O MENINO MULATINHO
Tinha tudo para não ser nada na vida. Tudo contribuía contra ele: era pobre, morava num morro, numa casinha humilde, filho de uma lavadeira e de um pintor de paredes.
Nasceu no dia 21 de junho de 1839, e sua chegada trouxera alegria para o casal, mas ainda pequenino perdeu sua mãe querida. Seu pai contraiu núpcias novamente, mas pouco tempo depois, o menino mulatinho sofre outra perda: seu pai veio a falecer.
Sua madrasta, mulher lutadora, não cruzou os braços, nem optou por esmolar; passou a ganhar a vida fazendo doces e balas. Guloseimas que sabia fazer com capricho. Como ajudante tinha o menino mulatinho que saía entregando as encomendas e vendendo doces pelas ruas.
Magro, tímido e gago. Carga pesada para quem já tinha levado uma grande surra da vida, porém ele tinha uma lista a seu favor:
• Era inteligente
• Era curioso
• Tinha vontade de aprender
• Aproveitava as oportunidades
• Não era preguiçoso
• Amava os livros
• Mantinha amizade com quem tinha algo importante para ensinar.
Quando entregava uma encomenda, percebeu que a dona da confeitaria dominava o francês e conseguiu que essa senhora lhe ensinasse aquele idioma tão belo. Com um padre, ele aprendeu a ler e a escrever em latim. E, a partir daí, uma nova história passa a ser escrita na vida do menino mulatinho. Ele teve acesso a um maior conteúdo literário, devorava todo livro que chegava às suas mãos. Através dessas leituras, tornou conhecimento dos grandes mestres da Europa, aperfeiçoou sua capacidade crítica, tornando-se mais tarde no maior escritor da literatura brasileira: MACHADO DE ASSIS.