DE JORNALEIRO A JORNALISTA - uma história de vida (AMIGOS E NAMORADAS E PAIXÕES QUE DEIXEI PELO CAMINHO)

AMIGOS, NAMORADAS E PAIXÕES QUE DEIXEI PELO CAMINHO

No Grupo Escolar Adalberto Valle, estudei com João Couto da Silva, Bosco Saraiva, “Nego Achimo”, William e Williana, dois irmãos, Clau-dine, Eduardo Silva, radialista da Rádio Difusora, e outros tantos que não lembro mais. Como dito, Claudine foi minha primeira grande paixão platônica em sala de aula. Paixão de adolescente.

Roque de Almeida Lima, atualmente engenheiro e professor, estudou comigo na 4ª série. Com ele, ganhei meu primeiro concurso promovido pela Polícia Rodoviária Federal, sobre o tema “Trânsito”. Ele desenhou e pintou um assunto relacionado ao tema. A Escola ganhou um prêmio, e nós ganhamos uma vitrolinha. Ficamos muito orgulhosos do nosso feito.

O Roque desenhava e pintava muito bem na sua adolescência. Tinha só mãe e morava em uma casa de madeira, no bairro do Morro da Liber-dade. Não tinha nem dinheiro para comprar fardas. Ia para a Escola só de sandálias, isso quando conseguia comprar uma. Se não conseguisse, comprávamos para ele.

Claudine era de uma beleza embaraçosa. Estive na residência dela, quando começou a faltar muitas aulas em virtude de uma gripe. Fui rece-bido por ela, em seu quarto, ela usando apenas uma bata branca e com calcinha branca. Foi um colírio para os meus olhos vê-la naqueles trajes.

Tivemos inúmeras professoras: Haidée, que chegava sempre com seu namorado num carro karmanguia, sem capotas; Rosa Eduarci Marinho, minha segunda paixão, esta correspondida anos mais tarde quando come-cei a trabalhar no Jornal “A Notícia”, lancei meu primeiro livro de poesi-as “(Des)Construção...”, e ingressei um ano mais tarde, na União Brasi-leira de Escritores, aos 19 anos.

A professora Rosa, ao deixar nossa escola e ser transferida para uma outra, mereceu de nossa parte uma festa com bolo e guaraná. Ficou muito emocionada com a homenagem. Antes da transferência para outra escola, a convidamos para nos dar aulas de educação física aos sábados, em uma área improvisada e aceitou. Outra convidada foi a professora Francisca, mais conhecida como “Chiquinha”, pessoa que gostava de encostar-se aos cantos das mesas ou sentar-se em cima delas para ministrar suas aulas.

A professora Rosa sempre arrumava um jeito de nos levar para luga-res que não conhecíamos. Alugava caminhões e nos levava ao Balneário do Parque 10 de Novembro, um dos melhores que existiam em Manaus. O Balneário ficava em frente à Fábrica de Jóias Duque, da família De Carli, que também possuía a Fábrica de Roupas Raymond da Amazônia. Em ambas as fábricas, empregavam muitas pessoas.

Anos depois, quando o vereador Fábio Lucena acusou, pelo jornal “A Crítica”, o empresário Carlos Alberto De Carli, de ter feito um emprés-timo no Banco do Brasil, em que o vereador também trabalhava, para financiar uma plantação de cana-de-açúcar que afirmava não existir. Fui contratado pelo empresário para fazer sua defesa pelo jornal “A Notícia” e provar que no seu empreendimento, Fazendas Unidas, havia cana plan-tada, o que era uma realidade. Ficava na Estrada Manaus – Itacoatiara.

Pedi ao empresário para alugar ônibus, a fim de levar os jornalistas ao local que o vereador afirmava não existir. Todos os jornais que foram convidados para a visita e que se fizeram presentes ao local, publicaram matérias em páginas inteiras dizendo que “As Fazendas Unidas são uma realidade”.

O vereador passou a ter muita raiva de mim por esse meu profissiona-lismo. No dia que em ele se elegeu pela primeira vez para um cargo fede-ral, saindo da Câmara Municipal direto para o Senado da República, recebi um telefonema pessoal dele, convidando-me para ir a um jantar de despedida para a imprensa, que seria oferecido em um restaurante que existia na Avenida Álvaro Maia, ao lado de onde funciona hoje o Super-mercado Roma e que serve de estacionamento. Consultei o empresário Andrade Neto e ele disse que eu podia ir, mas nada sobre Fábio Lucena seria publicado em “A Notícia”. Ele pessoalmente recebeu a mim na porta, apertou minha mão e pediu desculpas por ter ficado aborrecido comigo no episódio das “Fazendas Unidas”. Disse que queria esquecer o incidente, e se tornou meu amigo.

Depois da primeira pessoa com quem me relacionei a Edna, tive ou-tras namoradas: Maria Luiza, do bairro São Lázaro, Radija Barbosa de Melo, filha de Nilamon Barbosa de Melo, um empresário da área de móveis, do bairro Educandos. Radija me conheceu quando eu comprava uma cama de solteiro na loja do pai dela. Veio atender-me com um imen-so sorriso e deu-me o telefone dela, mas pediu que eu ligasse só na hora em que o pai dela não estivesse em casa. Fiz isso algumas vezes, mas como ela nunca aceitou sair comigo para festas, desistir.

Depois, quando estudava no Colégio Dorval Porto, conheci Julia da Cunha e Silva, uma professora de Inglês. Ela lecionava na mesma escola em que eu estudava e se dirigia ao município de Manacapuru, em uma bolsa, para visitar a fazenda de seu pai.. Depois veio Mara Lobato, do bairro da Raiz, com quem tive um filho, Odimar Queiroz Sampaio, do bairro de Aparecida,Wandira Bezerra, do bairro da Betânia, Dalva Pucu Carneiro, do bairro Praça 14 de Novembro com quem pretendia me ca-sar, Rosa, uma funcionária do Incra, do bairro Praça 14 de Janeiro e Ormy da Conceição Dias Bentes, do centro da cidade, Cl com quem também pretendia me casar, Cléia, do bairro da Betânia, Cleide, do bairro Colônia Oliveira Machado, além de outras que não lembro mais os no-mes porque foram namoros de curta duração ou porque não tiveram gran-de importância na minha vida. Mas a união só aconteceu aos 22 anos, no religioso, depois que saí da Faculdade, com Maria Tereza Santos de Oliveira, viúva do delegado da Polícia Civil, Itagiba Ramos de Oliveira.

Durante os dois anos que estudei no Instituto de Educação do Ama-zonas – IEA, fiz e também deixei alguns amigos pelo caminho: o colega de sala, Francisco, que passou a ser professor de matemática e que eu o .apelidei carinhosamente de “Chico Tripa”, mas não sei mais nem o por-quê. Mantive uma longa relação com a irmã dele de nome Ana, que de-pois se casou e foi morar fora do Amazonas; o professor de matemática João Martins Dias; o diretor Rosendo Neto, que sempre queria me expul-sar da Escola; o psicólogo, professor e orientador educacional, Glauci-mar, que sempre intercedia a meu favor e vários outros que não recordo mais.

Após separar-me da Tereza, depois de cinco anos morando sozinho, casei-me novamente, no civil, com Yara Marília de Souza Queiroz, com quem continuo casado até os dias atuais. Yara, grande companheira, com quem tive outro filho, o Carlos Costa Filho, é filha do saudoso Deputado Estadual e brilhante advogado Francisco Guedes de Queiroz.

Quanto às fases de aventuras com os amigos, por volta dos meus 30 anos, em que eu, o Dr. Raimundo Silva, Dr. Flávio Queiroz de Paula e o Dr. Ivo Alberto Brasil Lagos passeávamos de lancha aos finais de sema-na, tinha uma namorada que trabalhava na Fábrica de Relógios Nelima, a Cleide. O certo mesmo é que o Silva – que detesta ser chamado pelo seu primeiro nome, Raimundo, porque insiste em dizer que “isso não é nome, é um palavrão”, um domingo à tarde, telefonou para minha casa e pediu que eu fosse buscar uma namorada dele, que morava no Parque 10 de Novembro, sobrinha do ex-reitor Octávio Hamilton Botelho Mourão, inventando para ela uma desculpa qualquer.

Fui lá, inventei que o Silva não estava se sentindo bem e me ofereci para levá-la a uma festa. Levei-a e só saí da casa dela quatro dias depois. Eu tinha extraído um dente e tive muita febre depois. Ela ficou cuidando de mim.

Maria Luiza foi a primeira namorada que levei a sério. Cheguei a vir do Rio de Janeiro, onde estava fazendo um curso de especialização em Assessoria de Comunicação e Marketing Empresarial, para participar do aniversário de 18 anos dela. Como eu já a namorava desde os 13 anos – eu já tinha 19 anos –, a mãe dela Lady de Lima Magalhães pegou-me pelo braço e perguntou:

- Afinal, o que o senhor está querendo com minha filha? Está enro-lando a moça há cinco anos e nada decide!

Maria Luiza, atrás da mãe, respondeu:

- O que eu queria com ele, já fiz quando tinha 15 anos. Agora, só somos amigos!

A mãe dela passou mal e quase desmaiou.

É que, em sua festa de 15 anos, pediu-me para conhecer um motel e eu a levei. Depois, a irmã dela ficou dizendo que se eu não a levasse também ao motel, iria contar tudo para a mãe dela. Não adiantaria mais nada porque a Maria Luiza já tinha contado tudo.

O pai dela, Francisco de Lima Magalhães era do tipo calado, mas muito observador. Uma vez, acendeu a luz da sala, que sempre permane-cia apagada quando namorávamos e nos pegou, a Maria Luiza debruçada na janela da sala com uma saia que usava sempre abaixo dos joelhos, mas sem calcinha por baixo e eu, debruçado nas costas dela.

Pigarreou um pouco, mais um pouco depois de acender a luz. Está-vamos tão entretidos que nem percebemos o seu movimento e o acender da luz da sala. Ele perguntou:

- Minha filha, já não está na hora de terminar o seu namoro, não?

Era o sinal que a nossa “festa” havia chegado ao fim.

No dia em que ingressei na União Brasileira de Escritores, com a pu-blicação do meu primeiro livro, (Des)Construção...,houve uma festa. Convidei a professora Rosa Eduarci Marinho como minha companhia. Ela aceitou. De lá, saímos direto para a Cabana dos Barés, um bar tradi-cional em Manaus, onde conversamos muito e a professora queria saber mais informações ao meu respeito. Anos mais tarde, ingressei, juntamen-te com o médico Simão Pecher, no Clube da Madrugada, grupo de inte-lectuais que se reunia embaixo de um pé de mulateiro, na Praça Heliodo-ro Balbi, mais conhecida como Praça da Polícia, para discutir temas do momento. O Ivo Brasil Lagos participou da fundação desse Clube, pois também era um intelectual.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 06/03/2010
Código do texto: T2123864