Da relatividade das coisas
Dizem que por trás de todo grande homem tem sempre uma grande mulher. Acho uma generalização muito específica e de certa forma muito feminista para meu gosto. Pois verdadeiras devem ser outras afirmativas que nunca vi ninguém fazer, mas eu faço: por trás de toda grande mulher tem sempre um grande homem ou por trás de todo fracassado tem sempre outro fracassado. Penso isso sim, sem definição de sexo, como nenhum ser humano é uma ilha, que junto a qualquer pessoa tem sempre outra que a influencia e a ajuda a crescer ou a se diminuir.
Eu me vi pensando nisso ao ler a biografia de Mileva Maric, primeira mulher de Albert Einstein.
Não posso garantir que todo mundo sabe, mas sei que um número incontável de pessoas sabe: Albert Einstein é o responsável pela Teoria da Relatividade, embora eu também saiba que nem todos desconfiem ou sequer compreendam que teoria é essa.
Mileva Maric Einstein era cientista, nascida na Sérvia em 1875. Sua família era rica. Quatro anos mais velha que Albert nasceu ainda com um defeito: uma luxação na perna a tornou manca para sempre. Observando o crescimento de cada um deles, ninguém teria dúvidas: ela seria uma vencedora, ele um fracassado. Disléxico, pensavam até que fosse abobado, apesar de que em algumas áreas do pensamento ele se mostrasse muito inteligente, genial até. Mas, enquanto ela sempre brilhou na Escola, a mediocridade marcou a vida escolar dele, até a Universidade.
Albert Einstein tentou entrar no Instituto Politécnico de Zurich um dos mais prestigiados do mundo e foi recusado. Persistiu e no ano seguinte foi aceito. Quis o destino que nesse mesmo ano Mileva fosse a única mulher a ingressar no Curso de Matemática desse Instituto e foi aí que deu no que deu: colegas, se tornaram amigos. A amizade logo se tornou amor e Albert, com fama de preguiçoso e Mileva, com fama de boa aluna, se tornaram inseparáveis. E logo, logo, tiveram uma filha, provavelmente dada em adoção e da qual pouco se sabe, só se sabe que existiu. Eles chegaram a se casar, apesar da oposição da família dele. Tiveram mais dois filhos e Mileva acabou abandonando a ciência para cuidar deles, um dos quais psicótico. Como acabou essa linda história de amor? Em divórcio, com Einstein se casando de novo e com o nome de Mileva sepultado no esquecimento. Ou quase. Histórias de amor são lindas enquanto duram, mas de uma forma ou de outra, sempre acabam.
Mas aqui é que vem o xis da história. Muitos pesquisadores e cientistas hoje acreditam que a Teoria da Relatividade não teria vindo à luz através de Einstein se não fosse por Mileva. Muitos dados foram extraídos das 53 cartas trocadas pelo casal e deixadas por Einstein, onde ele tratava o estudo sobre a relatividade como “nosso”. Além disso, a primeira versão da Teoria tinha o nome de Mileva como co-autora, nome que desapareceu completamente das outras versões. Além de que consta que ele era bem fraco em cálculo e um gênio para conceber abstrações complexas. O que a mim parece claro é que ela realmente o ajudou muito e não se importou em aparecer. Teria desistido por amor ou por insegurança? Mas, deu-lhe um golpe fatal – na hora do divórcio fez incluir uma cláusula – se ele ganhasse o Prêmio Nobel o dinheiro seria todo dela. Pois ele ganhou, em 1921 e ela ficou muito rica.
Mas a questão que fez com que eu escrevesse esse texto não é exatamente essa e sim, o que leva uma pessoa talentosa a viver a sombra de outra e ao mesmo tempo facilitando as coisas para que essa outra brilhe? Por que o dito popular de que: atrás de todo grande homem sempre existe uma grande Mulher? Isso significaria que as mulheres são mais dispostas a viverem na sombra do que os homens? É uma questão séria e que merecia um pouco mais de pesquisa para que sua veracidade pudesse ser comprovada. Compreendo que durante algum tempo essa foi uma questão sócio-cultural já que a mulher era considerada uma cidadã de segunda classe. Embora isso continue a acontecer em algumas partes do mundo, onde nem cidadã ela é, por aqui, nesse mundo ocidental, não acredito que nenhuma mulher realmente talentosa e capaz precise fazer isso para conquistar o seu lugar no mundo: se anular. Ou estarei completamente enganada e medindo o mundo pela minha medida?
Dizem que por trás de todo grande homem tem sempre uma grande mulher. Acho uma generalização muito específica e de certa forma muito feminista para meu gosto. Pois verdadeiras devem ser outras afirmativas que nunca vi ninguém fazer, mas eu faço: por trás de toda grande mulher tem sempre um grande homem ou por trás de todo fracassado tem sempre outro fracassado. Penso isso sim, sem definição de sexo, como nenhum ser humano é uma ilha, que junto a qualquer pessoa tem sempre outra que a influencia e a ajuda a crescer ou a se diminuir.
Eu me vi pensando nisso ao ler a biografia de Mileva Maric, primeira mulher de Albert Einstein.
Não posso garantir que todo mundo sabe, mas sei que um número incontável de pessoas sabe: Albert Einstein é o responsável pela Teoria da Relatividade, embora eu também saiba que nem todos desconfiem ou sequer compreendam que teoria é essa.
Mileva Maric Einstein era cientista, nascida na Sérvia em 1875. Sua família era rica. Quatro anos mais velha que Albert nasceu ainda com um defeito: uma luxação na perna a tornou manca para sempre. Observando o crescimento de cada um deles, ninguém teria dúvidas: ela seria uma vencedora, ele um fracassado. Disléxico, pensavam até que fosse abobado, apesar de que em algumas áreas do pensamento ele se mostrasse muito inteligente, genial até. Mas, enquanto ela sempre brilhou na Escola, a mediocridade marcou a vida escolar dele, até a Universidade.
Albert Einstein tentou entrar no Instituto Politécnico de Zurich um dos mais prestigiados do mundo e foi recusado. Persistiu e no ano seguinte foi aceito. Quis o destino que nesse mesmo ano Mileva fosse a única mulher a ingressar no Curso de Matemática desse Instituto e foi aí que deu no que deu: colegas, se tornaram amigos. A amizade logo se tornou amor e Albert, com fama de preguiçoso e Mileva, com fama de boa aluna, se tornaram inseparáveis. E logo, logo, tiveram uma filha, provavelmente dada em adoção e da qual pouco se sabe, só se sabe que existiu. Eles chegaram a se casar, apesar da oposição da família dele. Tiveram mais dois filhos e Mileva acabou abandonando a ciência para cuidar deles, um dos quais psicótico. Como acabou essa linda história de amor? Em divórcio, com Einstein se casando de novo e com o nome de Mileva sepultado no esquecimento. Ou quase. Histórias de amor são lindas enquanto duram, mas de uma forma ou de outra, sempre acabam.
Mas aqui é que vem o xis da história. Muitos pesquisadores e cientistas hoje acreditam que a Teoria da Relatividade não teria vindo à luz através de Einstein se não fosse por Mileva. Muitos dados foram extraídos das 53 cartas trocadas pelo casal e deixadas por Einstein, onde ele tratava o estudo sobre a relatividade como “nosso”. Além disso, a primeira versão da Teoria tinha o nome de Mileva como co-autora, nome que desapareceu completamente das outras versões. Além de que consta que ele era bem fraco em cálculo e um gênio para conceber abstrações complexas. O que a mim parece claro é que ela realmente o ajudou muito e não se importou em aparecer. Teria desistido por amor ou por insegurança? Mas, deu-lhe um golpe fatal – na hora do divórcio fez incluir uma cláusula – se ele ganhasse o Prêmio Nobel o dinheiro seria todo dela. Pois ele ganhou, em 1921 e ela ficou muito rica.
Mas a questão que fez com que eu escrevesse esse texto não é exatamente essa e sim, o que leva uma pessoa talentosa a viver a sombra de outra e ao mesmo tempo facilitando as coisas para que essa outra brilhe? Por que o dito popular de que: atrás de todo grande homem sempre existe uma grande Mulher? Isso significaria que as mulheres são mais dispostas a viverem na sombra do que os homens? É uma questão séria e que merecia um pouco mais de pesquisa para que sua veracidade pudesse ser comprovada. Compreendo que durante algum tempo essa foi uma questão sócio-cultural já que a mulher era considerada uma cidadã de segunda classe. Embora isso continue a acontecer em algumas partes do mundo, onde nem cidadã ela é, por aqui, nesse mundo ocidental, não acredito que nenhuma mulher realmente talentosa e capaz precise fazer isso para conquistar o seu lugar no mundo: se anular. Ou estarei completamente enganada e medindo o mundo pela minha medida?