defesa das suas idéias. Ainda em 1861 publicou o panfleto Os males do presente e as esperanças do futuro, com o pseudônimo de "Um Excêntrico". Sua carreira política foi marcada pela preocupação com as questões sociais e econômicas do seu tempo, sobretudo a escravidão, a imigração, a livre navegação do Amazonas, a educação, a questão religiosa. Tratava desses problemas nas Cartas que passou a publicar, sob o pseudônimo de "O Solitário", no Correio Mercantil, de Francisco Otaviano, reunindo-as nas Cartas do Solitário, publicadas em 1862.

Em 1864, participou da Missão Saraiva ao Rio da Prata, como secretário, o que deu motivo a grandes polêmicas na Câmara. Depois partiu para o Amazonas, em viagem de estudos e observações, de que resultou o seu livro O vale do Amazonas, publicado em 1866. No Parlamento, predominavam as discussões relativas à liberdade religiosa e à separação entre a Igreja e o Estado, à imigração e à reforma eleitoral e parlamentar. A ele é atribuído o panfleto Exposição dos verdadeiros motivos sobre que se baseia a liberdade religiosa e a separação entre a Igreja e o Estado, que apareceu em 1866, sob o pseudônimo de Melásporo. Em 1867, Tavares Bastos publica Reflexões sobre a imigração, faz oposição ao Gabinete Zacarias, deixando de ser deputado ao dissolver-se a Câmara em 18 de julho de 1868. Passa a dirigir o Diário do Povo, com Lafayette Rodrigues Pereira, e colabora com o jornal A Reforma do recém-fundado Clube da Reforma (1869). Em 1870, publica A Província, o seu livro mais importante e conhecido. É neste livro que ele se dedica a uma das suas idéias fundamentais: a da descentralização ou da federalização do Brasil, dando certa autonomia às províncias e acabando com o centralismo unitarista imperial, que as sufocava e lhes negava praticamente qualquer iniciativa.

Desinteressando-se de se candidatar mais uma vez, faz como escritor e jornalista a campanha pela reforma eleitoral. Em 1874, faz uma segunda e última viagem à Europa, com a esposa e a filha. Acometido de pneumonia, faleceu em 3 de dezembro de 1875, em Nice, no sul da França. Em 30 de abril de 1876, seu corpo chega ao Rio de Janeiro, a bordo do navio francês Henri IV, sendo então realizado seu enterro no Cemitério São João Batista.

Obras:

Cartas do Solitário (1862);

O vale do Amazonas (1866);

Reflexões sobre a imigração (1867);

A província (1870);

Reforma eleitoral e parlamentar e Constituição da magistratura (1873).

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Milton Nunes Fillho
Enviado por Milton Nunes Fillho em 13/10/2006
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