DE JORNALEIRO A JORNALISTA - uma história de vida (
A CRIAÇÃO DO ISS, POR MANOEL RIBEIRO
No meio da noite, toca o telefone na redação do Diário do Amazonas. Era a Secretária Municipal de Comunicação da Prefeitura Municipal de Manaus, Celes Borges, me consultando sobre o que eu achava da idéia do prefeito Manoel Ribeiro passar a cobrar o Imposto Sobre Serviços na cidade de Manaus. Disse-lhe:
- Vou publicar uma nota no Diário do Amazonas sobre esse assunto e depois você pede a opinião do povo.
O ISS foi criado por Manoel Ribeiro. Eu, no Diário, de vez em quan-do publicava uma notinha sobre a idéia do prefeito, elogiando-o pela iniciativa. Acho que, hoje, o Imposto Sobre Serviços é uma das grandes fontes de receitas do Município de Manaus.
O projeto de criação da ZFM, aprovado em 1953 e só implantado em 1969, depois que a guerrilha cubana destituiu o ditador Fulgêncio Batis-ta, com medo de a revolução comunista se espalhar pela Amazônia, nada falava sobre isenção de ISS para as empresas de serviços. A Amazônia, em 1969 era uma região totalmente desolada, mas com mão de obra barata em Manaus. O Governo Militar tratou logo de construir a Estrada Transamazônica, implantar o Projeto Calha Norte, construir batalhões de fronteiras na Amazônia e integrar a Região, com o resto do Brasil, por telefonia, através da Camtel, depois Telamazon. A Camtel era a Compa-nhia de Telecomunicações. A CAMTEL era a Companhia Amazonense de Telecomunicações.
Durante o segundo governo de Amazonino Mendes, foi decretada a intervenção na Prefeitura de Manaus, afastado o prefeito Manoel Ribeiro e, nomeado o prefeito interventor Alfredo Nascimento. No meio da dis-puta política, Manoel Ribeiro recorre contra a intervenção, Alfredo é afastado e assume em seu lugar o presidente da Câmara, Carrel Ypiranga Benevides. Depois, volta o prefeito eleito que estava em Brasília, Manoel Ribeiro. O prefeito tinha sido acusado de superfaturamento de obras na construção de um Edifício Garagem pela Construtora Santa Bárbara e de não colocar asfalto em uma espessura de 5 centímetros. No dia da confu-são, acusaram-no de ser proprietário de um prédio de apartamentos na Constantino Nery, que teve seu nome trocado por outro: era Edifício Manoel Ribeiro e passou a ter um outro nome.
Antes do Governo Militar, a Amazônia era esquecida; uma ligação de Manaus para o Rio de Janeiro, pela Cantel, pedia-se de manhã e tinha-se que esperar em casa, sem sair, até que ligação fosse completada. Levava, em média, sete horas de espera entre o pedido e a concretização do pedi-do. Hoje, tudo é mais fácil devido ao desenvolvimento da tecnologia.
“PRÊMIO ESCRITOR DO ANO”
Na década de 80, já tinha lançado o livro de poesias “(Des)Construção...” e, ainda, trabalhava em “A Notícia”. A apresenta-dora da TV Amazonas, Consuelo Nunes, lançou o “Prêmio Escritor do Ano”. Ganharia o prêmio o escritor que vendesse mais livros e fosse colocada em uma urna, o comprovante da compra. Eu, o Danilo Du Silvan e o poeta Jorge Tufic, fomos os participantes. No final, o Jorge Tufic ganhou o prêmio. O Danilo Du Silvan denunciou que havia fraude. Como ele não conseguiu provar nada, o Jorge recebeu o prêmio. Desde essa época, fiquei amigo do Jorge Tufic, a quem, até então, eu só conhe-cia pelos seus livros e de nome.
Fui e sou amigo do poeta Jorge Tufic até os dias atuais. Hoje, está morando em Fortaleza. Foi embora decepcionado com o Amazonas. Certa vez, em meu aniversário, apareceu em minha casa com o também intelectual Aloísio Sampaio. Os dois beberam tanto que dormiram nas cadeiras em que sentavam. Foi um porre daqueles!