Vascaíno Casual
Ainda no início da década de 80, numa segunda-feira seguinte a uma vantajosa vitória do Vasco sobre o Flamengo, estava eu na função de caixa de banco, numa cidadezinha do interior, quando avisto na fila um cidadão que parecia todo feliz com a camisa do Vasco. Estava mais ou menos na décima colocação na ordem de chegada ao meu guichê. Fiquei ansioso para atendê-lo, mirando-o atentamente à medida que se aproximava, com o intuito de felicitar o empolgado vascaíno. Era o que me parecia. Ao chegar a sua vez do atendimento, cumprimentei-o com um expressivo bom dia e perguntei-lhe: Você é Vasco?
Ele, todo acanhado, não entendendo o sentido da pergunta, responde: “Não, não, sou o Cirço”. Era o Cícero dos Santos. Não o Santos time de Pelé, mas o sobrenome muito comum naquela região, assim como o Silva. Para não deixá-lo embaraçado, deixei de lado o assunto esportivo e o atendi o mais rapidamente possível. Meu colega ao lado, após a sua saída, confidenciou-me: “Ele comprou essa camisa na feira sem entender o significado da estampa. É um vascaíno casual”.