A Depressão e eu

Segundo John Stuart Mill, um estado onde a pessoa se torna "insensível a toda alegria, assim como a toda sensação agradável, num desses mal-estares em que tudo o que em outras ocasiões proporciona prazer se torna insípido e indiferente"; segundo a Wikipédia e vários outros sites, "um estado mórbido em que a mente ou o humor se encontra abaixo do nível ótimo do indivíduo".

Depressão é uma coisa que você aprende a lidar. Começa de repente, toma conta de alguns aspectos de seu cotidiano e pode te controlar, se for permitido. Não é algo que se possa curar com apenas vontade própria, por uma pessoa normal; precisa-se estar bem calmo, constantemente, para que tal estado não tenha influência em sua vida. Na rotina corrida do mundo moderno, é algo praticamente impossível.

Pode ser também algo que te proporciona adrenalina constante, afinal, não é tão fácil assim prever quando a depressão começa a te deixar louco. E louco, aliás, por motivos infinitos: solidão, amargura, tédio, estresse.

A loucura, segundo a medicina, em pacientes depressivos, pode levar a um diagnóstico de Esquizofrenia. A denominação muda, mas o sentimento é o mesmo. Você levanta, anda, sua, senta, anda, procura algo para encher sua cabeça, dá voltas em círculos, grita, procura algo para encher a cabeça novamente, senta e pensa em dar um fim àquilo tudo. Isto é, se você ainda estiver são.

Cinco gotas de Rivotril com água, e a loucura vai por água abaixo em minutos.

Não é tão difícil assim conviver com a depressão. Você sabe que não é tão normal, já que há aquela doença que insiste em te levar para baixo e, na maioria dos casos, insiste em ficar ali para sempre. Quando olha no espelho, porém, não há nada diferente. Só há algo terrivelmente errado por dentro.

Confesso que, apesar de tudo, a depressão pode ser um incentivo. Não há acomodação e muito menos fácil aceitação. Alguma coisa já está bastante anormal, e não é possível aceitar que piore. Com tratamento, ou sem tratamento, há um cuidado para manter o equilíbrio.

Lembrar de como eram as coisas quando não era depressivo é muito difícil. Os pensamentos se embaralham e insistem em transmitir apenas os sentimentos: a ansiedade de uma escola nova, o desapontamento após a traição de um amigo, o coração disparado do primeiro beijo...

Será isso realmente relevante?

Sinto que talvez não. Pode ser apenas coisa minha, mas a depressão me ajudou a entender o mundo como entendo. E o que eu entendo é que, de certa maneira, tudo é igualmente deprimente.

Rafael Leon
Enviado por Rafael Leon em 27/03/2010
Código do texto: T2162776
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