Os anos passam... Os sonhos, não...
Desde criança, meu maior sonho sempre foi ser bonita.
Bonita por dentro e por fora!
Com um sorriso completo e verdadeiro.
Com um olhar profundo e transparente.
Ainda é um sonho.
E falta - me tudo.
Sinto - me feia por fora.
E vazia por dentro.
E é tudo tão escuro, que acabo perdendo - me.
Em lamentações.
Em desordens.
Em solidão.
Em desespero.
Em saudade.
Saudade de um tempo em que sonhar não me era tão proibido e perigoso.
Saudade de um tempo em que meus sorrisos não eram forçados.
Que meus abraços eram feitos de sentimentos bonitos,
não de medo.
Sim, o medo.
Medo de que ele acabe, e eu retorne à minha vida solitária.
Medo de que ele não seja sincero.
Medo de que eu não consiga ser sincera como antes.
De que as coisas não voltem a ser bonitas.
E simples.
E calmas.
E eternas.
Por medo do fim, muitas vezes nego o começo.
Quantas chances de felicidade foram já desperdiçadas?!
Quantas chances eu deixei passar por me entregar à estupidez do meu medo.
Eu vi a felicidade de perto.
De tão perto, que acreditei que seríamos, um dia.
Foi uma das mais belas visões que pude ter.
Ela tem os olhos verdes mais cheios de esperança.
Mas é tão pequena, que não pode ser de todos.
Sinto que ainda tenho muito tempo de vida.
E temo por isso.
Não sei se estou preparada para anos de solidão.
Que a vida me permita, ao menos, um pouco de força e inspiração para escrever
e fazer dos meus dias eternos um pouco mais bonitos do que a angústia que esse aperto no peito hoje me causa.