Minha história de vida

Rio,13/04/10

Então, continuou minha vida cercada de idas e vindas de sofrimento. Como havia dito antes, morávamos em Copacabana. Rua Coelho Cintra 403 b. Meu pai bebia muito. Às vezes, brincávamos na rua e meu pai com suas crises chamava os meus colegas que tanto debochavam de min, para entrarem, e rezarem diante da imagem de Cristo pregada na parede. Depois disso, uma hora escutávamos Julio Louzada.

Dia seguinte, passamos o inferno no meio da rua de tantos deboches com a nossa cara. Meu pai era tão fervoroso na idéia religiosa que inventou, que um dia nos acordou ás cinco da manhã e nos levou para conhecer o Rio de Janeiro. Passeamos pela Lapa, andamos de bondinho, depois fomos no pâo de açúcar e acabamos parando no Aterro do Flamengo; Monumento dos Pracinhas. Começava fazer ignorância e nos envergonhar gritando com minha mãe e de repente dizia:

_ Junto!

Como se fossemos soldados do quartel. Quando aproximou seis horas da tarde, estavamos no ônibus 484. nossa senhora! Meu pai cismou que o motorista tinha que acelerar porque ás seis da tarde era hora da reza. O motorista não podia parar no meio do viaduto. Meu pai pegou o revólver e atirou colocando todos os passageiros desesperados. E descemos no meio do viaduto tomou um táxi e estavamos em casa. Ele era bastante imprevisível. Meu´pai acordava minha mãe as quatro da manhã para que ela trabalhasse com os santos a fim de resolver os problemas pessoais da família horrorosa que tínhamos. Meu avõ era do tipo que sentava na cabeceira e todos a sua volta o pageando. Vivia entrevado numa cadeira de rodas, porque duvidava dos santos, não podia ver um padê arriado na rua que saia chutando e quebrando tudo. Um dia, o alguidar que ele quebrou saiu uma farpa e essa farpa se entranhou na canela dele. Abriu uma ferida que virou elisipela e depois, não podia mais andar. Isso tamb´´em, porque poucos sabiam que ele jogava o prato de comida em cima de minha avó. Sustentava uma mulher e minha avó revoltada macumbou ele com um feiticeiro da época.

Nunca mais serviu para nada na vida. E minha mãe sofria com esses trabalhos seguidas vezes. Era mulher de militar e não tinha direito de nada. Me lembro que um dia deu uma confusão tão grande. Meu primo mais velho havia se metido em furada. Foi pego vendendo droga na porta do colégio e acabou em cana. Os guias da umbanda foram lá ajudá-lo pois sofria muito dentro do presídio e estava a ponto de matar um preso que o tentou. Minha tia irmã do meu pai discutiu com meu pai e juro acredite se quiser. Não sei até hoje como aconteceu. Minha mãe estava incorporada, de repente vi o fogo subir no corpo de minha mãe e a capa do exú encobrí-la e pensei. " Minha mãe morreu. Qual não foi minha surpresa que dia seguinte minha mãe estava boazinha. À única coisa que a fez sofre foi umas coceiras na perna que o preto velho passou um creme á base de dendê. Foi no médico do HCE e o médico mandou que continuasse o tratamento.

OBS: Estou contando isso porque todos esses tormentos que vivi afetaram demais minhas funções neurológicas. Hoje, vivo á base de amitril porque qualquer barulho me atordoa. Tenho que fazer um tratamento psiqiatrico, mas minha vida continua tumultuada.

Houve momentos na minha vida que pensei em me matar. Volte e meia, a polícia batia lá em casa porque meu pai saia na porrada com minha mãe. Nos metíamos é claro. E ele muito altivo dizia:

_ Só quem pode me prender é a PE. ( Polícia do exército).

Era ditadura militar. E todos eles se vangloriavam disso. Quando apareceu na televisão os políticos reunidos para pedir o voto aberto e Diretas já eu sofri muito quando nosso pedido foi vetado a primeira vez. Sentimos na pele o regime de opressão... ( Continuará depois)

Dayanne

Dyanne
Enviado por Dyanne em 13/04/2010
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