DE JORNALEIRO A JORNALISTA - uma história de vida (PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA E DEMISSÃO DE A NOTÍCIA E OUTROS PRÊMIOS)

PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA E A DEMIS-SÃO DE “A NOTÍCIA”

Ganhei alguns prêmios literários também. O primeiro, em nível na-cional, foi no Paraná, quando fiquei em terceiro lugar em concurso de contos realizado na cidade de Paranavaí, em 1982, com o conto “Esses Ladrões”. Estava ocupando o governo o intelectual Homero de Miranda Leão, que decidiu me dar a passagem para ir receber o prêmio. Consegui a licença do jornal e fui. Só não sabia que o senhor Andrade Neto estava negociando a venda do jornal para o empresário José Moura Teixeira Lopes, o “Mourinha”.

Como tinha tirado férias, viajei ao Paraná. Segui, depois, para Para-navaí, com o irmão do floriculturista de Manaus, Nelson Buoro. Deixei o Paraná e, usando o dinheiro do prêmio, viajei para São Paulo, descendo depois para a cidade praiana de Santos, onde fiquei hospedado na resi-dência da família Henriques. O pai, senhor Henriques, era funcionário da Petrobras na cidade de Cubatão e tinha dois filhos: Sandra Regina Henri-ques, com quem me correspondia por carta desde os meus 15 anos e André Henriques, que tocava nas noites de Santos.

Voltei para Manaus ao término de minhas férias, apresentei-me ao novo dono do jornal. Fui escalado por ele para cobrir o coquetel de inau-guração de sua fábrica “Jacks da Amazônia”. Não fui, mas pedi para a repórter Ivânia Vieira ir no meu lugar. A matéria foi publicada normal-mente, mas eu fui demitido do jornal.

Como era membro da Cipa e ainda tinha quase um ano de mandato para cumprir na função, procurei o senhor Andrade Neto. Ele esteve em minha casa:

- O “Mourinha” está irredutível!

Minha demissão foi concretizada no dia 25 de fevereiro de 1983, pelo senhor José Augusto de Souza Baird, porque fui para a TV Amazonas no mesmo horário, produzir um jornalismo eletrônico que nunca foi ao ar. Entrei na Justiça para que o jornal indenizasse o meu período de mandato na Cipa ou determinasse minha volta ao trabalho. A Justiça determinou minha reintegração, mas “Mourinha” preferiu pagar meu salário sem eu trabalhar e ainda me avisou:

- Onde você estiver, lá não estarei.

Dias depois disso, na Cruz Vermelha Brasileira, dirigido no Amazo-nas por Francisco Portela, da qual eu também fazia parte como membro, encontrei o “Mourinha”. Ele me cumprimentou e se afastou. •.

“BAIACU DE OURO”

Depois ganhei o prêmio “Baiacu de Ouro”, o único que recebi em Manaus, depois que já tinha sido demitido de “A Notícia”, ofertado pelo colunista social Carlos Aguiar, no Hotel Tropical, ganhei outras meda-lhas e Comendas Literárias em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e tenho biografias publicadas em Teresina-PI, por Adrião Neto, e, em Ma-naus, pelo pesquisador, cronista e crítico literário, Arthur Engrácio.

Registrou todo o evento o fotógrafo da entrega do “Baiacu de Ouro”, by Barros, de origem cearense, que foi “lambe-lambe” na Praça da Ma-triz, mas virou fotógrafo profissional.

O Barros, já famoso em Manaus, foi um dia visitar seu pai no Ceará, homem de poucos estudos, levou um exemplar para mostrar ao pai. Quando o cearense, homem pobre, sério e rude, mas honesto, viu “fotos by Barros” – como o Carlos Aguiar escrevia no jornal, perguntou:

- Esse by Barros aqui não significa que você virou boiola, não?

O Barros teve que explicar-lhe que embora estivesse escrito “by”, a pronúncia correta era “bay”.

- Assim, melhorou.

ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO NA MINERAÇÃO TABOCA S/A

Durante quatro anos, foi assessor de comunicação da Mineração Ta-boca S/A, empresa instalada no município de Presidente Figueiredo, que explora cassiterita.

Entrei na empresa depois de uma reportagem que escrevi em “A No-tícia”, com uma entrevista feita com o geólogo Waltair Prata Carvalho. Fui convidado a conhecer o projeto e escrever a matéria pelos diretores do Departamento Nacional de Produção Mineral, José Belfort dos Santos Bastos e Fernando Burgos. Todos gostaram da matéria de página inteira que havia publicado.

Durante os anos em que trabalhei na empresa, fiz duas amizades que permanecem ao meu lado até hoje: a advogada Ivete Ivo Barros, de ori-gem paulista e o hoje empresário Flávio Willer Cândido. Tratando assun-tos da empresa Mineração Taboca S/A junto à empresa EMTU – Empre-sa Municipal de Transportes Urbanos, fui recebido cordialmente pela advogada Ivete Ivo Barros.

Tinha ido à EMTU pedir autorização para os ônibus que transporta-vam os funcionários da empresa saíssem e deixassem os trabalhadores no terminal de embarque/desembarque da Empresa Municipal de Transpor-tes Urbanos. Recebi a autorização, depois de muito negociar com a ad-vogada da empresa.

Flávio Willer Cândido era um dos motoristas da empresa Marlin que fazia o transporte de funcionários, mas também era o responsável por desatolar os carros que geralmente ficavam presos na estrada BR-319, ainda sem asfalto. Depois, devido a sua dedicação, tornou-se sócio da empresa Marlin, fez vestibular, entrou e concluiu a faculdade de Direito e diz que esse vai ser esse o maior exemplo de vida que deixará para os seus filhos gêmeos, Lucas e Mateus.

A advogada Ivete Ivo Barros estava grávida, sensível, e muitas vezes a encontrei deprimida. Ela estava esperando o seu segundo filho, o Onete Júnior. Eu, na época, também tinha crises de depressão e nós nos ajudá-vamos mutuamente.

Fui contratado dias depois e passei quatro anos seguidos na empresa. Durante esse período, convidado, por ofício, pelo Secretário de Saúde do Governo Amazonino Mendes, Humberto Figlioulo, para assessorá-lo. Fui liberado para compor um Grupo Tarefa de Reestruturação Administrativa da Sesau.

Estava almoçando junto com o Secretário Figlioulo quando o telefone tocou. Era o Governador Amazonino Mendes, convidando-o para ir ao Palácio. Foi mas voltou de lá demitido pelo governador

Retornou à Sesau o ex-Secretário Euler Ribeiro, com quem diaria-mente eu despachava. Fiz isso durante 30 dias. Já próximo ao final do ano, comunico a ele que o Dr. Theomário Pinto da Costa, amigo dele e ex-deputado estadual e ex-Secretário de Saúde, tinha entrado em coma na Bahia.

Olhando-me de cima para baixo, respondeu:

- Tu não és filho adotivo dele, por que ainda continuas por aqui? Eu te demiti no dia em que assumi a Sesau.

- Mas, doutor Euler, eu todos os dias despacho em seu gabinete com o senhor e de nada fiquei sabendo!

- Isso é problema do Departamento de Pessoal. Resolva lá!

Demitido da Sesau, voltei para a Mineração Taboca. Tive novamente a carteira assinada, mas como relações públicas, que nunca fui, com as mesmas atribuições de antes.

Durante essa nova fase, recebi um engenheiro alemão no staff da em-presa, que tinha vindo montar as turbinas da hidrelétrica do Pitinga. Fi-cou o geólogo “Arapiraca” encarregado de ensinar algumas palavras em português para o alemão, pelo menos o básico.

No dia em que estavam almoçando na mina do Pitinga o presidente José Sarney, sua esposa Marli Sarney e toda a sua comitiva, com o dono da empresa, Octávio Lacombe, o engenheiro pede licença, põe sua mão na cabeça, levanta da mesa e diz:

- Me dão licença, por favor. Eu estou com muita dor na minha boc...

Todos riram ao mesmo tempo, menos o Sr. Lacombe, já que sabia que o “Arapiraca” tinha ensinado tudo errado para o engenheiro. Depois do almoço, foi conversar com o “Arapiraca”.

ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO NA ACA

Iniciei prestando serviços na centenária Associação Comercial do Amazonas, na administração do empresário José Lopes da Silva. Era o diretor de comunicações na época, o jornalista e empresário Milton de Magalhães Cordeiro.

Ele foi um dos primeiros a criticar a implantação da fábrica de cimen-to em Manaus na época em que só vendiam na cidade o cimento Poty. Ele dizia que, depois de implantada a fábrica em Manaus, a empresa faria dumping, vendendo cimento ao preço menor do que o de mercado. Quando a representação da Poty falisse, ela subiria seus preços. E foi exatamente isso que aconteceu.

O empresário Francisco Garcia Rodrigues chegou a importar cimento da Turquia, que era reembalado com o nome de cimento Garcia e vendi-do no comércio de Manaus. Mas também fechou, não agüentando a con-corrência da Fábrica de Cimento Nassau.

No lugar de José Lopes, assumiu a presidência da ACA o empresário Jorge Loureiro. Ele criticava muito o Governo Federal em todo e qual-quer assunto que ferisse os interesses do comércio da Zona Franca.

De tanto mandar ofícios para o Governo Federal, um dia o presidente da República, João Figueiredo, veio ao Amazonas e o chargista de “A Crítica”, Miranda, desenhou a caricatura do presidente e dos seguranças dele e pedia:

- Primeiro, dêem uma olhada para ver se esse Jorge Loureiro não está no aeroporto me esperando também!

Rimos muito dessa charge de “A Critica”, pois ela refletia muito o grau de importância que o Governo Federal estava dando para os assun-tos relacionados ao nosso modelo de desenvolvimento.

Deixei a ACA ao final do mandato do senhor Jorge Loureiro, mas sempre trabalhei por contrato de prestação de serviços autônomos.

Também fui assessor de comunicação na LBA, já extinta, fui ser re-pórter entrevistador na Rádio Baré, comandada pela empresária Dra. Celma, em que apresentávamos um jornalismo dinâmico, que veiculava o fato no momento de sua ocorrência. Por pouco tempo, apresentei um programa musical com Augusto Cláudio Pantoja, à meia, mas gravado às 19H00, com relógio e tudo para informarmos a hora certa a cada in-tervalo do programa. Depois, fui trabalhar na TV Baré, como repórter entrevistador.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 08/03/2010
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