RACHEL DE QUEIROZ
Nasce em Fortaleza - CE, no dia 17 de novembro de 1910, na Rua Senador Pompeu, nº 86, a menina Rachel de Queiroz, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz. A criança é descendente, pelo lado materno, dos Alencar (sua bisavó materna — "dona Miliquinha" — prima de José de Alencar, o autor de “Iracema”). Pelo lado paterno, dos Queiroz, família de fortes raízes em Quixadá, onde residiam, sendo seu pai um Juiz de Direito nessa época.
O senhor Daniel de Queiroz, em 1913, é nomeado promotor em Fortaleza, voltando, assim, toda família para a capital. Contudo, após um ano no cargo, o pai de Raquel de Queiroz pede demissão e começa a lecionar a disciplina de Geografia no Liceu.
A pequena Raquel tem toda a dedicação do pai para sua educação. O senhor Daniel passa a ser o preceptor da filha. A menina, aos cinco anos de idade já lera “Ubirajara”, obra de José de Alencar. Porém, como Rachel de Queiroz dissera: “sem entender nada”.
Dois anos após a grande seca de 1915 que assolava a terra cearense, sua família muda-se para o Rio de Janeiro. Esta fuga da seca nordestina irá fazer parte da temática em sua obra literária “O Quinze”. Da Cidade Maravilhosa a família da pequena Rachel parte para Belém do Pará. Em 1919 retornam todos à terra natal. Primeiramente a família reside em Guaramiranga e depois em Quixadá.
Em 1921 matricula-se no Colégio Imaculada Conceição (das irmãs de Caridade) como aluna interna. Em 1925 conclui o Curso Normal. Estava apta a lecionar, aos quinze anos de idade. Pára aí sua formação escolar. A recém normalista retorna à fazenda dos pais, em Quixadá, lá se dedica à leitura. Sua mãe, dona Clotilde, orienta a filha em leituras nacionais e estrangeiras, em especial as francesas. O fato de gostar de ler estimula Rachel aos seus primeiros escritos, contudo não os mostrava a ninguém, era uma jovem tímida.
Em 1926, nasce sua irmã caçula, Maria Luiza. Rachel teve três irmãos: Roberto, Flávio e Luciano, falecidos. Em 1927 começou a escrever para o jornal “O Ceará” , do qual se tornou mais tarde redatora efetiva. Em fins de 1930 estreou com o romance “O Quinze”, um livro sobre a seca, com uma boa repercussão no Rio de Janeiro, publicado em 1930. Uma jovem nordestina de 20 anos consegue adentrar o mundo literário na capital do país, é um fato de chamar a atenção. E Rachel foi além, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
Em 1931 viaja ao Rio de Janeiro para receber o Prêmio Graça Aranha devido a publicação da obra O Quinze. Neste mesmo ano conhece José Auto, poeta e bancário do Banco do Brasil em Recife.
Em 1932 faz parte do Partido Comunista, porém entra em divergências com seus companheiros e decide abandonar a militância política. Sua maior discussão com o Partido foi devido a obra João Miguel. O protagonista é um operário que causa um crime e este fato não agradou aos camaradas militantes. O camarada Silva exige que ela mude o enredo da história, exigiam que o personagem fosse a vítima e não o agressor. Não concordando com as ordens da direção do partido, considerou Raquel que o melhor seria não fazer mais parte daquele grupo político. No mesmo ano, Augusto Frederico Schimidt publica esta obra. Também neste ano casa com José Auto. Dias depois ao casamento José Auto é transferido para Itabuna, mudam-se para Bahia. Em Ilhéus Raquel e o marido são recebidos por Jorge Amado. Ficam hospedados na casa do escritor baiano (que Raquel conhecera no Rio de Janeiro, aos 19 anos) até a residência do casal ficar pronta em Itabuna. Um ano depois nasceu Clotilde (homenagem a avó materna), filha de Raquel e José Auto.
Fevereiro de 1935 morre por causa de meningite a pequena Clotilde, filha única do casal. Voltam a morar no Ceará, no bairro do Pici, em Fortaleza.
Em 1937 é presa na capital cearense sendo acusada de comunista, na ditadura de Getúlio Vargas. Seus livros foram queimados em praça pública. Na prisão escreve seu terceiro livro Caminho de Pedras, onde retrata suas decepções em relação ao Partido Comunista, conflito entre os operários e os intelectuais de militância.
Raquel, em 1939 separa-se de Auto e volta a morar no Rio de Janeiro. Desquitada e tentando superar a morte da filha, a escritora dedica-se a mais uma obra literária, escreve As Três Marias, um romance quase memórias, no qual relembra os bons tempos do Colégio Imaculada Conceição, em Fortaleza.
Aos 30 anos, em 1940, Raquel conhece Oyama de Macedo, um amigo de Pedro Nava (seu primo, médico e também escritor). O médico goiano Oyama de Macedo e Raquel de Queiroz resolvem viver juntos no bairro Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Em 1945 eles mudam-se para a Ilha do Governador.
Enquanto o marido dedicava-se a saúde pública, Raquel em jornais. Colaborou no Diário de Notícias, no O Jornal, no Correio da Manhã, no periódico que ela fundou, o Vanguarda e no Última Hora. Trabalha também como tradutora na Editora José Olympio.
Em 1961 é convidada por Jânio Quadros para ser a Ministra da Educação, cargo este que ela recusa e diz: sou jornalista e quero continuar sendo apenas jornalista.
Apóia em 1964 o Golpe Militar brasileiro. A escritora justifica que era contra Jânio Quadros porque este representava ocultamente o Getulismo, regime do qual Raquel foi vítima.
Em 1966 representa o Brasil na 21ª Sessão da ONU, como delegada da Comissão dos Direitos Humanos.
O ano de 1975 marca o retorno de Raquel de Queiroz na escrita de romances, ela publica Dôra, Doralina, mescla de sertão com partes do mundo.
Em 1977, a 4 de novembro, ingressou na ABL, Academia Brasileira de Letras, aos 67 anos, tomando posse à cadeira de número 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães. Ano que marcou a história dos brasileiros: primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a legalização do divórcio no Brasil.
1982 trouxe tristeza a Raquel, morre seu companheiro Oyama de Macedo.
Dez anos após a morte do segundo marido, Raquel de Queiroz publica Memorial de Maria Moura. Em 1994 a Rede Globo lança a minissérie homônima. A escritora recebe da empresa televisiva a quantia de US$ 60.000,00 pelos direitos de adaptação.
Em 1995 escreve com a irmã Maria Luiza um livro de memórias. Publica em 2000 o livro Não me deixes. Em 2002 um livro de crônicas Falso mar, falso mundo.
A 4 de novembro de 2003 morre Raquel de Queiroz, treze dias antes de completar 93 anos.
OBRAS
•O quinze, romance (1930)
•João Miguel, romance (1932)
•Caminho de pedras, romance (1937)
•As Três Marias, romance (1939)
•A donzela e a moura torta, crônicas (1948)
•O galo de ouro, romance (folhetins na revista O Cruzeiro, 1950)
•Lampião, teatro (1953)
•A beata Maria do Egito, teatro (1958)
•Cem crônicas escolhidas (1958)
•O brasileiro perplexo, crônicas (1964)
•O caçador de tatu, crônicas (1967)
•O menino mágico, infanto-juvenil (1969)
•Dora, Doralina, romance (1975)
•As menininhas e outras crônicas (1976)
•O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
•Cafute e Pena-de-Prata, infanto-juvenil (1986)
•Memorial de Maria Moura, romance (1992)
•Teatro, teatro (1995)
•Nosso Ceará, relato, (1997) (em parceria com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
•Tantos Anos, autobiografia (1998) (com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
•Não me deixes: suas histórias e sua cozinha, memórias gastronômicas (2000) (com Maria Luiza de Queiroz Salek)
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rachel_de_Queiroz
http://www.releituras.com/racheldequeiroz_bio.asp
http://www.geocities.com/~rebra/autoras/1port.html
ACIOLI, Socorro. Raquel de Queiroz. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2003.