UM DIA PRA ESQUECER

Hoje foi um daqueles dias em que a gente preferiria não ter e riscar do calendário.

Como algumas pessoas sabem,minha audição é bastante prejudicada,escuto numa frequência diferente dos outros,difícil ajustar com aparelhos,mas é unilateral,ou seja,meu ouvido direito consegue dar conta do recado. Quando fui trabalhar na empresa onde estou agora, como corretora, nada falei a respeito,pois em nada prejudicaria meu trabalho. Tanto é que consigo estar bem no ranking de vendas e falo e ouço tranquilamente ao telefone. Acontece que,como a sala não é muito grande e precisa acomodar quinze corretores,muitas vezes fica complicado ouvir o que falam comigo estando mais afastados de minha mesa.Além disso, pessoas com má dicção ou de fala muito rápida dificulta meu entendimento. Uma colega tão logo percebeu esta minha,digamos,deficiência, começou a fazer brincadeiras de toda sorte de mal gosto e que se tornaram logo o grande motivo de diversão de alguns outros. Não ligava,tentava levar numa boa,por vezes respondia com "tiradas" inteligentes que nem ela entendia. Mas reclamava,pedia pra ela parar com isso,chamava-a de lado, só nós duas e tentava por fim nesta situação. Fui ficando irritada,pedí ajuda pra minha supervisora,que não pareceu compreender a gravidade da situação e nada fez além de falar com ela que parasse. Não parou. Hoje(13/01/2010),chego na empresa por volta de meio dia,a tal colega estava na mesa destinada à plantonista;um colega na mesa ao lado, uma terceira de frente pra ele e nossa supervisora na mesa dela,central. Sentei-me ao lado do primeiro no mesmo instante em que a nossa supervisora saiu da sala e a plantonista começou a falar (não se dirigiu a ninguém em especial) que até aquele momento só atendera uma ligação e nem era seu o cliente pois tinha feito "triagem" e era pra outra colega. Virei-me pra ela e sem nenhuma alteração ou maldade disse que estava surpresa pois era a primeira vez que ouvia a palavra "triagem"( eu ainda não havia presenciado nem ouvido este tipo de trabalho e sempre me coloco ao lado da plantonista,é meu lugar cativo,sem pretensão alguma); ela se exasperou e berrou num tom agressivo demais que eu não sabia disso porque era muito burra e surda,muito surda,sem competência e que ela jamais mentia. Na hora não entendí, a ficha demorou a cair,cheguei a comentar que "a ferradura estava nova hoje,havia sido polida". Ela continuou a berrar,dizia que somente assim eu ouviria,que surdas são o que de pior há. Pedí que se calasse,que poderíamos conversar sozinhas do lado de fora,no corredor,mas ela continuou a me destratar como se eu fosse o cristo que ela estava esperando pra descarregar um dia infeliz. Aí não aguentei. Disse-lhe que não "bateria" boca e que sairia dali direto pra uma delegacia. Minha supervisora que havia saído momentos antes, entrou de volta; ela, a colega, continou a falar toda sorte de insulto a mim e o máximo que a nossa superiora fez foi pedir pra ela se calar e a respeitar. Descí aos prantos e fui pra nossa emergência. O médico me atendeu,minha pressão subiu muito e fiquei alí, sem entender o que eu havia feito àquela criatura pra me tratar daquela forma. Os rapazes que ficam na admistração e cuja sala é separada por divisórias e vidraças,perceberam tudo,não sei se ouviram pois ela gritava demais. Morrí de vergonha, porque ela sempre espalhou pela empresa que eu não ouvia e ria fazendo piadas e alguns riam tbm. Enquanto pude,aguentei. Agora não mais. Já recebí encaminhamento da DEAM pro Ministério do Trabalho e outras providências que preciso decidir tomar e estou pensando nas coisas por que passei desde que fui pra esta unidade da empresa. Qdo entrei ,a supervisora praticamente me obrigou a fazer uma compra de um rádio caríssimo em meu nome,parcelei,ela pagava sempre com atraso e fiz isso porque me pareceu uma espécie de chantagem e receei perder o emprego logo no começo. Mais tarde,pediu que fizesse empréstimo no banco,o que recusei. Aí,parou de me ajudar. Comecei a perceber com que pessoa estava lidando,mas me concentrei no trabalho,fui me impondo aos poucos e vinha me saindo bem desta forma. Por isso também,relevei as "brincadeiras" da "colega",não queria parecer antipática logo de início e colocar a perder a oportunidade que me deram. Eu ria até onde tolerava,mas aos poucos fui ficando magoada e apesar de pedir que parasse,não obtive sucesso;comecei por não ir sempre na empresa,fazia trabalho de rua e em casa,rareava minhas idas por lá. Isso conseguí levar numa boa...até hoje.

Revolta, tristeza profunda e decepção. São estes os meus sentimentos agora. O que irei fazer a partir de amanhã só Deus sabe. Há a possibilidade de abrir o jogo com o dono da empresa,que é de poucos amigos e não fala com ninguém,mas minha demissão será cotada.Não sei qual será reação dele,mas me demitir estará na pauta mais cedo ou mais tarde. Visam lucro,não problemas. De agora em diante,represento problema,pois não vou me calar sob nenhuma pressão.

Que Deus me ajude!!!

AnjodeCristal

Cristiane Maria
Enviado por Cristiane Maria em 19/01/2010
Código do texto: T2039697
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