O homem que semeou ouro (Drº Ernesto Paterniani)
Ernesto Paterniani filho dos imigrantes italianos José Paterniani e Almerinda Paterniani. Ernesto nasce em 17 de fevereiro de 1928, no bairro do Bom Retiro em São Paulo, na Rua Anhaia 185, neste dia a parteira precisa chegar em um barco devido às freqüentes inundações do rio Tietê.
Com um ano de idade, a família transfere-se para Piracicaba, no interior paulista. Por ter um raciocínio rápido seus professores notam a sua facilidade para as Ciências Exatas. No entanto, a família o encaminha para a Engenharia Agronômica, ingressando 1947 na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Foi amor a primeira vista que o leva para a Genética e o Melhoramento de Plantas, Ciência para a qual encaminha a sua vida profissional.
Ernesto Paterniani forma-se Engenheiro Agrônomo em 1950, e, logo a seguir a sua formatura recebe uma Bolsa da Fundação Rockfeller no México, concedida para os agrônomos recém-formados poderem estagiar no Programa Agrícola Mexicano (precursor do CIMMYT). Foi desta maneira que deu inicio aos seus trabalhos com melhoramento genético de milho. Através desta área ele movimenta as pesquisas e recebe todos os seus títulos acadêmicos, prêmios e foi merecidamente reconhecido e valorizado por toda a comunidade científica nacional e internacional.
Assim que volta ao Brasil, lá pelos anos de 1952, foi convidado e ingressa como Professor Assistente no Departamento de Genética da ESALQ/USP, pode desta maneira lecionar “Genética, Melhoramento de Plantas e Técnicas de Experimentação”, até o ano de 1998, quando se aposenta, com 70 anos.
Também no ano 1952, organiza um banco de germoplasma de milho, e foi seu mantenedor durante 17 anos. Incansável pesquisador fez viagens de coleta visitando os agricultores, algumas reservas indígenas e até mesmo países vizinhos do nosso país. Quando houve a criação da Embrapa, em Brasília, o Banco foi enviado à unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia. Mas, Paterniani não para por aí em 1957 e 1958 ganhou uma Bolsa da Fundação Rockefeller na Universidade de Nebraska e Iowa State University.
Suas pesquisas foram dirigidas para a identificação e avaliação de raças de milho e métodos de melhoramento de populações, tendo desenvolvido inúmeras variedades melhoradas: Piramex, Centralmex, Pérola Piracicaba, ESALQ-VF-1, ESALQ-VD-2, Piranão VF-1, Piranão VD-2, ESALQ VD-2 waxy, entre outras. Desenvolveu novos métodos eficientes de melhoramento de milho, destacando-se: seleção entre e dentro de famílias de meios irmãos.
Em 1962 e 1963 exerce o cargo de Professor Titular na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro para ministrar os cursos de Genética e de Evolução, atendendo ao convite do Prof. W.E. Kerr para substituí-lo por ter assumido a Diretoria Científica da FAPESP. Em decorrência do curso de Evolução, determina a distância efetiva de dispersão do pólen de milho no campo pesquisas importante para a ciência genética do Brasil.
O Professor Paterniani desenvolve a partir daí atividades administrativas na ESALQ, como Chefe do Departamento de Genética, Diretor do Instituto de Genética, Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, Presidente da Comissão de Pós-Graduação e membro de várias comissões.
Paterniani teve méritos como: Membro Fundador da Academia de Ciências do Estado de São Paulo em 1975, Membro Titular da Academia de Ciências do Terceiro Mundo em dezembro de 1994.
Hospitalizado não pode receber mais um prêmio por todo o seu trabalho de pesquisa: o da Fundação Conrado Wessel (FCW)). Os vencedores do Prêmio FCW de Ciência e Cultura 2008. Os escolhidos são: Ariano Suassuna (Cultura), ERNESTO PATERNIANI (Ciência Aplicada), Fúlvio Pileggi (Medicina) e Leopoldo de Meis (Ciência Geral).
A Fundação Conrado Wessel foi criada em 1994, após o falecimento do fotógrafo Ubaldo Augusto Conrado Wessel, que explicita em testamento seu desejo de criar uma fundação voltada para a filantropia, o fomento e apoio às atividades culturais, artísticas e científicas no Brasil. A Fundação distribui, anualmente, desde 2003, mais de R$ 1,2 milhão em prêmios, por meio do Prêmio FCW de Arte, Ciência e Cultura.
Paterniani declara sobre esta homenagem:
“Tudo que sei e aprendi foi às custas da sociedade e as palestras que dou são uma forma de devolver a ela todo conhecimento que obtive ao longo dos anos.É gratificante conquistar esse prêmio porque são muitos cientistas merecedores. O Brasil tem hoje uma tecnologia de maior eficiência, mesmo comparada com países de primeiro mundo e esse patamar existe em função das pesquisas realizadas por esses cientistas.”
ERNESTO PATERNIANI configura na sua vida como um hobby; as orquídeas, e, através da beleza desta flor, ele fica sendo um entusiasta orquidófilo. Tenho em minha casa uma foto tirada por ele (presenteada por sua filha e minha grande amiga Ana Paterniani) de uma das suas orquídeas.
O HOMEM QUE SEMEOU OURO falece em 18 de Junho de 2009 deixa órfão toda à comunidade cientifica.
Uma semana, após o seu falecimento, a família perde a filha MARIA LÍDIA PATERNIANI. Seguia os passos do seu pai na área de pesquisa. Graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1979), com mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas pela Universidade de São Paulo (1984) e doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas pela Universidade de São Paulo (1989) e um currículo vasto de Cursos de Especialização.
Maria Lídia em vida realizava pesquisas na área de Agronomia, sub-área de Genética e Melhoramento de Plantas, abordando principalmente os seguintes temas: genética e fisiologia de plantas forrageiras, seleção de plantas forrageiras a sistemas agro-silvo-pastoris e a condições de estresse ambiental. Coordena Projeto de Extensão no Núcleo de Ensino da FCAV/UNESP, desenvolvendo materiais didáticos para o ensino de Ciências Biológicas.
Piracicaba chora a perda de quem tanto trabalhou para a pesquisa científica. Encaminho alguns trabalhos feitos como tributo a “ERNESTO E MARIA LÍDIA PATERNIANI”:
AO MEU PAI (in memorian)
Ricardo Stipp Paterniani
E stourou mais uma estrela no céu
R eluzente, brilhante, majestosa
N avegando na imensidão da ciência e do conhecimento
E strela de sabedoria e humildade
S emeador de milho de inúmeros tipos, formas e cores
T rabalhador da terra, do campo, da vida
O rgulho de quem sabe de onde vem o alimento
P ai querido e amado por todos
A tencioso, cuidadoso com a família
T ernura não faltava em sua vida simples e dedicada
E xplodiu mais uma estrela no céu
R adiante, luminosa
N a mais pura clareza, repleta de luz
I ncendiando nossos corações
A rando e cultivando agora as terras do céu
N os ensina, mesmo após partir:
I ntensamente, viva a vida com alegria, simplicidade e amor.
IRMÃ MAIS VELHA (in memorian)
Ana Lúcia Paterniani
" Maria Lidia, para nós da família,
simplesmente a nossa Mara...
Você me ensinou as primeiras letras,
as primeiras notas musicais
e melodias no seu piano...
Você brincava comigo de boneca
e cobria o meu corpo de talco
e cuidava de mim com carinho
quando eu estava doente...
Você me ensinou a amar a música,
a poesia e tudo o que é belo...
E era você que acalmava os meus medos
se eu acordava de noite, assustada...
E agora?!?
Quem vai me ensinar a superar essa dor
da sua partida
e a do nosso pai amado?!?
Ainda bem que você me ensinou a rezar..."
VIDA E MORTE (in memorian)
Ana Marly de Oliveira Jacobino
Chuva fina, fria
Asperge a terra
Ilude a alma
Nasce a alegria.
O dia vira noite!
À luz da morte
Na noticia!
A dor rompe
Devora.
A sanidade
Desequilibra.
O canário
Amigo
Cantante
Desfalece
Morre!
Descubro
O choro.
Descubro
O riso.
A vida
Ilusão!
A morte
Ilusão!
Morte e vida
Canto imortal
Irmãs gêmeas!
AO DRº ERNESTO PATERNIANI, cientista da genética da ESALQ_ Piracicaba(SÉTIMO DIA DO SEU FALECIMENTO) E A SUA FILHA MARIA LÍDIA PATERNIANI (FALECIDA NO DIA DE HOJE A BORDO DO AVIÃO REGRESSANDO DA ITÁLIA PARA OS BRAÇOS DA SUA MÃE E DA SUA FAMÍLIA)
A vida
Galvani Luppi
A vida tão linda e frágil
A única certeza, a morte
A maior das capacidades humanas
Apreciar a beleza de todas as coisas
Diante da incerteza
Só vale a pena sentir
A beleza da música
A beleza da poesia
A beleza de um por do sol
A beleza de todos os feitos humanos
Vida
Roseane Luppi
Tantos anos para crescer
Tão rápido morrer
Devemos viver a mais não poder
o que de simples nos dá prazer
A parte criança que habita em nós
e chupa manga com lambança,
pede marmelada, faz batucada,
pula, sacode...
e ama !!
Mi querida Aninha
Ângela Reyes
Cierro mis ojos y un soplo de amor me transporta a ti
Cierra tus ojos y siente mi abrazo fuerte y carinoso como nuestra amistad
Cierra lo ojos y respira profundo la paz de mis pensamientos para ti
Cierra los ojos y siente la energia universal que te rodea y que se llama vida
Cierra los ojos, divisa la inercia a quien los necios llaman muerte y que no existe porque:
todo lo creado es fruto de amor divino y ese amor es eterno.
Condecorações
Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico - Presidente da República do Brasil - jun/1995
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico - Presidência da República do Brasil - jul/2000
Medalhas
Medalha Jubileu de Prata - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - 1973
Prêmios
Prêmio Epitácio Pessoa - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - 1950
Prêmio - Fondazione Prof. Tito V. Zapparoli - Itália - 1978
Prêmio Almirante Alvaro Alberto - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - 1988
Prêmio Frederico Menezes Veiga - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias - 1992
50º Prêmio Fundação Bunge 2005 (Agronegócios) - Fundação Bunge - ago/2005
Publicações Selecionadas
PATERNIANI, E. 1969. Selection for reproductive isolation between two populations of Maize, Zea mays L. Evolution. vol. 23 , p. 534 - 547
PATERNIANI, E. and VENCOVSKY, R. 1977 . Reciprocal recurrent selection in Maize (Zea mays L.) based on testcrosses of half-sib families. Maydica. vol. 22 , p. 141 - 152
PATERNIANI, E. 1978. Phenotypic recurrent selection for prolificacy in maize. Maydica. vol. 23 , p. 29 - 34
PATERNIANI, E. and VENCOVSKY, R. 1978 . Reciprocal recurrent selection based on half-sib progenies and prolific plants in maize (Zea mays L.). Maydica. vol. 23 , p. 209 - 219
PATERNIANI, E. 1980. Heterosis in intervarietal crosses of maize (Zea mays L.) and their advanced generations. Revista Brasileira de Genética. vol. 3 , p. 235 - 249
PATERNIANI, E. 1990. Maize breeding in the tropics. Critical Review in Plant Science. vol. 9 , p. 125 - 154
Bibliografia:
1) Academia Brasileira de Ciências (Biografias)
2) Revista Especial do prêmio FCW Pesquisa 2008
3) Revista de Divulgação Científica da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência Editora: SBPC, SP, 1983.
4) Cadernos do Sarau Literário Piracicabano de Julho, Agosto de 2009