Eduardo Portella

Eduardo Mattos Portella, crítico literário, professor, ensaísta e conferencista, nasceu em Salvador, BA, em 8 de outubro de 1932. Eleito em 19 de março de 1981 para a Cadeira n. 27, na sucessão de Otávio de Faria, foi recebido em 18 de agosto de 1981, pelo acadêmico Afrânio Coutinho.

Filho de Enrique Portella, espanhol e comerciante, e de Maria Diva Mattos Portella, brasileira e professora, fez primeiros estudos em Feira de Santana e os secundários no Recife, onde diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito, em 1955. No primeiro ano do curso superior iniciou a crítica literária, com um rodapé no Jornal Universitário, colaboração única mas que positivou o início de uma vocação.

Começou sua colaboração regular de crítico no Diário de Pernambuco, pela mão de Mauro Mota. Entrou no convívio de Gilberto Freyre, Aníbal Fernandes, Lucilo Varejão, Moacyr de Albuquerque. Fez parte do grupo de jovens intelectuais que fundou o Editorial Sagitário.

Durante e após o curso de Direito, viajou pela Europa. Em Madri, fez curso de jornalismo e, na Faculdade de Letras, estudou Estilística e Crítica Literária com Dámaso Alonso e Carlos Bousoño, além de cursos complementares de teatro, pintura, romance e, sobretudo, Filosofia, com Xavier Zubiri e Julián Marías. Foi assistente da cadeira de Estudos Brasileiros na Faculdade de Filosofia. Recebeu diploma de Estudo de Problemas Contemporâneos pela Universidade Internacional Menéndez Pelayo, em Santander. Ainda em Madri, estreou em livro, em 1953, com Aspectos de la poesía brasileña contemporánea, trabalho em que ampliou a tese apresentada às I Jornadas de Lengua y Literatura Hispanoamericanas, de Salamanca.

Na França, em Paris, freqüentou as aulas de Bataillon, no Collège de France, e aulas na Sorbonne. Na Itália, em Roma, assistiu a aulas de Giuseppe Ungaretti, sobre Literatura Italiana, na Faculdade de Letras.

Em 1956, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Foi nomeado Técnico de Educação, do Ministério da Educação e Cultura, sendo logo depois convidado a servir no Gabinete Civil da Presidência da República. Foi chefe de Gabinete da Secretaria de Educação da antiga Guanabara; regente de Cultura Brasileira da Faculdade Nacional de Filosofia; pesquisador do CNPq; professor titular por concurso de Teoria Literária da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1976); diretor da Faculdade de Letras da UFRJ (1978); implantador e coordenador dos cursos de pós-graduação da Faculdade de Letras da UFRJ. De 1979 a 1980, foi ministro da Educação e Cultura no Governo de João Figueiredo. Integra o Conselho de Pesquisa e Ensino para Graduados da UFRJ e o Conselho Estadual de Cultura. Como conferencista, participa de encontros e seminários sobre cultura e literatura brasileira realizados no Brasil e no exterior.

Apesar de sua ação permanente nos campos da educação, ciência e cultura, Eduardo Portella considera-se apenas crítico literário. A sua atividade se tem confirmado e ampliado através de colaboração regular em jornais e revistas, nacionais e estrangeiras. Colaborou no Correio da Manhã, no Jornal de Letras e no Jornal do Commercio.

O crítico Eduardo Portella se impôs desde o início como uma autêntica expressão intelectual, através da reflexão não exclusivamente da literatura, mas também dos problemas brasileiros em geral. Seus estudos chamaram a atenção, não só no jornal, senão também quando reunidos em livro. Dele disse Alceu Amoroso Lima que "é a primeira figura da crítica literária neomodernista".

Recebeu o Prêmio Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e Som; Prêmio Crítica Literária da Academia Brasileira de Letras (1959); Prêmio Renovação Prefeitura do Rio de Janeiro (1959); Prêmio Fernando Chinaglia da UBE (1971); Medalha Massangana da Fundação Joaquim Nabuco (1984): Prêmio de Ensaio para Conjunto de Obra, do Pen Clube do Brasil (1987).

Obras:

Aspectos de la poesía brasileña contemporánea (1953); Dimensões I (1958);

Dimensões II (1959);

Dimensões III (1965);

José de Anchieta, antologia crítica (1959);

África, colonos e cúmplices, ensaio (1961);

Nota prévia a Cruz e Sousa, crítica (1961);

Literatura e realidade nacional, ensaio (1963);

Política externa e povo livre, ensaio (1963);

Teoria da comunicação literária, ensaio (1970);

Crítica literária: método e ideologia, tese (1970); Fundamento da investigação literária, crítica (1974); Teoria literária, crítica, em equipe (1975);

O paradoxo romântico, crítica (1976);

Vanguarda e cultura de massa, ensaio (1978);

A letra viva da Universidade, ensaio (1980);

Retrato falado da educação brasileira, educação (1978); Democracia transitiva, ensaio (1983);

O intelectual e o poder, ensaio (1983);

Brasil à vista, ensaio (1985).

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Milton Nunes Fillho
Enviado por Milton Nunes Fillho em 11/09/2006
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