Chesterton, um gigante invisível!

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Muitos são os autores que deixaram marcadas com suas “penas” as páginas da literatura universal. No entanto, apesar de serem autores clássicos, ficam esquecidos como nota de rodapé de velhos livros empoeirados.

É evidente o desconhecimento de grande parte dos brasileiros de um dos maiores escritores do século XX que, juntamente com outros dois ingleses, C. S. Lewis e J. R. R. Tolkien, se tornou um clássico da literatura universal.

Gilbert Keith Chesterton, conhecido também pela sigla GKC, ou apenas Chesterton, nasceu em Kensington, distrito central de Londres, em 29 de maio de 1874, filho de Edward Chesterton e Marie Louise Keith. Batizado no Anglicanismo, desde cedo sentiu um chamado da Igreja Católica, à qual se converteu em 1922, aos 48 anos de idade.

Chesterton é um desses homens de letras muito difícil de catalogar, pois era romancista, poeta, crítico literário, ensaísta, polemista, apologista, jornalista, biógrafo, cartunista e filósofo. Os escritos chestertonianos parecem se compor de frases geniais e paradoxais que até mesmo isoladamente tomadas nos permitem ver a lucidez de seu pensamento. Filósofo do senso comum em um século marcado pelos frutos da exaltação alucinada da razão, chamada a prestar contas sobre todos os mistérios entre o céu e a terra, Chesterton bateu de frente também com o pensamento dos céticos, a que ele certa vez se referiu nestes termos: “nossos céticos modernos sempre começam afirmando aquilo em que não acreditam. Mas mesmo de um cético queremos saber primeiro o que ele faz crer. Antes de discutir, queremos saber o que não precisamos discutir. E essa confusão aumenta infinitamente pelo fato de que todos os céticos do nosso tempo são céticos em diferentes graus de dissolução do ceticismo.” (Philosophy for the Schoolroom)

Escreveu os livros “Ortodoxia” (1908), “The Heretics” (1905), “O homem que foi quinta-feira” (1907), “São Francisco de Assis” (1923), “O Homem Eterno” (1925), “A Inocência Do Padre Brown” (1911), “Santo Tomás de Aquino: biografia” (1933), obra a que Étienne Gilson assim se referiu: "Chesterton desespera qualquer pessoa. Estudei Santo Tomás a vida inteira, e nunca teria sido capaz de escrever um livro como este.” [...] E conclui dizendo que “Chesterton era um dos pensadores mais profundos que existiram. Era profundo porque tinha razão, e não podia deixar de tê-la; mas tampouco podia deixar de ser modesto e amável; por isso, considerava-se um entre muitos, desculpava-se de ter razão e fazia-se perdoar a profundidade com o engenho."

Através do livro A Inocência Do Padre Brown, ele se tornou mais conhecido no Brasil. GKC criou um personagem muito diferente dos até então comuns na literatura policial. O detetive que descobre os casos insólitos é um simples sacerdote, de nome Padre Brown, que aparenta ingenuidade, mas age com uma perspicácia e agudeza investigativa incrível.

Escreveu também mais de 4000 artigos, entre os quais trinta anos de colunas semanais para o Illustrated London News e treze anos de colunas semanais para o Daily News, além dos textos diversos que redigiu para o seu próprio jornal, G.K.’s Weekly. Chesterton se utilizava desses espaços para combater a mentalidade modernista, cientificista e reducionista. Travou longas batalhas com intelectuais como George Bernard Shaw, Herbert George Wells, Bertrand Russell e Clarence Darrow.

Estabeleceu uma amizade fecunda com Hillare Belloc, o que levou um dos seus opositores a se referir aos dois como o “monstro biforme Chesterbelloc”. Eles desenvolveram juntos a teoria do Distributismo (ou Distribucionismo), teoria política crítica do capitalismo e do socialismo sob inspiração cristã, que defende que a propriedade privada não deveria ser abolida, mas sim evitada sua posse pelas mãos de uns poucos . "O problema do capitalismo é que não há capitalistas suficientes", afirmava Chesterton.

Também recebeu elogios de Jorge Luiz Borges, que se referia a ele como “um homem de gênio, um grande prosador e um grande poeta. A literatura é uma forma de felicidade, talvez nenhum escritor me desse tantas horas felizes como Chesterton.” Intelectuais brasileiros como Gustavo Corção e Alceu Amoroso Lima foram influenciados pelas obras do inglês. Apesar de ser desconhecido pela grande maioria dos leitores brasileiros, artigos e livros de Chesterton têm sido traduzidos por iniciativa, entre outros, do Professor Antônio Emílio Angueth, e disponibilizados na internet através do ‘Blog do Angueth’(http://angueth.blogspot.com/). Tarefa que não é nada fácil, dada a dificuldade em traduzir o sentido irônico e paradoxal de que muitas vezes Chesterton, como bom inglês, se utiliza para combater os adversários.

Chesterton morreu em 14 de Junho de 1936, em sua residência, em Beaconsfield. É provável que o bom inglês não se preocupasse hoje pelo fato de suas obras não serem mais conhecidas no Brasil. Ao contrário, talvez até demonstrasse um esboço de sorriso e pensasse na frase que escreveu em seu livro, All things considered, "clássicos são escritores que podemos elogiar sem nunca tê-los lido.”

dguelitto
Enviado por dguelitto em 04/11/2010
Reeditado em 09/02/2011
Código do texto: T2596962
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