Garota Transtornada

Ela sempre me chamou a atenção. Uma garota que costuma andar sozinha pelos corredores da Universidade, com seu All Star, calça jeans e roupas com cores neutras.

Com seus olhos orientais mirando o chão, procurando rastros? Deve ser mais para desviar o olhar. Abrir-se pode ser um enorme erro. As maravilhosas conchas que guardam pérolas que nunca irão ser vistas.

Os rapazes de sua sala tentam todos os dias puxar conversa, convidá-la a uma festa, tentar alguma coisa. É bonita, nada mais natural. Mas não... nem ao menos as horas ela diz quando alguém comete o erro de lhe perguntar.

Não adianta, a conversa morre no "oi" e ela não sai de casa. Namorado? Ninguém sabe ao certo. Os fatos indicam que não. Vai saber? Uma pessoa como ela de nada se duvida.

Disse um dia que é uma garota transtornada. Só porque é muito "na dela", de pouca conversa e poucos amigos, fechada como a mais dura noz - mas que guarda uma semente dentro de si.

Acontece... que garotas difíceis me interessam. E essa garota transtornada não me sai da cabeça - da cabeça do coração que nem sei onde fica.

Ela sente uma tristeza que eu sei. Um vazio do tamanho de um universo. Não adianta os trouxas tentarem preenchê-lo. Assim, o infinito se perde e fica sufocado. Ela não quer isso.

Um infinito deseja encontrar outro infinito. Cada um na sua contemplando o ilimitado do outro.

à musa inspiradora Deliene

Cephas
Enviado por Cephas em 14/08/2010
Reeditado em 15/08/2010
Código do texto: T2438367
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