Oxford Outra Vez
Quinta-Feira, 16 de setembro de 2010. Há exatamente 15 dias, aproveitando o dia livre em Londres, depois de uma ligeira excursão pela Europa, vou a Oxford, uma pequena, porém muito importante cidade da Inglaterra, onde ali estivera há 20 anos, em janeiro de 1990, acompanhando meu sogro, que se submeteu a uma cirurgia de alto risco, mas muito bem sucedida. Agora, a intenção era visitar o Radcliffe Hospital, acompanhado da esposa, para um reencontro com a história de seu pai que, na condição de nordestino e sertanejo, um autêntico matuto como eu, foi ao primeiro mundo, num momento muito especial, por problema de saúde.
Como sempre, costumava dizer que “primeiro o Brasil para depois o exterior”. Nunca tive a intenção de conhecer outro mundo, antes de percorrer este país continental, cheio de tantas belezas. Desta vez, fui na condição de acompanhante da mulher, que sempre manifestou interesse de conhecer Portugal, principalmente Fátima, por motivos religiosos. Apenas juntando o útil ao agradável, e na intenção de fazer-lhe uma surpresa, escolhi um roteiro que terminasse em Londres, a fim de ir até aquela cidade em que estive em companhia do sogro, que gerou meu texto “Dois Caipiras em Oxford” numa referência aos dois matutos do sertão de Pernambuco, numa época em que eu já morava em Alagoas, mas fora convidado pela família para aquela viagem, que rendeu muita história para sogro e genro.
Agora, apesar do meu inglês quase ainda no nível do “the book on the table”, apresentei-me na recepção do hospital e contei aquela aventura de 20 anos passados. A moça, muito gentil, verificou no livro para encontrar o nome do médico que havia operado meu sogro. Como não encontrou, fez uma ligação interna indagando sobre o nome de “Sir” Peter Morris, que já estava aposentado, sendo hoje uma celebridade britânica, com títulos de nobreza da Rainha. Mesmo assim ainda adiantou que propiciaria um encontro conosco, se o médico ainda ali trabalhasse, pois considerava ser "um encontro histórico para a família que veio de tão longe". Saí gratificado pela atenção recebida e por ter voltado àquele hospital, onde durante todo o tempo de internamento do sogro era eu a única pessoa da família ali presente. Foi realmente um retorno histórico.
Pelos corredores, li alguns cartazes e alguns artigos de revistas ainda em preto e branco, contando verdadeiros milagres ali ocorridos. Num deles, a história de dois gêmeos que passaram por dificuldades quando recém-nascidos e que sua mãe comemorava ali os 18 anos dos seus belos e loiros rapazes. Noutros dois artigos, depoimentos de Lady Diana e Madre Teresa de Calcutá sobre o que representa aquele hospital para Inglaterra e para o mundo. Tocou-me profundamente o fato de também ter feito parte da minha história. Depois do quase milagre com o sogro, sonhava eu com o dia e a hora de chegarmos ao aeroporto dos Guararapes, em Recife, onde a família nos aguardava com muita ansiedade. Vinte anos depois o matuto volta a Oxford. Valeu!