Infância Pobre, Porém Feliz
Nasce Clarice, menina pobre.
Ainda criança, não entendia muito bem o mundo, a vida. Na inocência, ignora o preconceito e o egoísmo em qual vivia.
Queria estar sempre com outras crianças fossem elas pobres, ricas, brancas ou de côr.
Mesmo sentindo na pele, por não ter um pedaço de pão para comer na maioria de teus dias, isto pelas dificuldades da vida.
Mesmo assim me sentia uma criança feliz na infância.
Sempre muito bem-disposta, brincava de tudo um pouco.
Era uma autêntica ginasta nas relvas e nas árvores.
Andava em carrinho de rolemã, brincava de casinha, de esconder, de queima e quando caia a noite, ainda tinha energia para pegar pirilampos e os passava na roupa para brilhar.
Frequentava a creche e a escola da cidadezinha onde morava.
Embora para ter tanta vontade de viver assim, eu me sentia obrigada a sair pedindo pelas casas, um pedaço de pão, comida e também pedia roupas velhas.
Dizia para as pessoas que era pobre e que minha mãe não tinha dinheiro para comprar nada em casa.
E ganhava de tudo. Pão, comida, roupas, calçados e até mesmo brinquedos velhos e voltava para casa contente da vida.
Minha família mudou para vários lugares do interior de São Paulo e para outros estados para trabalhar, em busca de uma vida melhor.
Em cada cidade que chegávamos para morar, logo queria saber onde ficava a escola pois também gostava muito de estudar, me sentia importante e sonhava em ser alguém um dia.
Mas um dia minha mãe resolveu ir para a cidade grande. São Paulo.
Nesta altura, eu já estava com nove anos e daí tudo mudou na minha infância.
Já não podia mais brincar porque tive que começar a cuidar dos meus irmãos menores e também cuidar dos afazeres de casa e só me restava tempo para ir à escola.
Tinha que ajudar a minha mãe pois ela trabalhava fora.
Passou um tempo, eu tive que ir trabalhar para ajudar em casa e com isso parei com os estudos. Não tive escolha.
Então foi aí que tudo na minha vida mudou mesmo.
Como já estava na adolescência, já sabia e entendia muito bem todas as dificuldades em que vivíamos e foi aí que começou realmente o sofrimento.
E a infância feliz da menina pobre termina aí.
Que pena!
Apesar de todas as dificuldades que tínhamos, eu fui uma criança linda, cheia de vida e alegre.
Eu era feliz e não sabia disso.
É. Passou. Só ficaram recordações.
Que saudades!