A RUA CARAMURÚ - CAP. I - JESUS E A PROFESSORA

LIVRO A RUA CARAMURU

CAPITULO I – Jesus e a professora

A Sala de aula estava lotada, não que não era para estar, pois nunca ou quase nunca havia ausência de alunos a não ser por um motivo muito forte, como morte em família e doenças que impossibilitasse o deslocamento dos alunos. Quero dizer não eram todas as doenças, já fui estudar com febre, resfriado, dor de dente etc. conforme minha família não eram motivos para não ir à escola. Entro a professora Terezinha e toda sala a recebeu de pé, aliás como eram recebidas todas pessoas adultas ou estranhas em visita a sala de aula, eu ainda estava encantado com os versos do novo hino que aprendemos no pátio da Escola, falava sobre liberdade, e eu sentia mais que sabia o que significava aqueles versos. D. Terezinha era Desquitada, e era alvo de falatórios na escola toda, havia até um que comentava que seria o ultimo ano dela na Escola e que a Diretora D. Laura, ia dispensá-la por ciúmes do maridão. Os alunos nem entendiam direito esse negócio de traição e mulher separada, quem promovia estes tipos de comentários (fofoca) eram os funcionários mesmo na nossa presença. Sei que o esposo dela tinha viajado ano passado e que ainda não retornara. Sei que este ano a querida professora aparecera mais magra, menos viçosa e muito mais triste, e ela era linda, morena, rosto oval de anjo, cabelos pretos lisos como de índia que vi numa foto de História do Brasil, ainda fazia uma franja teimosa em sua testa. Era uma boneca pequenina e só agora me dei conta, porque para mim, todo adulto era simplesmente grande. Mas o que nos ensinou!!!! Pois era da época que a professora era “Clínica geral”, História, geografia, Aritmética, Português, matemática, geometria, moral e cívica. E ainda introduziu a leitura, começando pelos... Gibis!!!, Foi com ela que primeiro li um livro inteiro e me viciei: A Cabana do Pai Tomaz, me incentivou a desenhar já que para ela eu era uma promessa, e desenhei um gibi inteiro com um novo personagem criado por mim, “O vingador”, mas não me interessei muito, gostava mesmo era de fazer caricaturas dos companheiros, exagerando as feições e os modos de andar, sentar, etc. Daquela morena pequena ativa, triste, empenhada em desempenhar as funções de professora com esmero e carinho, amando cada aluno como se filho seu, fosse, Foi o início do cara que agora te escreve. Neste ano tirei em primeiro lugar na escola, estava sendo muito incentivado, e na festa escolar ganhei um relógio Lanco, meu irmão ficou em segundo lugar. Toda minha personalidade se moldou em casa com a severidade e carinho de minha mãe (também desquitada) com uma generosa contribuição da professora Terezinha, se ela foi Puta, porque separada, se ela depois de expulsa da escola por ser desquitada foi parar na zona de baixo meretrício, foi bem provável conforme comentários, mas nunca me importei com isso, eu a amo tanto agora como amava antes. E foram seus ensinamentos que levei para vida e levo para a morte.

Quando hoje no noticiário da Rede Record numa explosão de sensacionalismo cuja causa conhecemos muito bem, se nos foi apresentado um documentário mostrando as Igrejas vazias em plena época de Semana Santa e Páscoa, no município de Arapiraca-Al., Tendo como motivação a fuga dos praticantes católicos por causa do escândalo de pedofilia acontecido com dois Monsenhores e um padre (a princípio)Fiquei triste; e meditei de como a palavra de Cristo vale muito menos que as fofocas e o comportamento do vizinho, do mestre. Não estou aqui defendendo os monstros que praticam pedofilia, mesmo porque já escrevi sobre isso, e lá apontei inclusive uma das causas que acho que faz do Catolicismo romano uma praga de pedofilia e homossexualismo, e repito as palavras de Cristo: Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra. Certo havemos e temos a obrigação de combater este tipo de comportamento anormal, urge em atender psicologicamente as vítimas e seus familiares e castigar pela lei dos homens os responsáveis e culpados. Mas seguindo meu raciocínio: Nenhum mestre pediu para ser divinizado.

Jesus não solicitou para ser divinizado, seu exemplos desde seu nascimento ou pelo menos a história do cristianismo está recheada de atitudes simples, humildade e bondade, nem Maomé, nem Buda, nem mesmo o criador do protestantismo. Não creio que nenhum destes simples e humildes servos do Senhor, juntando a isso o próprio filho de Deus, tivesse a intenção de ser seguido por multidões que simplesmente divinizam, idolatram, e os seguem surdos as suas palavras. Erguer templos, capelas, ou um monumento qualquer para que ali os “fies” deitem cânticos e orações de admiração e fé cega, através de ritos, liturgias e tradições humanas derivadas das tribalização primária da humanidade, mostra só que se idolatra um ídolo, não suas lições, não seus mandamentos, palavras e gestos.

Estamos cansados de saber que muitos vão para igreja só para fofocar a vida dos vizinhos, para paquerar e etc. coisas mudanas, é só um lugar de encontro comunitário, os mais fervorosos buscam em sacrifícios de variadas intensidades, negociarem um lugarzinho perto do seu ídolo num suposto céu de preguiça e tranquilidade.

Certamente que se os humanos aprendesse com os mestres o que realmente tem importância para a humanidade, esquecendo a árvore genealógica, imitar suas vidas, fofocar sobre seu passado, inventar trechos, passagens e às vezes uma existência inteira de um ídolo, romancear o “desquite e a degradação” de um anti-ídolo. Poderia agora sermos e termos uma humanidade mais humana, mais ciente de sua responsabilidade nesta vida neste planeta.

Em plena comemoração de uma destas partes que falei uma história passada de boca em boca, (A PÀSCOA e A VIA CRUCIS DE CRISTO) de escriba em escriba para um livro milhões de vezes copiado, por um milhão de mãos de diversas culturas, épocas, etc. que chamamos de Novo testamento, e que gerou pela fé catequizada, uma igreja tão forte que se apossou da universalidade de sua crença, matando e infernizando quem não compactuava desta fé, fazendo guerras santas e muitas vezes olhares distantes para o infortúnio dos homens a quem devia amar, como 6 milhões de judeus nos crematórios alemães, Inquirindo, matando, queimando, torturando em nome do Deus de amor, como na Santa Inquisição. Isto não é pedra, ou arqueiro no olho de uma só instituição religiosa, todas elas tem esta tendência exclusivista da Fé num Deus criado a Imagem daquela Instituição, até um Jesus Smit americano para os americanos. A Potência mostrando estar sobre um alicerce de barro e areia das emoções mais mesquinhas da humanidade e não sob o alicerce de Pedro (pedra), começa e ver esvair seus seguidores diante de sua prepotência em não se atualizar como nos casos de proibições absurdas, como na demência de seu Clero que se mostra mais nefasto e corrupto, não financeiramente, mas, corrupção da alma, deterioração da alma, esta a quem seus fies pensam que estão colocando nas suas (deles) mãos para se Salvar. SALVAR DE QUE???????

Ao mestre com carinho, Jesus a quem devíamos seguir e tentar compreender e incorporar dentro de nossas almas a grande lição AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, A DEUS, AOS SEUS INIMIGOS. Deus é Pai, e é pai desta humanidade também, consequentemente do que esta humanidade é formada? Ah ah ah ah ah imbecis que se alegram com a miséria dos outros, o outro é você.

Se ao invés de tronos, bancos

Se ao Invés de templos, montes,

Se ao Invés de adoração, conscientização do ensinamento.

Se ao invés de arrogância de querer sermos os únicos, a sensação que somos menos que formigas, a humildade de reconhecer que estas formiguinhas insignificantes são luzes entre trilhares de luzes no universo e que compõem as partículas de Deus. Que mais que isso é prepotência da ignorância e da surdez material e mental, e menoridade espiritual.

No Monte um homem solitário de túnica de algodão, chinelo aos pés, sem altares, nos ensina.

Dona Terezinha fez assim. Um pequeno exemplo de alma que já sabia.

Olhemos a lição.