“Talhado para as grandezas
prá crescer,criar,subir...”
Estes versos de um antigo poeta serviria a calhar para o Maestro Antonio Carlos Gomes,mas,infelizmente não foi assim tão verdadeiro.
O menino Tonico,conhecido em toda Campinas como Nhô Tonico,oscilou entre a fama e a tragédia,os aplausos e as vaias,o amor e o ódio,a abastança e a pobreza.
_Sou o mais caipora dos caipiras,ele,dizia de si,entre bem humorado e resignado.
O menino Tonico vinha de uma família musical;seu pai era Maneco Músico e sua mãe,dona de casa.
Marcada pela tragédia,sua vida ainda em começo,enfrentou o nunca esclarecido assassinato da mãe.
Nos primeiros anos,a pobreza era sua companheira e o comer e beber,a luta diária.Maneco,seu pai era um cantador sem eira nem beira, com onze bocas para sustentar.
Criou uma banda,onde tocavam alguns dos filhos,inclusive o futuro maestro.
Aos 15 anos,Tonico compunha valsas,polcas,quadrilhas e aos 18 compôs sua primeira missa “São Sebastião”,dedicada ao pai.Mas,para ganhar o sustento,trabalhava como alfaiate,cortando e talhando calças e paletós.
Seu irmão,José Pedro Santana Gomes ,o Juca,foi seu grande incentivador;
Campinas estava ficando pequena para tanto talento e o Tonico foi para São Paulo.
Lá,entre outras músicas compôs o Hino Acadêmico até hoje o hino oficial da Faculdade de Direito paulista.
Seu destino estava traçado;foi mandado para a Europa às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional;esteve em Paris,mas,os estudos mesmo foram feitos em Milão,por influencia da Imperatriz Teresa Cristina,ela mesmo,napolitana.
Os imperadores admiravam e respeitavam Carlos Gomes;a seu pedido ,D. Pedro nomeou o velho Maneco mestre da Capela Imperial.
Em Milão,compôs “O Guarani” e foi o primeiro brasileiro a tocar no Teatro Allá Scala e,ouvir de Verdi essas gloriosas palavras:-“”Questo giovanne comincia dove finisco”.(Esse jovem começa onde termino).
O sucesso do jovem brasileiro começou a incomodar os colegas italianos.começaram as intrigas,as retaliações,principalmente,depois da estréia da ópera “Salvador Rosa”. Depois vieram “Fosca”,que ele considerava sua melhor obra,”Maria Tudor” e” Lo Schiavo “,tocada pela primeira vez no Rio de Janeiro,para homenagear a Princesa Isabel
.Começaram os percalços financeiros,pois,todo grande artista é péssimo financista e,o maestro,já casado e com filhos,passou momentos difíceis.
Suprema humilhação:sua ópera,”Colombo” foi vaiada e o maestro voltou para o Brasil;veio para a Terra Mãe,juntar os cacos.
Combalido,abalado pela morte de três dos cinco filhos,Gomes recebeu apoio e guarida no Pará,onde Lauro Sodré,pediu para que ele organizasse o Conservatório daquele Estado;seu sonho de ser nomeado Diretor do Conservatório de Música do Brasil,morreu com a Proclamação da República.Por ser muito ligado ao Imperador,foi vilipendiado,humilhado e esquecido,como é comum acontecer neste pais com os “inimigos do rei”,de plantão,no momento.
O mal que vinha comprometendo sua saúde agravou-se e o maestro morreu em Belém,sem chegar a dirigir o Conservatório que havia criado.
A comoção popular foi grande -todos choravam Carlos Gomes – cuja vida foi tão parecida com uma ópera.
Seu corpo foi retirado do cemitério em Belém,a pedido do Presidente Campos Sales e enterrado em São Paulo.
Hoje,repousa em Campinas,no monumento – túmulo,nesta cidade onde nasceu e conheceu seu único e verdadeiro amor,Ambrosina Correia do Lago,para quem compôs,”Quem sabe”,ainda hoje cantada e consagrada como uma das mais belas canções de amor.
Vocês,certamente,já ouviram suas avós cantarem”Tão longe,de mim distante
onde irá,onde irá teu pensamento...”
Lembraram?
Sabe que não consigo ouvir essa canção sem me emocionar?
E a protofonia do” Guarany” me leva ás lágrimas.
Fazer o que? Sentimental eu sou...
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