Travessia

Vómito, fél e mágoa.

Queria me livrar deste que escreve;

enquanto a dor e o silêncio

ocupam o chão da sala;

amigos mortos,

que não sofrem mais,

assistem a tudo.

Lembro dum tempo

em que sorria;

mas a vida, megera seca, levou.

Os dias se arrastam

de olhos vendados;

roleta russa;

precipícios desenhados,

no meio dum arco-íris de lutor;

monstros que só vivem de noite.

Novamente,

a casa dos sonhos destruída;

minha foto maltrapilha e feia,

e desta vez,

sou eu mesmo,

que não vejo o meu rosto.

Todas as noites,

um deserto para atravesssar sozinho;

nem um rosto conhecido.

O que me tornei?

-Nem eu sei dizer!

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 10/05/2010
Reeditado em 17/05/2010
Código do texto: T2248092
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