Tenho medo de dizer Adeus e deixar minha ausência solta entre as lacunas das pessoas que me tem carinho, que me tem apreço, que me tem confiança, que me tem admiração, que me ama... Mais mora em mim a curiosidade dessa minha falta, desse meu “não” mais existir entre sons, entre gritos, entre lagrimas, entre xingamentos, entre poesias, entre canções... Entre promessas!
 
Tenho medo de ir e não voltar... Mais tenho muito mais medo de ir e voltar sem brilho, voltar sem beleza no olhar, voltar sem a pele dourada e com as marcas do biquíni... Tenho medo de voltar e ter que esperar pela confiança de que o tempo corra que as horas voem... E que me seja injetada a esperança do sorrir mais largo, mais verdadeiro e que não cause mais dor o ato de mexer o maxilar e sorrir... Sinto saudade de gargalhar, rir até chorar... Sinto falta do abraço que me estale as costas!
 
Tenho medo de dizer Adeus, prefiro o até breve... Até logo... Até algum dia... Mais se eu lhe disser Adeus... Não me responde na mesma palavra, sinal que amanhã já não farei parte de suas lembranças... De um período de descobertas... De um momento de dificuldade... De uma saudade...
 
Quantos foram os amigos que eu doei meu sono, quantos foram os entes queridos que de graça ofereci minha companhia... Quantos foram às pessoas especiais que me preocupei, enquanto esquecia de cuidar de mim e a que ponto cheguei...
 
A vida me mandou parar, me disse cuidado... “Poderás dizer Adeus!”... Não quero! Não mereço... Preciso correr entre as montanhas que a estrada corta, preciso respirar bem forte o ar puro... Preciso aguardar que meu pé de manga amadureça, a fim de, provar o doce sabor da fruta que me traz um leve sorrir no olhar...
Preciso olhar nos olhos azuis de minha mãe e lhe pedi perdão se no momento mais difícil eu decidir ir embora, porque não tinha coragem de acompanhar a tortura que a quimeo causava em seu corpo, em sua forma física, em seu humor.... Mais confesso, que foi na imagem de minha mãe que achei a coragem e a determinação de ir enfrente e vencer... E talvez isso me faça ter medo de dizer Adeus!
 
Meu pai...
Tenho medo de lhe dizer Adeus, homem do mundo, homem que fez da boleia de seu caminhão sua 1ª casa... Minha melhor referencia de liberdade, vento no rosto, barulho da maquina rasgando o vento e correndo solto na banguela e o coração disparado pelo infinito que lá longe se imaginava ser o fim da estrada... O homem que amei, minha referencia de bondade, minha referencia de causos, estórias fantásticas, imaginárias e mentirosas que me fazia rir de criar lágrimas nos olhos, meu velho pai... Tenho medo de lhe dizer Adeus!
 
Não quero dizer Adeus, pois sei que não verei a reação da palavra nos olhos, nos lábios, no corpo e na alma de todos que me ouviram na data de hoje...  Amizades distantes, amigos longes, palavras ditas entre lagrimas que a voz traz em meus ouvidos pelo nó que a garganta dá e que desejam não transparecer a mim... Mais somos almas transparentes e amigos de verdade sentem, percebe, conhece todos os disfarces para amenizar qualquer dor e ou sofrer de quem se gosta... E eu gosto tanto de você, que tenho medo de lhe dizer Adeus!
 
Mais se Adeus eu disser, que minha alma vire pó e seja levada pelo vento sob qualquer água corrente... Assim continuarei correndo em busca de entender o Adeus deixado... Se fui realmente uma boa amiga, se realmente fui uma querida filha, se não sufoquei ou incomodei pessoas especiais com meu silencio ao dizer “Alô!”... Saiba, só queria sentir o calor de não estar só...
 
Tenho medo de dizer Adeus... E não entender a falta que poderia fazer, ou o alivio que de alguma forma poderei fazer alguém sentir e ao descobrir, me perder na poeira que fica sob o chão imundo da estrada de terra batida...
 
Tenho medo de dizer Adeus e ser respondida...
Tenho medo de dizer Adeus... E só ouvir o silencio gritante... Que só se quebrará quando o riso vir de pequenas frases ditas por mim, de pequenas historias malucas escritas por mim, de promessas feitas para outro cumprir, de dedicação que dei sem a menor pretensão de tê-la ou cobrá-la da mesma forma...
 
Tenho medo de dizer Adeus e por isso corro, vôo, sumo e volto no repente para te lembrar que busco outra palavra que possa substituir o “Adeus”... Mais se eu for e não mais me ver... Não fique triste, somente achei um jeito de me despedir daqueles que amo, com o meu mais inconfundível !!Silêncio!!
 
Mais preciso enfrentar o Adeus e buscar os dias, as horas novos motivos para reconstruir meu sorriso, retocar o brilho nos olhos... Correr para os braços de meu pai e somente abraçá-lo forte enquanto percebo a vida me molhando pelas lagrimas dos olhos dele... Passear de mãos dadas com minha mãe pelos jardins enquanto ela passa orgulhosa a mão no seu cabelo cheio de charme... Virar a noite nas esquinas das Docas de Sousa Franco com uma garrafa de absinto vazia cercada por fieis amigos que me abraçam em uma unidade mágica... Poder seguir a procissão de minha NAZARÉ em seu Outubro esplendoroso e é nessa fé que me pego e me entrego...
 
Amanhã é o dia do Adeus...
 
                             Adeus a possibilidade de dizer Adeus!!
 
 
 
Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 27/08/2009
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T1778648
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