Lembrar que nós fomos educados em nossa maioria nos anos 70, em um período que muito se discutia a educação repressiva, que segundo estudiosos diziam que esta causava problemas nos jovens os quais viviam mais de proibições que de distrações, a liberdade era limitada, queriam uma liberdade total dos jovens, sem ter idéia quais seriam os resultados finais. A começar que muitos deles aos quatorze anos já estavam encaminhados a profissionalização, fosse ela de sapateiro, pedreiro, marceneiro, costureiras, crocheteira, arte culinária, cabeleireiras, bordadeiras etc. outras profissões como a mecânica, eletrônica, chaveiro. Estudavam pela manhã e a tarde estavam eles nas oficinas de acordo com o oficio do pai ou da mãe. Quase nenhum destes jovens chegou á marginalidade, não tinham muito tempo para ficar pelas ruas, jogando pelada ou gude, ou mesmo fazendo o que não deve.
Se havia marginais? Sim havia, porém podíamos contar a dedos. Hoje, em um bairro, certa parte é condenada, até inconscientemente generalizamos, devido á imensa massa de jovens na criminalidade. Não sou contra o progresso, mas, não aceito a forma como está indo a nossa geração de jovens, levadas pela mídia em enxurradas, pois a falta de educação começa de cima, se nossos políticos erram, dando maus exemplos, a televisão vendendo em seus programas a sexualidade prazerosa, roupas de marca, e outras coisas mais, incentivando cada vez mais a cobiça e nossos representantes políticos os quais recomendamos com os nossos votos, deixando brechas como estas, “se eles fazem e ficam impunes porque não posso fazer?
Os pais por sua vez não tiveram uma educação precisa, uma vez que, eles vieram de uma educação confusa, isto é, seus pais não tinham uma idéia e não sabiam como fazer, como vou educar se não posso educar mais como meus pais me educaram? Assim, os estudiosos da educação e da psicologia, jogaram filhos contra pais, pais contra professores, alunos contra professores e corpo administrativo da escola sem dar-lhes uma formula para atingir seus objetivos, ter filhos bons e inteligentes, estudiosos, trabalhadores, enfim, bem educados.
Hoje, temos o retrato da liberdade sem medo, compreendendo que os pais não estavam preparados para tal. O que podemos fazer para recuperar nossos jovens? Temos culpas disso, e muita, porque não procuramos entender antes de aplicar as teorias. Os pais simplesmente jogaram os filhos nas ruas, o governo com a Constituição, tira os jovens das poucas oficinas que restaram, não falo aqui dos pais que hoje exploram os filhos ou do trabalho escravo de hoje, mas de uma época que os pais colocavam seus filhos na escola , levavam e iam buscá-los, sabiam por onde andavam, e que os pais tinham direitos de dar uma palmada, e os professores podiam repreende-los, sem receio de ser atacado na esquina nem pelos pais, quanto mais por aluno.
Havia o respeito recíproco entre pais, professores, corpo administrativos da escola, e alunos. Bem verdade como não somos perfeitos ás vezes existiam falhas, porem elas não eram alimentadas, havia as interseções do departamento de Educação em relação ao comportamento de professores e corpo administrativo, e as intervenções dos pais em relações aos filhos a depender das implicações causadas.
Lecionei durante anos e apesar por pouco tempo cheguei a dirigir escola, jamais vi um professor em nossa epoca de 1956 a 1980 mais ou menos tocar nos alunos com agressividades, eles em sua maioria agia como se fossem pais. Eu sentia o prazer de ver meus alunos segurarem meus livros, me acompanharem até o caminho, e me encherem de pequenas lembranças, que até hoje guardo algumas que sobreviveram eles eram carinhosos comigo e eu com eles.
Se perguntar se havia alunos faltosos e indisciplinados, havia, naquela época aprendemos a lidar com eles, pois cada aluno era um aluno, e muitas vezes dávamos atendimentos individualizados, não porque fossemos psicólogos, mas para termos conversas com eles, e depois encaminhá-los ao orientador educacional, que chamavam os pais, e assim salvávamos a maior parte, as evasões também existiam mas da para perceber o diferencial para a época atual.
,É triste para nós que somos pais de uma época a qual chamam de ultrapassada ver nossos netos e bisnetos se acabando nas drogas, na marginalidade, por ter sido contra a educação dada por seus pais, e que não souberam administrar as mudanças em suas famílias.
A única atitude que podemos tomar agora é tentar rever nosso comportamento, como filhos de 1970 para cá, e tentarmos ir burilando aos poucos aqueles jovens que acreditamos ainda haver salvação. Sabemos que a repressão exagerada não serve, mas devemos entender que a corda precisa ser esticada, para recuperarmos a nossa autonomia, e devolvermos parte dessa autonomia a nossos professores e mestres para que possamos fazer algo benéfico para a nova geração humana, principalmente para nós Brasileiros.
Necessitamos nos reeducarmos, lermos muito, as revistas estão ai cheias de receitas orientando de todas as formas os pais e mestres, livros e mais livros de educadores e psicologos, programas de televisão direcionados para a educação e formação da personalidade dos guris. Não nos deixemos desanimar pelos caos, mas procuremos reverter, aquilo que nós plantamos, pelo menos arrancando as ervas daninha com paciencia que estão invadindo o nosso território.
Se cada um de nós tomarmos conta de nosso território com amor e carinho, colheremos bons frutos, e nos glorificaremos porque fizemos a nossa parte.