Travessia
Vómito, fél e mágoa.
Queria me livrar deste que escreve;
enquanto a dor e o silêncio
ocupam o chão da sala;
amigos mortos,
que não sofrem mais,
assistem a tudo.
Lembro dum tempo
em que sorria;
mas a vida, megera seca, levou.
Os dias se arrastam
de olhos vendados;
roleta russa;
precipícios desenhados,
no meio dum arco-íris de lutor;
monstros que só vivem de noite.
Novamente,
a casa dos sonhos destruída;
minha foto maltrapilha e feia,
e desta vez,
sou eu mesmo,
que não vejo o meu rosto.
Todas as noites,
um deserto para atravesssar sozinho;
nem um rosto conhecido.
O que me tornei?
-Nem eu sei dizer!