Ancestrais: Remexendo o passado
Ancestrais: remexendo o passado
Caros Leitores,
Há muito pouco tempo, cerca de uns dois meses, por impulso de um site que monta árvores genealógicas, comecei a montar a minha.
Num país como o nosso, de história tão mesclada de fantasias, contos e causos, fica uma enorme lacuna nos registros históricos efetivamente documentados.
Dessa forma que, até bem pouco tempo, nossa história era contada com certo grau de romantismo e ponteados de realizações com forte dose de fantasias, que hoje despertam os críticos e as novas correntes de historiadores com os pés mais ao chão.
Com suas razões ou não, um país de curta história, necessitava também de criar rapidamente seus heróis, para que a população tivesse sua referência.
A comunicação nos tempos do império, certamente era muito rudimentar e alguns anos luzes do que temos hoje ao alcance das mãos (ou dos dedos nas teclas) através da Internet, e mais ainda o grau de analfabetos que era também extremamente elevado.
A isto também se deve colocar uma dúvida, pois, se queríamos acabar com o analfabetismo, teria sido mais fácil no Império, quando a população do Brasil era de cerca de 12 milhões de habitantes, do que hoje com 190 milhões, talvez até os indicadores em percentuais, ou seja, proporcionalmente acho que estamos hoje com mesmos números...
Aos que se aventuravam para desbravar novas fronteiras, pouco tempo tinham de pensar em escolas, à exceção dos jesuítas, que invariavelmente, desde Anchieta e Nóbrega, buscaram transmitir conhecimentos e ensinaram as primeiras letras aos filhos dos bandeirantes nos mais longínquos lugares desta imensa nação.
Dessa forma, o desafio de buscar os antepassados e suas verdadeiras histórias, ficam limitadas a pouco mais que um século.
Sem grandes recursos para pesquisas mais avançadas de campo, ficamos no aguardo de digitalizações de documentos antigos por organismos públicos, ou com a boa vontade de outros cidadãos.
Mas, dadas as grandes dificuldades, se recorre muito aos mais velhos, para que seja feito uma conexão entre os parentes e se estabeleçam os laços familiares, para que se possa, mesmo de forma limitada, conhecer um pouco de onde viemos e a saga dos que ajudaram a construir esse imenso país chamado Brasil.
Nessa busca, também me recorri à memória. Os contos do passado, que passam pelos nossos ouvidos de forma rápida, agora, na idade mais da razão é que são ouvidas e refletidas no cérebro. Mas, estavam lá armazenados os contos de família, que ficaram por muito tempo só na hipótese de que eram verdades. Costumes indígenas foram também dessa forma, por longo tempo, mantidos e contados pelos mais velhos. Assim é que eram armazenados os registros dos ancestrais e as tradições continuavam no tempo. Daí a importância dessa forma de repassar aos mais novos, as histórias de suas origens, os fatos marcantes ocorridos, tais como fenômenos da natureza, que traziam nas suas abordagens uma forte conotação mística, já que com a pouca ciência não se explicavam, eram debitadas a um poder superior – divindades por vezes até vingadoras - a dar outros rumos as sociedades de então.
Naturalmente, quando das “descobertas” com as circunavegações dos séculos XV e XVI, os intrépidos eram de origens européias, e traziam seus costumes para explorar as novas colônias, e com intuito de domínio de civilizações lá encontradas. As descobertas permaneceram durante muitos anos, até que, por necessidades “Reais”, houve-se por bem buscar financiamentos para as investidas no novo continente. Aí sim, em 1532, chega a São Vicente, a 1ª. Expedição Exploradora de Martim Afonso de Souza.
Não difícil então, que em algum momento, nossas árvores genealógicas não encontrem as suas raízes no velho continente. Se não no início, mas depois, quando mais necessitava o trono de novas riquezas a sustentar aquilo que chamavam de REALEZA, cercada de súditos e homens a defender suas formas de viver improdutivamente.
Bom, isso até que não mudou muito nos dias de hoje, somente a forma de reinar é que é diferente, e, uma vez empossado o eleito, tratam de lotear, ou mesmo, dividir as capitanias da estrutura governamental e política, entre os “cupinchas” e esfaimados de mesma laia que o empossado, numa orgia sem limites a dar vergonha aos cidadãos mais esclarecidos e impossibilitados de deter a invasão dos gafanhotos.
O reino precisava ocupar as novas terras, e, as guerras dos anos oitocentos trataram de dar um empurrãozinho nos reis de então, que numa falta pompa sem precedentes, fugiram como puderam das forças napoleônicas, saindo ao mar aberto no troar dos canhões de Bonaparte. Assim, D. João VI chegou ao Brasil em 1.808, quando o Brasil começou a ser inventado. Até então, a colônia não passava de uma imensa e atrasada fazenda extrativista, de onde Portugal retirava quase todo o seu sustento. Não havia o menor sinal de nação, e muito menos de uma identidade nacional.
Aí é que podemos dizer que se iniciava em nossa terra, um ensaio de desenvolvimento mais firme. As fases econômicas mais exploratórias, da madeira, da Cana de Açúcar e do Ouro já se iam longe e não apresentavam mais os resultados fáceis a pagarem as grandes construções européias a marcarem sua época no que hoje vemos como grandezas arquitetônicas.
D. João VI permaneceu no Brasil até 1821, já que os longos 13 anos fora já estariam causando lá em Portugal algumas mudanças políticas importantes, que requisitavam a volta do Rei. Bom, sua volta foi já em ambiente diferente, de tal forma que poucos anos depois, em 1.834 faleceu por causa desconhecida, definida muito posteriormente como sendo na verdade um assassinato por envenenamento.
No ano seguinte, aos 7 de Setembro de 1822, o Brasil já iniciava seu império independente, que duraria até 1.889, quando da Proclamação da República, aos 15 de Novembro. Longos 67 anos que o Império vivia em torno do Rio de Janeiro.
Pois foi nesse período que me reporto na busca dos ancestrais. O tempo que consegui até agora chegar, é de cerca de meados do Século XIX, quando do desbravamento dos chamados sertões do oeste paulista. Marca esse tempo as dadas e razias, que eram as incursões predatórias em territórios indígenas do Vale do Paranapanema, ora partindo de Botucatu, ora vindos de Minas Gerais em busca de melhores terras para o plantio do café e início de pequenas lidas, quase de subsistência, com animais diversos.
Assim, como me era também contado, cheguei aos ancestrais que ajudaram a iniciar povoamentos nesses tempos, como Joaquim Antonio de Arruda, meu Trisavô, que partiu da cidade de Tietê em busca de suas novas posses um dos doadores de parte de suas sesmarias para iniciar a cidade de São Sebastião do Tijuco Preto, hoje PIRAJU, no Estado de São Paulo, no Vale do Paranapanema.
Nessas sesmarias hoje existem, além de Piraju, vários municípios, tais como Saruataiá, Timburi, Itaí, Tejupá, etc... na margem esquerda do Rio Paranapanema até a região do Pontal do Paranapanema.
Naturalmente, a história toda deverá ser contada por historiadores, que se fundamentarão em documentos encontrados nas pesquisas e em restos arqueológicos dos indígenas que foram dizimados dessa região, a mando das autoridades de então.
Um Blog muito interessante conta mito dessas pesquisas, onde vocês vão navegar no tempo: http://historiaparanapanema.blogspot.com/
Mas o divertido disso tudo é a reaproximação dos parentes em um site extremamente interativo e o resgate da saga de cada um nesse mundão inóspito e a cada dia mais desafiador, a testar a acuidade dos mais aventureiros, na busca da melhor forma de dar conforto à família.
Surgem fotos antigas, fotos recentes dos antigos, informações, etc... que vai dando um colorido todo especial nessa árvore que vai crescendo de forma exponencial e vai mostrando com estatíticas e dados diversos o grande potencial que temos hoje de resgate da história, deixando registros que permanecerão.
Se tiverem curiosidade, podem visitar o sítio: http://www.myheritage.com.br/site-125501851/pereira , ou ainda, talvez até encontre algum parente perdido lendo esta página e fique incentivado a criar sua própria árvore e descobrir coisas interessantes de sua própria família.
Abraços a todos
São Paulo, 22/08/2010