PREFÁCIO

SOARES DE MACAU

Soares de Macau,

Fotográfo que foi lendo a realidade através das suas lentes,

Melhor dizendo, sua lente.

Percorrendo as ruas, os becos, as festas, as danças, as rezas,

Guardando os sorrisos, os choros, os abraços, as brigas,

Os encontros e os desencontros,

Que a Terra do Sal foi permitindo eternizar.

Daí nasce a sua poesia.

Dizem que a maior frustração do fotográfo é não poder se fotografar.

Com Soares não é diferente, e para dar a volta por cima,

A poesia foi o caminho da arte que escolheu

Para quebrar essa fissura, ou quem sabe, colocar

Uma argamassa em mistura de poeira salgada e luta,

Para se auto-fotografar. À medida que vai escrevendo a história retratando,

Vai declamando no silencio do coração, para somente depois tornar conhecido

O que passa por dentro desta sua alma, que olha tanto para as imagens mais profundas das pessoas que seu oficio oportuniza.

Sua poesia fala da angústia de construir imagens

Que como diria Heráclito, nunca mais serão as mesmas,

Não obstante se gravar através do diafragma contemplado naquele instante,

Nunca mais será a mesma cena. Segundos depois o tempo já é outro.

O vento que passou já está mais adiante, e por isso adicionando as digitais que tocara

A sua aventureira viagem pelos alagamares, cercos, montanhas de sal e o infinito do mar

Que nossos olhos não conseguem enxergar o seu limite – quem olha o mar não ver o fim, somente o começo e por isso a outra parte é poesia;

O sol já andou, aqueceu, e o ocorreu um eclipse e seus raios cumpriram naquele momento sua missão de fazer nascer, crescer ou mesmo morrer, e para quem crer ressuscitar depois da festa da Conceição com os cordões azul e encarnado,

Ainda com as intrigas momentâneas de quem perdeu com quem venceu. Tenho fé em Deus que o povo de Macau não há de deixar morrer os cordões azul e encarnado. Deixar isso ocorrer é matar um pedaço do povo, da alegria, da festa e da fé!;

As fisionomias das pessoas se transformaram, quem sabe ficaram mais novas e belas, mesmo que aos nossos olhos envelheceram, brilham mais intensamente, ou deixaram de espelhar luz carregada de emoção, insegurança ou murcharam por qualquer motivo.

Que bela arte a de fotografar!

Que bela arte a de poetizar!

Soares reúne as duas coisas na hora da fotografia e da poesia.

Assim, sua fotografia é uma bela poesia e sua poesia uma fantástica fotografia!

As duas estão registradas como momento que não voltam mais.

Afortunadamente registradas para ele e para nós pudermos beber outra vez

O que se deu em cena, arte ou não, todavia depois disso, nunca mais perderá

O status de arte, ou seja, ‘o ser em estado de contemplação’!

O que fora arte passou a ser arte,

E o que era feio passou a ser arte,

Pela arte da fotografia e da poesia.

Convido o(a) caro(a) leitor(a) a fazer esse caminho por estas páginas!

Pe. Antônio Murilo de Paiva

Poeta

Raizes da vida
Enviado por Raizes da vida em 07/10/2009
Código do texto: T1852223
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.