Um estranho
O desenho vazio da tarde;
amigos que eu nunca mais vi;
o silêncio entediante
(ainda ouço vozes por todos os lugares)
o tempo mudo,
pintado em preto e branco;
noites que não clareiam,
esses desertos meus;
dias escuros.
Do outro lado,
o espelho da sala envelhecida;
rostos mortos,
que só eu posso ver;
e a vida,
que segue vazia pelas ruas;
sem destino,
aprisionada ainda,
em solidão.
A sorte é o que inspira a vida;
a traição,
ri pr'os amores sem graça.
E esse choro preso
com cadeados abertos,
água com sal que rola dos olhos,
pela noite, pela manhã.
Em minhas falsas promessas,
juro não ser mais de ninguém.
A tinta preta da caneta
escreve tristeza pelos sonhos;
nestes versos sem nome.
Há tantas noites
em que não durmo!
Há tanto tempo,
em que convivo
com esse estranho!