Aí tem bruxaria!...
Eu passei por tantas estranhas situações na vida que se fizer uma compilação destes episódios terei material literático para editar um "best-seller",neste tema ,biografias,vou postar uma série de coisas que fui vivendo ao longo de minha atribulada vida,este episódio tem uma forte componente humoristica mas na altura não achei muita graça. Pois bem! na altura,trabalhava como assistente veterinário e era chamado para as mais caricatas situações,algumas perigosas outras interessantes no ponto de vista clínico e ainda outras dramáticas.O sr.Joaquim,conhecido por "bruxo"por praticar umas resas a quem o solicitava para tal,eu pessoalmente tenho o meu prisma de abordagem nesta temática,ganhava bem a vida pois nada cobrava dos préstimos que ia fazendo a quem o visitava,e devo dizer que muita gente se deslocava de bem longe para tal,ele sempre dizia para deixarem a gratificação que quisessem,as pessoas cuidando que as resas dependendo do valor assim teriam efeito, lá abriam os cordões á bolsa e o sr. Joaquim tinha uma vidinha digna de se tirar o chapéu. Bem,vamos ao que me levou a fazer esta narrativa,o sr.Joaquim tinha umas éguas e uns cavalos na sua cavalariça,que mais parecia uma pocilga, por não ter gosto em manter o espaço com a dignidade que os animais mereciam. Uma das éguas pariu(é esse o termo)um potro com os artelhos defeituosos,me chamou para lhe dar uma solução para o animal,informei-o que nada se podia fazer,era um problema de malformação,e para um cavalo as patas dianteiras com algum problema limitam toda a sua actividade, assim o meu conselho foi que o bichinho teria de ser abatido.Combinamos para o dia seguinte á noite,pois eu não estaria na zona e só regressaria ao entardecer,ele me disse que ia abrir um buraco no quintal trazeiro á sua casa. No dia seguinte coloquei um frasco de estricnina na minha sacola de trabalho quando saíra da farmácia,quando regressei a casa a minha esposa pediu para visitar o pai,que morava, por sinal, perto do sr. Joaquim,em casa do meu sogro a conversa sempre era um dever sagrado e lá passou o tempo e nunca mais me lembrara do potro do sr. Joaquim.Eram já 23 horas quando me lembrei do compromisso,achando que era bastante tarde,fui justificar-me do esquecimento;O sr.disse que a cova estava aberta e poderíamos terminar o sofrimento do bicho,eu alertei do perigo do que íamos fazer,mandei segurar o potro no chão para lhe ministrar uma dose intrapulmonar que lhe provaria o colapso cárdio-respiratório sem qualquer dôr.Ali estavamos no chão de joelhos em cima do bicho,o sr. Joaquim segurava na cabeça e patas dianteiras eu joelhei nas patas trazeiras para libertar as mãos para aplicar a injeção letal,alertando para a perigosidade da situação,um solavanco ou desiquilibrio poderia ser fatal para qualquer de nós. Ora lá estávamos nós,imaginem o filme,eram cerca de 23,30h nas traseiras da casa do bruxo,um moço que morava mais para baixo para encurtar caminho, sempre passava num carreiro circundante ao quintal do sr.Joaquim,ao passar perto de nós ele ouve o relinchar de um cavalo,não vê animal algum apenas dois vultos de joelhos ao pé da dita casa.Ele disparou a correr, não sei se conseguiu parar ao chegar a casa. Nos dias imediatos eram só burburinhos entre as pessoas da aldeia,"o pedro tinha passado á meia noite atráz da casa do bruxo,ouvira um cavalo mas só vira duas pessoas de joelhos era coisa do diabo".Não fora eu desvendar o mistério e ainda hoje deambulavam por aquelas bandas os fantasmas da meia noite.PS: Pedro,assim se chama o moço que apanhou o brutal susto, ainda hoje gagueija a falar, o sr.Joaquim faleceu á já alguns anos,descanse em paz e ainda hoje as pessoas gracejam sobre a situação.