A corrida de minha vida!
Sempre fui, de acordo com opiniões de alguns doutores pelo quais tive a primazia (ou o desprazer ..) de passar por consulta e/ou tratamento, um paciente “quase-modelo”!
Sempre fui do tipo que dei crédito a todo profissional especialista de qualquer área.
Obviamente temos todo direito de não aceitarmos a primeira avaliação sobre quaisquer assuntos, principalmente em se tratando de nossa saúde! E (ainda …), somos livres para buscarmos outras opiniões se não tivermos a devida credibilidade no diagnóstico que nos foi passado.
Em sendo assim, sempre procurei manter-me “sintonizado” com minha saúde e minha qualidade de vida, procurando orientações na mídia escrita, falada e televisada sobre “quase tudo” que diz respeito ao que nos propicia um boa forma de viver.
À revelia de opiniões machistas e sem propósito que muito ouvi nos locais de trabalho, grupo de amigos na rua ou na família, deveria ter realizado meu primeiro exame para controle de próstata logo que adentrei à família dos “enta” (ao atingirmos o quarenta anos de idade, só saímos desta família se atingirmos os cem …), porém, por desinformação, desinteresse, incentivo ou qualquer outro motivo, não o fiz!
Lembro-me perfeitamente da primeira vez em que realizei o “malfadado” exame de toque!
Corria o ano de 1994 e eu estava “engajado” num grupo de colaboradores de uma multinacional do ramo laboratorial e houve uma “convocação” para aqueles com idade acima de quarenta anos de idade, para que comparecessem em dia e horário previamente marcados ao ambulatório médico para realização deste exame preventivo.
Foi uma corre-corre generalizado dentre aqueles que estavam “na linha de risco”. Além do “aparente constrangimento” pelo qual passariam, com as inevitáveis piadas que ouviriam dos demais colegas de trabalho que ainda não haviam atingido esta faixa etária, teriam ainda de passar pelo “vexame” de encarar as colegas de trabalho, que até prova em contrário, os estariam olhando com um sorriso dissimulado no canto dos lábios!
Meu amigo Lupércio, que assim como eu, estava enquadrado dentre aqueles “convocados”, acercou-se de mim e confidenciou:
— Neste dia, vou arrumar uma desculpa qualquer e não virei trabalhar! Será uma boa ocasião para “arranjar” uma morte para a minha sogra …
Sorrindo brinquei com Lupércio retrucando:
— Que nada, amigão! Dependendo do calibre do dedo do médico, pode até ser que gostemos queiramos realizar este exame mensalmente …
Meu amigo também sorriu, porém, constatei que o espírito machista falava mais alto e que assim com ele, vários dos outros colegas de trabalho arrumariam qualquer outro tipo de desculpa e tentariam se esquivar de tão importante passo em suas vidas.
Embora não me afetando diretamente, haja vista o estágio de alto controle relativo as minhas necessidades pessoais em busca de uma boa qualidade de vida em minha idade mais avançada, confessadamente também senti “certo constrangimento” durante o período que antecedeu o dia para o exame, previamente marcado.
Brincadeiras do tipo: “E aí? Quando estiver realizando o exame, verifique se o médico não está com as duas mãos nos seus ombros …” eram a tônica para nós, passíveis da realização …
Lupércio continuava preocupado:
— Pô, Hermes! Queria saber quem foi o engraçadinho que inventou esta história desse exame! Com certeza ele mesmo não foi realizar …
E não adiantava eu retrucar, dizendo que era importante este exame, que prevenir é melhor do que remediar, etc.
Lupércio sempre dizia:
— Pimenta nos olhos dos outros é refresco! Nem contei em casa que fui convocado para realizar este exame! Não sei se teria coragem de olhar para a cara da Clotilde se ela souber que fiz este tal de “exame de toque”!
De minha parte, eu já havia comentado em casa acerca da convocação e que “havia marcado bobeira” de não ter realizado este exame há mais tempo. Minha família me deu a maior força e disse que isso era comum e que os profissionais da saúde faziam isso de forma rotineira e que eu deveria encarar de forma natural, obviamente com algum constrangimento natural mas que seria perfeitamente aceito quando me explicassem perfeitamente todo o sentido de sua realização!
Comentei acerca das “cismas” do Lupércio e todos foram unânimes em afirmar que este não era um caso isolado e que é mais comum do que se pensa estes “repentes” de machismo e de “aversão” à esta prevenção!
No dia e horário marcados para o exame, compareci ao consultório clinico da empresa e realizei o “famigerado exame de toque”. Confesso que fiquei surpreso com a eficácia e rapidez com que o mesmo foi realizado e com a tremenda psicologia utilizada pelo doutor que o realizou que, em nenhum momento deixou com que o constrangimento tomasse conta do ambiente …
Me tranqüilizando ao máximo, o doutor disse que seria de bom teor que eu realizasse um exame complementar de sangue, afim de verificar o nível de PSA, o que tornaria o diagnóstico mais consistente.Sai do exame um pouquinho “desconfiado” e já no caminho de volta ao meu setor, já tive de enfrentar algumas piadinhas feitas por alguns colegas de trabalho …
Alguns dias após, compareci novamente ao ambulatório médico da empresa com o resultado do meu exame sanguíneo e fui informado de que estava tudo bem e que eu deveria repetir o exame após aproximadamente um ano.
Convém ressaltar que no dia seguinte da realização do exame, encontrei o Lupércio, que com ar triunfante e em meio aos outros colegas do setor, também fez algumas piadinhas à respeito do exame que eu realizara, enfatizando:
— E aí, Amigo? Gostou do “dedão do médico”? Ta louco, seu! Imagina se eu vou me prestar a isso? Caí fora rapidinho … inventei até uma morte em familia e nem vim trabalhar ontem …
E cairam todos em uma sonora gargalhada!
O tempo foi passando, e eu, convicto de minhas reais necessidades, enquanto com idade superior aos 40 e visando uma boa qualidade de vida em minha “idade geriátrica”, fui realizando os meus exames e me tornando um “expert” no conhecimento de meu próprio corpo e organismo!
Corria o ano de 2005 e, ao realizar o meu já “costumeiro” exame, o jovem doutor que o realizou, detectou alguma diferença nas dimensões de minha próstata e, tranqüilizando-me ao máximo avisou-me que iria solicitar uma ultrassonografia com biópsia, com 10 amostras, apenas para “desencargo de consciência”.
Não me fiz de rogado e depois de um “sofrimento incrível”, que se realizado à sangue frio como foi realizado em mim não desejo nem para o meu pior inimigo, levei ao resultado para o solicitante.
Após a devida análise, o doutor disse que nada havia sido detetado e que continuava tudo bem, sendo que eu deveria retornar no próximo ano.
Assim procedi e, em 2006, realizei os exames normais e também não foi detetada nenhuma anomalia relevante no meu estado clinico.
Em meados de 2007, eu notei uma pequena alteração na minha micção quando despertava. Como eu disse anteriormente, havia adquirido um controle “quase perfeito” sobre o funcionamento do meu organismo e se algo não andasse bem com o mesmo, eu já entrava em “estado de alerta”. Notei que o jato da urina pela manhã não estava apresentando a mesma “potência” que apresentava durante o transcorrer do dia.
Antes do prazo estipulado para a realização dos meus habituais exames, dirigi-me a uma consulta com um UROLOGISTA pertencente ao quadro de médicos do convênio que possuo e mencionei o fato. O mesmo, sem realizar o exame de toque, solicitou que eu realizasse um exame de sangue para verificar o meu nível de PSA.
Assim procedi e ele constatou o que mesmo apresentava uma significativa alteração.
De imediato, solicitou (para meu desespero …) que eu realizasse uma nova ultrassonografia com biópsia. Cheguei a brincar com o doutor dizendo:
— Doutor! Daria para o senhor desta feita pedir uma quantidade de amostras menor do que 10 … Não foi mole esta “coleta” de 10 amostras …
Ao que o mesmo respondeu:
— Vou solicitar 12 amostras … Não existe mais a solicitação de 10 amostras quando vamos realizar uma ultrassonografia da próstata. Com 12 amostras temos um resultado mais significativo.
Embora “pego de surpresa” com esta afirmação aceitei “numa boa, pois sabia da real necessidade e confiava no solicitação do jovem doutor.
Lancei mão do pedido médico e “fui à luta” …
Em poucos dias recebi o resultado e “tentei” marcar uma consulta com o jovem doutor que o havia solicitado. Fui informado pela atendente de marcação de consultas que o doutor havia se desligado do convênio e que ela teria uma vaga para um meu atendimento com um outro médico da equipe somente dali a aproximadamente um mês.
Embora um pouco constrangido por este fato, não me fiz de rogado e consegui marcar uma consulta em um tempo menor com um outro médico pertencente a uma clinica conveniada.
No dia da consulta, ao entregar o resultado do exame e após a verificação do mesmo pelo profissional de saúde, percebi claramente que ele ficou meio constrangido antes de dirigir-me as seguintes palavras:
— É, senhor Hermes! Infelizmente não tenho boas noticias …
Mantive a calma e serenidade e respondi:
— Então doutor? Há algum problema, não?
Ao que ele argüiu:
— Bem … em uma das amostras há sintomas de um tumor. Porém, como foram 12 amostras e em somente uma há este sintoma, dos males o menor! Está perfeitamente localizado e a grande tendência é de que não houve enraizamento e em sendo assim, probabilidade de cura total é muito grande …
Suspirei fundo e indaguei:
— Não devo me livrar de uma cirurgia, não é mesmo?
O doutor fitou-me por alguns instantes e, acredito, percebendo a forma “receptiva” com que eu havia ouvido o diagnóstico desfavorável, devolveu:
— Sr. Hermes, há três possibilidades de tratamento para este seu caso específico e somente o senhor poderá decidir por aquela que julgar melhor. Obviamente tenho a minha própria opinião, porém, não a externarei para não sugestioná-lo!
Uma primeira possibilidade, que apresenta um percentual de aproximadamente 70% de chances de uma cura total é o método que chamamos de “raspagem”, que consiste em, via o canal da uretra irmos diretamente ao ponto onde foi detetado o tumor e efetuarmos uma raspagem para a sua eliminação. É um processo razoavelmente simples e o senhor será internado em um dia e dependendo de sua própria recuperação poderá ter alta no mesmo dia.
Uma segunda possibilidade, que apresenta o mesmo percentual de cura total informado anteriormente, é a implantação de uma “semente”, também via canal da uretra, que combaterá as células que se encontram “doentes”.
Esta é uma opção recente que não esta sendo feita por todos os hospitais ainda. Não estou muito certo se o seu convênio possui a devida cobertura para esta realização.
E a última possibilidade é a da erradicação total da próstata. Aqui, teremos um percentual em torno de 90% de chance de cura total! Como se trata de uma cirurgia invasiva de grande porte, sua internação se dará no dia anterior ao da realização e, dependendo da recuperação, sua permanência no hospital deverá ser em torno de três a cinco dias!
Infelizmente, não sou credenciado pelo seu convênio para a realização desta cirurgia e, em sendo assim, aconselho-o a procurar em curto espaço de tempo o seu convênio para verificar quais os locais que poderia procurar para encaminhar o processo.
De minha parte, preencherei o pedido para a realização dos procedimentos e ficarei torcendo para que tudo corra bem para o senhor. Não podemos garantir nada, porém, pelo que vi na sua ultrassonografia com biópsia, volto a repetir, o tumor está perfeitamente localizado e não deverá haver muito problema para que haja uma cura total!
Com total controle da situação, esbocei um sorriso e disse ao doutor:
— O que tiver de ser, será! Eu já me decidi pela erradicação total. Antes mesmo de que o senhor me apresentasse as alternativas eu já tinha em mente que optaria pela retirada total da próstata!
Em sendo assim, como o caso estava consumado, só me restava ouvir as opiniões de autoridades no assunto CANCER DE PRÓSTATA para saber quais as possibilidades mais imediatas de “atacar o problema”!
Para isso, contei com a força e dedicação de minha adorada família, com a força de minha FÉ, primeiramente em Nosso Ente Superior Que Rege Os Nossos Caminhos Por Aqui e “segundamente”, no meu Santo de Devoção (desculpem-me os Evangélicos …) São Judas Tadeu.
Tudo isso, somados ao meu buscado “controle emocional” e à competência do Urologista Dr. Reinaldo, que, dentro de uma “calma oriental” e discernimento a toda prova me apresentou novamente as três possibilidades que eu tinha para “tentar” resolver o meu problema:
01) Uma raspagem localizada, haja vista, segundo o que me foi dito, o nódulo estar bem localizado (afinal, apresentou malignalidade em apenas uma das 12 amostras retiradas …). De acordo com o competente doutor, haveria uma garantia de cura total em torno de 70 a 75%.
02) Uso de uma nova técnica, que consiste na colocação de uma espécie de semente, que combate as células cancerígenas e que está sendo disseminada ultimamente no Brasil. Porém ele não poderia garantir se este procedimento é coberto pelo PLANO DE SAÚDE AMESP, do qual sou associado. Neste caso, como o primeiro apresentado, haveria uma garantia de cura total em torno de 70 a 75%.
03) Erradicação total da Próstata! Apesar de ser uma decisão mais radical, que poderia deixar algumas seqüelas, tais como: incontinência urinária, impotência …, dava uma garantia total de cura, cujo percentual ultrapassa a casa dos 90%.
Dentro da ética médica que norteia a conduta deste competente profissional, o Dr. Reinaldo, após apresentar-me as três possibilidades, deixou-me à vontade para decidir com a qual eu ficaria.
De pronto, sem qualquer dúvida, pois antecipadamente eu já havia tomado conhecimento “en passant” destas possibilidades, “fiquei” com a terceira, que me dava uma possibilidade bem maior e garantida de “cura total”!
Aí, o Dr. Reinaldo deu o seu parecer, dizendo que ele também julgava a melhor escolha e que, obviamente, não havia mencionado antes para não influenciar na minha escolha.
O passo seguinte foi “tramitar” com os pedidos de exames, de marcação de internação e da cirurgia, que ficou agendada para 26/10/2007!
Não me deixei abater em momento algum pelo “raio que se baixou” em minha vida e em nenhum momento deixei transparecer qualquer sinal de preocupação para aqueles com os quais convivo cotidianamente!
Em agosto/2007, meus queríssimos: esposa, filhas e genros, organizaram uma festa-surprêsa para comemorar o completar dos meus 60 anos.
Com exceção dos meus queridos acima citados, todos os outros convidados desconheciam a cirurgia que para mim estava programada e a alegria campeou!
Na data especificada a cirurgia foi realizada e, Graças a Deus que, disto não tenho a menor dúvida, guiou e orientou a equipe médica comandada pelo excelente cirurgião Dr. Reinaldo, rumo ao sucesso total.
Decorridos 13 dias da realização da cirurgia, compareci ao consultório do Dr. Reinaldo que retirou a sonda que me “incomodava um pouco”. Para grata surpresa do Doutor, não havia sinais de que a seqüela relativa à incontinência urinária “vingaria” para mim e a relativa à IMPOTÊNCIA, embora não fosse o escopo para uma conclusão antecipada do ponto de vida clínico, levava a crer que não “vingaria” também!
Após analisar o resultado da biopsia que foi realizada na próstata retirada, o Dr. Reinaldo fez questão de me cumprimentar dizendo que eu era mais um seu paciente CURADO!
Em 12/11/2007 eu já estava retomando o trabalho de ministração de um curso na Bolsa de Valores SP, que havia interrompido em virtude da cirurgia e em 18/11/2007, “parti” para a cidade de Bauru (interior de São Paulo) para assumir um trabalho temporário de consultoria em Informática, em uma Multinacional sediada na cidade de Pederneiras, distante aproximadamente 30 km de Bauru.
Convém salientar que “me encontrei” nesta aconchegante cidade, na qual encontrei “ainda” alguma tranqüilidade, clima “ainda” não muito poluído, a maioria da pessoa do povo “ainda” receptiva e qualidade de vida “ainda” a contento!
Retomei minhas caminhadas e “trotes” por suas tranqüilas ruas, rodovias e “belíssimo (aos meus olhos …)” Parque Ecológico!
Com tudo isso e com a devida liberação dos doutores especialistas nas áreas ortopédica, cardiológica, gastroentereologista e urologista (agrego aqui também o “tratamento” nutricional que iniciei em setembro/2007 com HERBALIFE …), em Janeiro/2008 “desfilei” devidamente acompanhado por meu primo em segundo grau (que devido à diferença de idade passou a ser meu sobrinho … rs,rs,rs) Emanuel, pelas ruas e avenidas da cidade de São Caetano do Sul, realizando aquela que reputo como sendo, A CORRIDA DE MINHA VIDA, aquela que me mostrou como é salutar seguir, na medida do possível, os preceitos de uma vida “quase totalmente” regrada, para obtenção de uma QUALIDADE DE VIDA razoável quando a 3ª IDADE CHEGAR!
Ficou interessado em saber mais sobre o assunto PRÓSTATA?
Visite o endereço que repasso abaixo. É um bom artigo que nos dá uma excelente visão sobre todos os sintomas, procedimentos, etc.
http://www.uro.com.br/faq_pros.htm