OS ETERNOS ARTISTAS DE CORRENTINA
Parte I
Abrimos este artigo homenageando o mais completo artista da cultura correntinense, em todos os tempos. Não é uma opinião de filho, mas de uma sociedade, unânime ao reconhecer em Raimundo Martins da Costa, Iôzinho, o grande artistica: o ator, orador, cantor, poeta, escritor,  músico, declamador de versos, alfaiate de sua própria corte,  diretor teatral; impecável na organização de bailes e festas folclóricas; cartola, decorador, artista plático, conselheiros de jovens, servidor público federal... O popular Iôzinho  fez seguidores no oeste baiano. 

Infelizmente não tínhamos nós, seus filhos, noção de sua grandiosidade e quando a percebemos, muito de sua trajetória artística já se havia perdido no tempo e na memória, dos que com ele  compartilharam esse áureo período de sua artistica na cidade de Correntina na Bahia.  

Correntina ERA uma cidade que respirava arte:  musica, teatro, esporte. Festas por excelência e qualidade. O último movimento clássico, foi o Baile do Havai, que chegou a década de 2000, antes de se extinguir por completo. A música, o esporte e o teatro eram  disciplinas obrigatórias além das salas de aulas. A vida assim requeria de cada um,e a sensibilidade artística e de onde menos se esperava, surgir uma estrela, ou um astro de lua própria. Fosse cantando, declamando versos; escrevendo poemas, sobre um palco e no meio da rua. A arte estava na veia de uma geração que viveu o apso da cultura de nossa cidade. 

O sonho era um desejo latente nas pequenas mentes e corações;. Crianças que buscavam em velhos e novos talentos, o referencial que se concluía no bordão que contamina a todos:  - Quando eu crescer quero ser igual a fulano, beltrado... Hoje, ninguém quer ser igual a ninguém, pois além de não se ter referenciais, muitos dos jovens de hoje, mal sabem que eles mesmos são.  Sem querer entrar na particularidade dos dias atuais, quase que vazios de novos valores, onde poucos se destacam.  Temos destaques, mas de certa forma, vivem no anonimato, por falta de programas de incentivo a cultura.  Temos Dominique Faislon, Badú Araújo, Zacarias e a familia Corsino, um celeiro de artistas, Temos Alice, temos Vavá, Lacercio Correntina, Henrique Soares... Jovens artistas que bem nos poderia conduzir aos aureos tempos em que Correntina era cuoltura viva.  

Quem na década de 60 não queria ser igual um dos músicos da velha filarmônica, regida pelo mestre Nemésio! Quem na década de 50, certamente não desejaria ou tocar no conjunto de AldeGundes Joaquim de Araújo, Rochinha, Seo Hélio Alves ou na década de 70, tocar ou bailar ao som do  Conjunto dos Tabajaras ou da  Banda GeraSom ?  Quem não sonhava ser  tocador de Tuba qual a Geraldo Corujão! Ser tocador do Trompe de vara que imortalizou a saudosa figura de Pedro Ferreira?  Tocar sax, qual a Liozírio, Queno, Zé Bezerra Valdo do Porfírio e Tonho de Rafael ?  Quem não gostaria de cantar nas serestas com Iôzinho, Teófilo Guerra, as irmãs Bezerra e tentar aproximar-se, em uma imitação grosseira, do inimitável Claudionor Ferreira da Rocha, Canô!
Finalmente, que não admirava e fervorosamente não vivia a musicalidade sacra das Dioras!?

 Para que tudo isso não caia definitivamente no esquecido, não se perca nas memórias que se apagam no decurso da vida, é que tomei a iniciativa de escrever, registrar, minhas memórias acerca das coisas que  vivi e que ouvi contar, da história desta terra, apego de todos nós. Tenho certeza de que aqui tem um pedacinho de cada um de nós, por vezes oculto em simples lembranças, que afloram ao  rememoramos nossa terra, nossa gente, nossos artistas. 


Nazinha - Nair e Ni  - Diora e Lelé

As Dioras; não poderiam passar batidas ao rememorar um pedaço que seja da história de Correntina. Elas são parte do contexto sacro, social e trabalhista. Eram todas exímias costureiras estabelecidas no contexto profissional. Tinham duas residências no centro da cidade, antiga rua Dr. Guerra, esquina com a casa de Iozinho, onde mantinham uma pequena fabrica de costura, sob encomenda ou fabricação para expor em suas vitrines.

Próximo que fui e vizinhos, sinto-me gratificado pela tamanha aproximação que fizeram delas, madrinhas por adoção, dos três filhos varões, de  Iozinho.  Javan Carlos  era o pretendido de Nair,  Henrique Luis o pretendido de Lelé e eu Toinho, o pretendido de Diora, a irmã que deu nome as demais. As Dioras.

As Primas Nazinha e Ni acabaram sendo reconhecidas como parte da família das Dioras, todas tinham o mesmo oficio e comercializavam suas produções de forma independente.

Fevorosas  com dedicação ao coral da igreja católica, missas, procissões e ladainhas caseiras,  as Dioras eram pessoas  humanitárias. Membros da Congregação do Coração de Jesus e das Filhas de Marias; agremiações religiosas que se responsabilizavam pela música, organização e decoração da igreja matriz, nos dias de solenidades ou nas rotineiras  missas de todos os dias. Suas vidas foram de plena dedicação a família e a igreja. Lelé, Diora e Nair, na foto acompanhadas pelas primas, irmãs, Nazinha e Ni.

Nenhuma delas se dera  ao casamento, inclusive suas primas, mas provaram e gozaram da experiência materna,  ao assumirem a maternidade das sobrinhas Dina e Ederlina;  (ah! Ederlina!) duas adolescentes que vieram das bandas de Goiás, certamente Posse ou Alvorada, onde vivem parte da familia do velho patriarca,  que partiu de Correntina na década de 40 ou 50, Seo Lúcio; deixando por herança para Correntina, essas doces criaturas, que escreveram parte da história sacra na vida do povo correntinense. Ainda auxiliaram a Tia Enriqueta, que morava na mesma rua da lojas das Dioras,  a criarem as duas filhas adotivas :Maria do Carmo, uma menina riquilida espuleta e Maria  Aparecida a pólvora. Eram duas almas explosivas. 

Quando mais jovens, as Dioras participaram intensamente dos movimentos sociais, principalmente quando o tema era a música. Foram integrantes do terno de cantores e músicos do lendário maestro Aldegundes Joaquim de Araújo - Gundes, outro monstro sagrado da arte musical de Correntina, de quem buscamos informações para compor este trabalho, até então incompleto, enquanto não se incluir um mínimo que obtenhamos, deste gênio de nosso mundo musical.

Suas vidas resumiram aos eventos religiosos,  a dedicação ao comércio e a educação das filhas adotivas, que tornaram herdeiras não apenas dos bens materiais, mas da honra e personalidade das Dioras, que entra para nossa história, com  menção honrosa.

 ...
e assim, de tantos e tantos referenciais, surgiam amanhecer, fazendo de Correntina um verdadeiro celeiro de artistas, nas mais diversificadas áreas: Alberto e Américo Alves do Nascimento; Laércio Correntina, o filho de Canô e Odeilde; Henrique de Jacira, Nonato de Zé de Malvina, Carlinho de Cinza, Badú, Zacarias, Weber, Vavá de Lourdinha, Sorriso, Deminique, Zé Pintor; até o inesperado Henrique Luis, filho de Iozinho, surge de uma hora para outra, com um violão debaixo do braço e uma voz desafiadora.

É Correntina, tudo isso passou...! porque na vida tudo passa, apenas as lembranças ficam, a nos confirmar que os que aprendem com no passado  nada hão de temer no futuro e é por isso que temos tanto a agradecer a esses homens e mulheres, professores, artistas, ´pais, amigos, ídolos;  pelo amanhã que hoje se faz presente. Raros são os frutos, daquela safra que se perderam na vida. Tinhamos politicos éticos, integros, valores referenciais por todos os lados. Tinhamos escolas de qualidade; professoras que mais pareciam mães. Ensinavam, corrigiam, batiam se fosse preciso e nem por isso deixaram de ser amadas. 
 
Foram-se os bons tempos e as boas referências artíisticas, sociais e políticas, dos quais a mocidade se orgulhava e sonhava. Todo mundo sonhava em querer ser igual a bom exemplo e o bem se multiplicava em pequenos gestos, de uns para com ou outros.  Eu sonhava ser um dia igual a Zoroastro Campos Magalhães; outros quem sabe, queriam ser igual a  Dr. Lauro Joaquim de Araújo; Lúcio Alfredo Machado, Pedro Guerra, Valderina Costa, Major Felix, Ena Rocha, Pa. André e Irma Zélia Brandão, Sisi e Evandro Filardi, Clarice Santos, Rosevaldo Lourenço e Ném de Baia, os mestres da zaga nos campos de futebol tantos outros que ainda respiram os ares desta boa terra, que ainda respira e esperança que ´há no porvir.

Lamentavelmente a deturpação sonora, hoje instalada no Ranchão e por toda orla  do rio, tem sido motivo de vergonha e reprovação social; confundem bagunça, barulho, com turismo, liberdade! A musicalidade deu lugar a vulgaridade sonora que tira a paz e agride o direito do outro de não ouvir o que não quer ouvir. Enquanto minha geração  fora educada ao som das grandes orquestras e toda harmonia da música popular; cantada por Caetano, Elias, Roberto, Betânia e tantos outras sagrados e consagrados artístas da MPB; assistimos hoje os jovens  no embalo da mediocridade musical, pornográfica, que se vale da apelação das palavras e corpo feminino numa deplorável mensagem de incentivo ao sexo e as drogas.


Os bailes de fim de ano na casa de Dr. Raul Arantes Costa, era o grande evento anual no calendário da cidade...As vezes eu me esqueço que sou um sessagenario e que meu tempo passou; que o mundo mudou e mudou para, na minha avaliação pra pior, mas não é isso que pensa o jovem que vive o momento da era tecnologica e da escola onde professor não mais dita as regras, mas acaba o decreto que lhe obriga aprovar sem aprendizado.

Ainda resta um consolo; de  que sempre haverá quem aprecie a música popular brasileira, as grandes orquestras, os boêmios que ainda hoje resistem no Bar do Neto Tóta e a fina música, no antigo Hotel de Vivi, patrocinada por  Weden di Sordi, seu neto, que transformou o lugar num forte de resistência, a deterioração da Era; preservando seus traços brarrocos e seu valor cultural no contexto correntinense. A Casa da Dinda, onde no século passado residiu Miro Telegrafista, o Empório da Pizza,  antiga casa Dr. Osmar, o Promotor Público e depois a residencias das Freiras, Professoras, ( Irmãs Pascásia, Cristina, Renato, Conceição) Hoje  esses lugares tem sidos foco de resistencia a banalidade da era; onde por fim temos a sensação de que nem tudo está perdido.  

Mas Correntina padece de uma aminésia cultural, desde que o Prefeito Almir Bispo negociou com o Banco do Nordeste, a sede do Cine Teatro Correntina, certamente alí aconteceu o inicio do fim de uma farta e culta vida social e artistica da cidade. Edificado na década de 30  o cine resistiu até a década de  80;  Foram cinquenta anos de belas hisitórias. Demolico, o palco da cultura e em seu lugar surgiu o Banco do Nordeste. Desde então, a sociedade correntinense viu ruir seus movimentos cultural, sem que nenhum outro político se voltasse para recuperar ou construir, um novo centro de arte e cultura para a cidade. 

É pouco o que sabemos a respeito da vida de nossos artistas; mas creio saber o suficiente para não deixar que a historia passe como uma branca nuvem, que o vento silenciosamente carrega, sem que percebamos. ser o suficiente para se registrar em nossa história, de que temos passado de glória e honra; temos origem, temos um nome, uma identidade cultural que nunca que por tudo que foi, não será jamais esquecida .




Carlos Moreira, ou Calinhos de Cinza 
Desde menino e ainda muito menino, Carlos já mostrava suas tendências artísticas, quando junto com Edson Biscoitão, promovia as réplicas festivas, valendo do calendário das tradições, como festa do Divino, Rosário, Carnaval,  Padroeira, Cavalhadas, os grupos de Ternos, e,  um ou dois dias depois, vinha ele pelas ruas da cidade como Porta Estandarte, vestido de Nossa Senhora ou de Pierrô, seguido por um batalhão de meninos, algumas meninas; desfilando pelas ruas ao som de dobrados regidos por uma uma banda de bambu, que tocava qualquer dobrado na boca, com seu tum tum tum... Desfilavam entre a casa de Anterinhpo  Bar Elite até a praça de Dona Sinhá, onde tudo acontecia.
 
Carlos Moreira, Carlinho de Cinza, foi uma figura que derramava alegria por onde quer que passasse. Irreverente, alegre e impaciente com os seus comandados visinhos,  as filhas e filhos de Odílio França, Taviano, Ozano, Josmira. Assim foi Carlos, assim ele se eternizou nos corações dos meninos e meninas do seu tempo. 

Gostava muito de cantar e foi cantando que o seu talento passou pela aprovação das noites paulista, onde foi morar por alguns tempos. Depois mudou-se para Goiânia, onde já residia os familiares.

Interpretava Elis Regina, Ney Mato Grosso;  Angela Maria, com deboche e arte. Em suas vindas ocasionais a Correntina, apresentava-se  com exclusividade para os amigos, por algumas vezes fez temporada de show aberta ao público, onde mostrava seu talento musical e sua tamanha semelhança a Ney Matogosso, cantor MPB, quando subia ao palco tipicamente trajado. 

Carlos faleceu em Goiania, ainda muito jovem, deixou tanta saudade que ainda hoje perdura na mente e corações daqueles que o conheceram e gozaram de sua leal amizade. 

Geraldo Bezerra, atuou de forma brilhante no cenário musical correntinense, entre os anos de  1981 A 1996. Após residir em Brasília por mais de uma década, decidiu retornar a Correntina, como todo correntinense genuíno, que jamais abandona suas raízes. Geraldo de Chixico retorna com uma promessa de jamais deixá-la e pelo visto, tem se mantido fiel a promessa. Passou pela vida política, tendo cumprido mandato de vereador e hoje é funcionário da Prefeitura Municipal. Diz Geraldo que em uma das viagens de férias a cidade, em 1980, encontrou Correntina vazia de valores musicais; não tinha nenhuma banda ou conjunto musical ativo e no ano seguinte ele retornou e juntou-se a Seo Hélio, o velho e insubstituível professor Pardal de Correntina. Com o seu apoio, formou um grupo, entre eles o talentoso Bocais e Raimundo Barata, passando a animar, mesmo que acanhadamente, alguns eventos pela cidade.
 
Um parêntese, Geraldo Bezerra vem de uma veia artística, suas irmãs foram cantoras consagradas nas serenatas e eventos religiosos, mais precisamente, Ana e Maria Alice. Seu Pai, percursionista da filarmônica municipal, seu irmão José, um saxofonista e mais tarde maestro na formação de garotos, num projeto musical da prefeitura; logo, tinha-se o que esperar de Geraldo de Chixico.
 
Geraldo enfatiza uma grande ajuda, recebida no ano de 1981, do Sr. Edgar Cafif, gerente  Reflorestadora Bandeirantes, que atuava na região do cerrado; com ele Geraldo consegui os equipamentos musicais que necessitava para formar a sua primeira banda, que recebeu o nome de GERA'SOM. A Ban da tinha seguinte formação: Cantores, Geraldo Bezerra, Sandra Rocha e Eleusa Rocha, filha da professora Ena Rocha; Sandra mais tarde tornou-se sua esposa. Na Baterista, não poderia ter outro nome, senão o consagrado Raimundo Barata, no Sax, José Bezerra, e nas guitarras Nonato de Zé de Malvina e Tazinho de Agnel, no contra baixo Luiz Bocais, Tecladista Tezinho do Cerco e percussão o próprio Geraldo de Chixico.
 
Com esta formação o conjunto durou por quase três anos, quando ainda em 1983, a saída de Tazinho levou o grupo a buscar em Carinhanha, o talentoso Vavá. Assim o grupo ganhou mais fôlego extra e chegou a 1987, quando  se desfez, partindo em dois. Alguns partiram em busca de novos horizontes e entre os que ficaram, uns se enveredaram para as Serestas, o que foi o caso de José Bezerra, seu irmão. Geraldo procurar manter unidos alguns  remanescentes e deu início a uma outra banda. O show não podia parar, e assim surgir a banda Arco Íris; que serviu de base para formação de novos talentos, diante das oportunidades concedidas por Geraldo, aos adolescentes e jovens que se despontavam para a música.  entre esses, alguns que hoje são expressão na musica, tanto em Correntina, como em qualquer lugar. O Cantor Zé Neto, e exímio contra baixista Rodrigo Araújo Lopes, que iniciaram  suas atividades musicais na Banda ARCO IRIS e fez nome no Estado de Goiás.
 
Em 1994 a Banda ARCO IRIS se juntou a outra banda, a recém formada BANDA STILUS, que mais tarde se transformou na Banda Expressão Baiana, que até hoje atua na região.
 
Geraldo Bezerra atuou na área musical de forma ativa, até 1996 quando se afastou definitivamente do cenário musical. Vendeu parte dos instrumentos para  Romeu e Greg e deixou, além deste grande legado, o filho do seu primeiro casamento, com Sandra Matos, como uma semente próspera que tem traçado seu próprio caminho. Arthur de Matos Rocha Bezerra, vem despontando com muita promessa de sucesso, junto com a banda RHUMP LE.

José Bezerra: O  filho primogênito de velho Chixico tem uma longa história na vida cultural, musical de Correntina, como saxofonista e maestro da filarmonica municipal da cidade.  José Bezerra morou muitos anos fora de Correntina, por Brasilia e Goiânia. Retornou no mesmo período em que se deu a volta do seu irmão mais moço, Geraldo Bezerra, certamente motivados pela irmã, primeira dama do municipio, a também cantora gospel e de serestas Maria Alice, esposa do então prefeito Almir Bispo dos Santos.  Juntos  se empreenderam para a vida artistica, mujsical e se mantiveram juntos em varios grupos, sendo o GeraSom o primeiro grupo formados pelos irmão, mais tarde cada um seguia seu próprio caminho. Geraldo voltou-se para a vida política e defendeu um ou dois mandatos de Zé se mantinha fiel a sua vocação musical. Dedicou-se a ensinar musica a meninos cujos pais não tinham como pagar pelas aulas, até que a prefeitura municipal, com uma significativa participação de Roberto Araújo, resolvera abraçar o projeto e daí  ressurgir das cinzas e com sangue novo, a filarmonica dos meninos de Correntina. 

Um fato chamou-me atenção no inicio de 2010 quando passava pela estação Central do metrô de Brasília,  quando ouvi um sax solitário executando La Comparsita, uma canção muto conhecida em Correntina nas decadas de 60 e 70; ao chegar mais perto vi que era o nosso maestro Ze de Chixico que tocava se fazendo acompanhado do estojo de seu sax, onde o público transeunte lhe ofertava alguams moetas. Fiquei constrangido em chegar até ele e achei que aquilo era uma coisa de momento, pois o artista não carecia daquela forma de ganhar a vida. O fato se repetiu em março do mesmo ano, quando passando pelo Setor Comercial de Brasília ouví o mesmo sax solitário executando Brasileirinho... Era Zé de Chixico!  Agora coloquei o gravador na bolsa e vou a procura do musico, saber por quê dessa opção de vida e a razão de mais uma vez, deixar Correntina e sair se aventurando pela vida e mundo afora. 


" É uma cidade que traz muita inspiração e, assim como eu, tem a arte no coração e no sangue!""Saí de Correntina, nem pensar!  assunta!!  imaginar uma coisa dessa!  sair de Correntina!" palavras dele. Vavá é funcionário da área de saúde no municipio.



Os irmãos Souza Rocha e os TABAJARAS

Os filhos mais velhos de Zé-de-Malvina, a saber: Evangelista, (Zizinho) Claudemiro (Dinda) e Raimundo Nonato (Chula) se destacaram no cenário musical de Correntina na década de 70, quando criaram o primeiro conjunto musical, que tinha por base os três irmãos: Zizinho, Dinda e Nonato.  Zizinho não permaneceu no grupo por muito tempo, como irmão mais velho, fora o responsável por influenciar os mais novos a seguir os seus passos na musica, aprendendo a tocar violão. Pelo que me lembro, Zinzinho não fizera parte do Conjunto Os Tabajaras,, primeira formação do grupo, pois fora o primeiro a partir para  São Paulo. Dinda, um dos melhores guitarrista solo da região, sem dúvida, fora o grande sucesso do grupo, para quem entendia de musica, pois para as meninas e a turma do oba oba,  Nonato era o grande lider do grupo, pois era o cantor e guitarrista base; aos irmãos juntou-se  Raimundo Barata, o baterista; Luis Bocais, o conta-baixista. Se o Beathes formaram um grupo com quantro, Os tabajaras também fora sucesso absoluta no além São Francisco, com esta formação.  Nonato foi a representação viva do movimento da Jovem Guarda em Correntina. Todo o brilho dos conjuntos musicas, acabavam por reluzir em sua voz, seu figurino, sua empolgação.   Porém o meu amigo Nonato não resistiu o fim do movimento da Jovem Guarda, e como os movimentos jovens são como ondas que passam,  ele não resistiu o fim daquele período em que era o centro das atenções. Era ele a parada e o sucesso da vez,  junto com os Tabajaras. 

O grupo foi aos poucos enfraquecendo, como o proprio movimento da Jovem Guarda,  começou a migrar para o sertanejo, os classicos de Sérgio Reis, mantendo o sucesso de antes. Porém com a partida do seu Guitarrista solo, Dinda de Zé de Malvina, o grupo definitivamente se desfez,  ainda fez algumas tentativas de novas composições, mas não era a mesma coisa.


Com a saída dos filhos, o elegante Senhor José Rocha, ou melhor Zé de Malvina,  fechou as portas de sua grande loja de tecidos e  mudou-se definitivamente para Goiânia e isso foi o fim do fim do meu grande amigo Nonato.  A sua estrela que tanto brilhara nos palcos de Correntina deixava definitivamente de brilhar;  os amores se foram e as lembranças se tornaram pesadelos de uma felicidade que ficou pra trás.   Vanda de Odílio, Silvinha de Netinha, Carmem, neta de Pedro Cícero e Márcia de Nely,  algumas de suas paixões e as tantas paqueras, passaram. Sua vida que até então se resumira  em tocar, cantar, havia perdido o sentido. A bebida que era uma companheira das noites de alegria, tornou-se o fantasma das noites de solidão... o violão foi silenciando com a voz e a bebida foi tomando conta do Ser.  Seus país o levaram para Goiânia e tentaram de tudo anima-lo, porém a tudo que já passava, juntou-se a saudade da terra amada, que todos nós conhecemos mujto bem, pois passamos por isso e Nonato não resistiu aos momentos de depressão, pois também tinha deixado em Correntina um filho que tivera com um de seus amores, Marcia de Nely. 



A familia de Seo Zé de Malvina se dividiu entre Goiânia, São Paulo e Correntina, já que lá ficara Edson, o insuperável "biscoitão" que lá ainda vive, solitário, mas aparentemente feliz.  Porém Nonato fora  tomado pelo vício do alcool; sua situação piorou muito depois da mudança, pois agora estava longe do cenário de suas lembranças, longe da beira do rio, dos poucos amigos que lá ficaram. Aos poucos foi murchando como uma flor trocada de vazo...  crises depressivas e angustia  cada vez mais fortes, pioravam com a dependencia do álcool. Por volta de 1998 meu grande amigo de serenatas, sonhos e peladas,  nos deixou partindo para a eternidade, levando consigo todos os sonhos e esperança que alimentava de um dia voltar a cantar.

O consolo é que sua participação em nossa história é de vital importância para nossas lembranças, não como não recordar e saltar o período em que os Tabajaras subia no palco para com a prefixo musical do conjunto "Os Incríveis", abrir o baile com "O Milionário" e imortalizar grandes sucessos da música popular e sertaneja, que naquela época iniciava com Sérgio Reis e o "menino de porteira".  Nonato foi o menino de nossa porteira... 



Badú Araújo


Compositor, músico em carreira solo que vive a sonhar com o grande momento de seu estrelato; por enquanto segue perseguido seus sonhos, com instantes que reluz numa  noite anônima, pelos bares da cidade. Badú Araújo é um sonhador convicto, o que lhe falta é alguém que lhe dê a mão e o coloque no lugar certo, onde o seu trabalho possa ser apreciado, o que certamente se converterá em sucesso.  Em um breve contato, percebi que o jovem talento é mais uma vítima do descaso cultural  do município, em sua falta de visão e atitude, para com os artistas plásticos, cantores, atores, jogadores de futebol, poetas.  Em si chegando a Correntina e ao se tomar conhecimento dos valores culturais dispersos,  nota-se que o lugar é um solo fértil de cultura; faltando atitude e programas específico da Secretaria de Cultura, que melhor possa aproveitas tantos talentos que se perdem dia após dia, na história anônima de nossa cidade. Badú Araújo, letrista, violonista, cantor, espera por uma oportunidade, que certamente há de chegar para Ele.
 


MARCO GRANJA FALÇÃO - MARCÃO


Casado com a filha do ex-prefeito Euclides Moreira Alves, Marcão chegou em Correntina na década de 80, indicado pelo seu sogro para o secretariado municipal na gestão de Almir Bispo do Santos. Era inevitável, dada suas origens,  seu ingresso na politica municipal e Marco com apoio político da liderança, e sua competência em conquistar espaço e simpatia, acabou conquistando a chefia do Poder Executivo do municipal.   

Como nosso alvo não é política e sim os talentos artisticos dos correntinenses e daqueles que se tornaram correntinenses por adoção; como tantos assim se fizeram, Marco Falção, ou Marcão, é conquistou e foi conquistado, por um povo que tornou-se parte de sua familia. Marcão canta e toca violão o suficiente para deter a sua volta amigos e admiradores do seu impecável repertório da Jovem Guarda, o que nos leva a afirmar que o popular Marcão não é apenas mais um cantor de serestas que anima encontros de amigos; ele se revelou uma figura popular, tanto no exercicio da vida pública, como na prática de seu laser, transformando qualquer cenário, ao contagia-lo com sua alegria expontânea, ao som do seu violão. 

Nos últimos anos Ele tornou-se um cantor gospel, ajudando a organizar um coral misto de vozes, para acompanhar as solenidades da Igreja Católica, sendo o regente, cantor, solista; aquele que não se intimida diante das oitavas, minimas ou  colcheias. Ele e o seu violão se completam de verdadeira harmonia na adoração e louvor aquele que tudo pode. Jesus! 

Atualmente Marco Granja Falção está morando em Salvador, onde espera do Senhor a misericordia para cura de uma séria efermidade. Abatido sim, derrotado nunca!. Marco vive  esperançoso com o dia do retorno a sua vida de todos os dias em Correntina, cidade que o adotou e por ele foi eleita como terra natal. Com sua ausência o coral foi desfeito, mas recentemente o Dr. Weden Di Sordi, reergueu um novo grupo partindo de sua iniciativa e aguarda a sua volta Marcão, para mais uma vez louvar e glorificar a Ele que tudo pode e são nossos os votos de que Ele o trará de volta a terra que você ama.  

Marção, nós e toda Correntina espera contando os dias de sua volta. 

O homem faz planos, mas a vontade certa vem do Senhor. Estimamos por sua volta ao cenário que chora sua ausência.


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Welson Moreira

Sem dúvida um dos grandes letristas de nossas canções, que preferiu viver no anonimato. Na parceria de Américo Alves, outro de nossos talentos musicais; Welson se revelou nas rodadas de amigos, quando moravam em Goiânia, onde até hoje vive Welson de Anterim, irmão da mimosa Célia... já estou levando para o pessoal !  Américo fez conhecer as composições de Welson, entre elas, ENGANOS,  tão bela e amorosa em nosso contexto, que ouso compará-la  A Rosa do grande Pinxinginha. Tive a grata alegria de compartilhar com o poeta alguns fins de semana em Brasília,  fim da década de 70 e início de 80, quando ele, estudante interno da Escola Agricola de Planaltina - DF,  vinha nos fins de semana para Brasília e hospedava-se na nossa casa, onde compartilhamos os ais de nosso pequeno torrão.

Como sempre fora uma pessoa casala, reservadissima, nem tomei conhecimento de que tinha ao meu lado um compositor letrista, ou talvez eu não o tenha dado oportunidade de mostrar seu lado segredado. O poeta fez parceria com Americo Alves do Nascimento, nas noitadas goianas, quando todos fugiam da tradicional musica goiana, de estilo sertanejo e cantavam nos bares e em rodas de amigos, genuinas preciosidades da musica popular brasileira, além de cartarem suas próprias composições, então surgir  ENGANOS! Fantastica melocia que por ela apaixonei-me.  Assegurou-me Américo que a obra é por completo de autoria do Welson Moreira, no que diz respeito música e letra; conta os amigos que de quando em vez os dois se pegavam e se arranhavam quando juntos compunham, coisas de genios. Welson pelo que sei nunca foi tocador de violão, nem na clave de DO, por isso sempre anunciei a canção como parceria dos dois loucos artistas correntinenses. Não se surpreendam se algum dia ouvirem esta canção, gravada por mim,.  com apoio de Vavá e Henrique de Jacira.

  
Zacarias

Não sei muito da história deste jovem empreendedor,  que além de radialista numa das estação da cidade; revelou-se um excelente ator nas oficinas de teatro que ainda sobrevivem na cidade, interpretando entre outros clássicos  famosos o papel de  Romeu, da peça de William Shakespeare, Romeu e Julieta. É músico, compositor, cantor e fazia  carreira solo pelo município.
De suas origens certamente procede sua tendência artística, vindo de sua vó e mãe a preservação dos valores culturais, quando elas, antigas "cantadeiras  das almas e pedintes de chuvas", trouxeram até nossos dias esta tradição já esquecida e felizmente imortalizada pelo Profa. correntinense, Altair Barbosa, Universidade Federal de Goiás; pesquisador dos valores artístico do cerrado, que unido a elas produziu um excelente trabalho grava do mídia e CD. 
Zacarias é uma de nossos jovens artistas que infelizmente teve que sair da cidade para lutar pela sua arte e sobrevivência e hoje reside no Distrito Federal. O jovem artista sempre mostrou-se  inquieto  e insatisfeito quanto a falta de reconhecimentos da Secretaria de Cultura do Município, que não investe nos jovens talentos; que se vêem obrigado a buscar outros horizontes ou viver a frustração do esquecimento.  

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Sérgio Joaquim de Araújo

O brilhante cardiologista, Dr. Sérgio, foi uma assumidade musical nos aureos anos 70. Compositor e músico, fruto das raízes de Aldegundes Joaquim de Araújo e do simplorio mestre José Patricio. Juntos Eu e Sérgio, participamos de eventos colegiais e até mesmo o I Festival da Canção, em Sta. Maria da Vitória - BA, onde defendi uma de nossas parcerias e ele conquistou o 2o. lugar do evento, com uma canção de nome Meu Sertão. 
    Cidade sem calçamento / sem progesso / sem movimento / boiadeiro ao passar pela rua / poeira levanta do chão / meu sertão sem preconceito / sofrimento que não tem fim / nas noitas banhas de lua / tudo é encanto e assustador / agente chora sem ter amor / casa velha ouve o canto triste /  está pra cair ma resiste... era mais ou menos assim! 

Sérgio Joaquim de Araújo foraconcebido para ser grande, não bastava a genialidade de seu Pai e o peso deste nome, ele teve por referência profissional o Tio, Dr. Lauro Joaquim de Araújo e na sua mãe, teve a grande aliada, aquela que por momentos, parecendo chata na vigilãncia do seu futuro, o que fez todos os esforços ser coroado de êxito. O menino Sérgio trocou o violão pelo estetoscópio, tornou-se Dr. Sérgio Araujo, com especialidade em Cardiologia. Tivemos informação de que agora faz especialização em pediatria. 

Por conta da vigilância de sua mãe Amélia,  implacavável,  Sérgio, adolescente, costumava fugir nas madrugadas, para tocar e cantar com os amigos  no banco da praça, madrugada adentro e logo... logo chegava Dona Amélia cobrando que não se detivesse por muito tempo ou taxativa dizendo  que era hora de voltar para casa, pois tinha muito o que estudar no dia seguinte.

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Toinho de Seu Hélio
Tenho uma vaga lembrança de seu cavaquinho, pois na ocasião de seu auge, meu coração vivia cego pelo cultivo de uma rara flor rôxa, que estremecia meu peito juvenil. O dileto chara  partiu de Correntina antes mesmo de findar sua adolescência e certamente deixou registrado na cidade de Anápolis, GO, a rica herança musical passada pelo seu pai, Seo Hélio, o professor Pardal de Correntina.  Como Toinho, muitos e muitos jovens correntinenses se destacaram na arte da músicas, sendo que uns preferiram viver no anonimato, como o Dr. cardiologista Sérgio Joaquim de Araújo, enquanto outros partiram para brilhar em terras distante.





Henrique Soares

Henrique de Jascira, Correntinense nato, genuíno, mas que por ironia do destino, foi ser funcionário no Judiciário de Coribe - BA, cidade próxima. Casado com uma correntinense Nice, uma mulher carismática, de beleza  inquestionável, que deix a mostra sua aurea cristalina. Cordial com os amigos de seus marido e que se porta coomo uma lady da corte do Rei Henrique I. O casal tem dois filhos. Pode sem duvida ser considerada uma familia modelo; sempre estão presentes nas apresentações do cantor Henrique e em todos eventos públicos. São duas almas gêmeas  xifópagos que desafiam a lei da gravidade, dois corpos, duas almas, no mesmo espaço .  

Hoje os filhos estudam em Correntina, onde o casal passa os finais de semana. Henrique é um homem bem sucedido em sua vida profissional e familiar; fato notório, o que faz desta família um referencial para os jovens casais da atualidade. Ele canta desde sua adolescente e sem dúvida é o mais apegado  de nossos cantores, as raízes de sua terra e o que mais afeto recebe dos correntinenses, digamos seus fãns.

Gravou seu primeiro CD "Onde tudo começou" em 1999, no qual canta as suas e as nossas saudades, nosso tempo, nosso lugar. Não teve a pretensão de seguir carreira, mas tem seu  reconhecimento e méritos, entre o público correntinense.

Henrique se destaca com sua voz saudosa, voz avelã, que se pudessemos dar um definição para o saber de uma voz, diriamos que ele tem uma voz de mentolado frescor. Tem  apurado gosto musical tem raíses profundas na MPB e faz sucesso onde quer que se apresente. Tem público cativo e provoca frisura quando sobe ao palco, o fazendo subir no palco, para cantar seus sucessos e as preferências de um publico de apurado gosto musical.  

Em 2005 Henrique volta aos estúdios e atinge em cheio a alma correntinense, com dois maravilhosos arranjos para a valsa Correntina, a canção idolatrada por décadas na história deste povo; a música é composição de Teófilo Guerra e por ele gravada  no fim dos anos 40 inicio de 50, em São Paulo, em um discão de cera que corria de radiola em radiola pela cidade, anos e anos até que dera se registrara na mente e repertório popular e então que tornou-se o hino oficial da cidade, em todos os eventos escolares e cívicos, até o inicio dos anos 2000, apartir de então, vem caindo em declínio, pela ausência e declínio da cultura regional nas escolas e na vida social da cidade, hoje, culturalmente morta.

O CD, que não fora gravado com fins comerciais, sim  comemorativo, é hoje disputado e super valorizados por todos que conseguiram um exemplar. O artista não só presta homenagem ao autor desta obra prima, mas também a todo correntinense amante da boa musica e fiel a memória cultural de suas raízes. O CD tem apenas duas faixas, em ambas a mesma canção, com arranjos diferentes cuja perfeição é inquestionável.  Ambos agradam em cheio a quem se dá, ouvidos, a fidelidade da obra interpretada por Henrique Soares. 

Henrique Sorares está se preparando para nos brincar em 2010, com   mais um belissmo album com algumas parcerias, entre elas já anunciada a participação de Vavá, quem sabe não tenhamos aí outras revelações!


Alberto Alves Nascimento:

 


Abro parentes para falar do meu amigo Alberto Nascimento, filho de Antônio Nascimento e  Dona Bezinha. Nascido em 08 de abril de 1950, Alberto atinge o apso, dos 66 anos, com a vida realizada. Foi um menino inquieto e um adolescente criativo. Como muitos outros de nossos talentosos artistas, teve sua iniciação educacional no Educandário São José. Como menino carrega lembranças que outro menino não tem. Os  cavalos de pau; os currais de boi-de-osso e a curiosidade na observância da vida de gente grande, para depois reinventar seus movimentos e artes.
Aluno aplicado do conceituado Colégio Carlos Chagas, em Goiânia, onde tornou-se Técnico Biólogo, o que permitiu ingresso na Universidade Federal de Goiás, com passagem pela Pontifícia Católica onde graduou-se Biologia.
O amor não é um encontro do acaso, por vezes o acaso dá um empurrãozinho,   e então, em Goiânia encontrou o grande amor de sua vida, que veio de Correntina e à ele se revelou  por inteira, a musa, Rosane Neves, que o presenteou com dois belos filhos.
A grande proeza de Alberto Nascimento está registrada na memória de muitos meninos que viveu, com ele, e como ele, as fortes emoções de ser menino até o fim da década de 70. Apartir da década de 80 inicia-se as grandes mudanças, com o início da era tecnológica e do mundo globalizado e as cidades interioranas e seus meninos, não viveram mais a criatividade e a liberdade de ser os meninos que fomos. 
As emoções do seu JIPÃO só as sabem descreve-la, quem “pongou” em sua rabeira. Era uma desengonçada réplica de um jeep de madeira, em tamanho quase real, com espaço para dois passageiros, com ele ao volante, óbvio. A força de seu motor não tinha a referência de cavalos de força, nem o combustível tão pouco era gás, ou gasolina, mas a força de 5 a 10 meninos, ladeira de Dona Sinha acima, empurrando tal gerigonça  e na descida, à proteção e a sorte dos deuses meninos!. Certamente o velho “Meleta” ia ao delírio de cólera, quando via a barulheira dos meninos gritando, ladeira acima, ladeira abaixo, atrás do Jepão, com suas rodas de madeira, chocalhando num plac plac de cada emenda,  que se arredondavam a medida que se desgastavam, na ladeira de pedra da praça do Cine Teatro, e assim passava-se horas, naquela alegre muvuca, até a hora em que vencidos pelo cansaço ou acatando as ordens do Pai ou Mãe, deixavam a praça numa quietude capaz de ouvir o zum zum das mariposas, rodopiando entorno das luzes que acesas, anunciavam a noite rompendo o tempo, rumo a um novo dia, onde tudo seria outra vez igual.   
Seu velho Pai, Neno, foi um homem preocupado com o futuro de cada filho e por esta razão buscou profissionalizar cada um com o que se tinha na cidade. Alfaiate e Musica eram as artes em ascensão; engraxate era apenas um estágio, onde se revelava a disposição para ganhar nosso próprio trocado, o que alguns, gastavam tão logo concluída o sapato ou a bonina, por vezes com merda de boi ou cavalo... mas a satisfação estava na banca de Aldegundes e Dona Milu, tijolo de todos os sabores formando um bom sanduiche: Uma tora de doce de leite e outra de requeijão... huumm; doce de laranja, banana; rapadura com leite e massa de mandioca, ache que essa só teve naquela Correntina distante.
Alberto era o primogênito, logo, também o espelho para irmãos mais moços; seu tempo era dividido em três partes, religiosamente cumpridas. A escola de música da filarmônica do Mestre Nemésio; a alfaiataria de Canô e a escola e o tempo que sobra, era pura peraltices. Sob sua liderança, toquei na filarmônica de taboca, que saia a caça de uma casa, onde o nosso tum... tum... tum... no ritmo dos dobrados, despertava a atenção de uma piedosa alma, que emprestava os ouvidos, estendia as mãos com uma bandeja de Qsuco, bolacha ou biscoitos caseiro para nossa festa. Em seguida, o dobrado de saída e João Diamantino, como ninguém, dava asas a nossa imaginada e satisfazia a alma, soltando dois ou três foguetes. É demais tantas lembranças.
Já rapazes, tive novamente o prazer de fazer parte do primeiro grupo de reis, formado por rapazes da cidade, Os Paruaras, criado por Ele e Roberto Araújo, outra mente celebre de nosso tempo. Daí surgiu o reisado diferenciado, com estilo que mistura canções do folclore nacional e a MPB. Sucesso absoluto que se repete até os dias de hoje, ainda sob a liderança de Roberto Joaquim de Araújo.
Fomos meninos felizes, não! Albertão!  
Sua carreira musical fora iniciada em Correntina e nos detalhe ele nos conta QUE... passou pela filarmônica, onde não mais era aquele menino maestro da filarmônica de tabocas, mas um músico de verdade, tocador de ... da Filarmônica regida pelo lendário maestro Nemésio Galhardo.
No período que morou em São Paulo aprimorou sua arte de alfaiate e conheceu a frenesi noturna, da vida  musical da capital, onde pôs a prova a profissão de alfaiate, sua voz e seu violão, interpretando os maiores talentos da musica brasileira, como Agnaldo Timóteo, Altemar Dutra, Agnaldo Rayol, Angela Maria, Elis Regina, Geraldo Vandré Milton Nascimento e outros monstros sagrados da nossa MPB.
Retornou a Correntina...  onde em definitivo entrou ara o time das celebridades municipais, compondo e interpretando suas próprias canções.
Em Goiânia grava seu primeiro CD  e como filho grato que sempre foi, homenageia com o titulo e canção principal Meu Pai.   gravando em seguida seu segundo CD.
A música não é uma opção de sustento, mas uma amiga intima da alma do poeta, cantor e já é parte da família, pela herança passada a Alberto Junior.   



 
Laércio Correntina
O orgulho de ser correntinense. Uma carreira de sucesso.

O casamento do filho de Seo Marcelino Rocha e Miguel Soares, Canô e Odeilde, seria frustrado, caso não tivesse entre os filhos, um que herdasse do casal, a forte tendência musical, o DNA na voz e no violão de Laércio é a herança máxima da veia artista do casal.

Laércio é o único, até o momento, que se dedicou a música e dela fez uma profissão. Tem fã club com comunidade na internet, onde as “tietes” não deixam por menos,  o assédio de fã. Toca e canta belissimamente, é assediado e tem uma movimentada agenda de shows. Tem todos os pré-requisitos de um artista.

Os primeiros passos de Laércio foi mesmo em Correntina, no grupo colegial; os primeiros ensaios junto com os amigos de infância, como Welson Moreira, uma compositor letrista que dispensa comentários, Dinda de Zé de Malvina, seu primeiro guitarrista referencial.

Na década de 80 Laércio muda-se para Goiânia, onde já morava seus avós e tios e naquela capital, começa dar seus primeiros passos, tocando e cantando nos bares, inicialmente apenas para matar a saudade da terra natal, em companhia da comunidade correntinense, que de perto o incentivava seguir carreira; era mesmo o que ele tanto sonhava.  O publico, em sua maioria formada por conterrâneos, acabou  dando-lhe um codinome: Laércio Correntina, pois ele representava seu povo, onde quer que estivesse  e dele se orgulhava, a tal ponto, que assim ficou conhecido. Assim surgiu Laércio Correntina.

Numa terra completamente tomada pela força da musica sertaneja, Laércio mostrava que o talento faz o nome e seu nome surge com força, quando se tratava de MPB, diante de um seleto público. Em 1986 veio o primeiro impulso na carreira, quando participou do GREMI, festival de música no Estado de Goiás, na cidade de Inhúmas. O evento foi a vitrine para jovem cantor, já que ali se encontravam o que de melhor havia no estado no gênero musical. Laércio Correntina foi o grande vitorioso naquele evento de 1986, conquistou a primeira colocação, além de classificar sua canção, como melhor letra, melhor arranjo , melhor interprete e o artista que mais se inteirou com o público. Glória total, quando é anunciado o ganhador do prêmio de melhor comunicação. Laércio Correntina nascia então naquele festival, para todo o centro oeste, onde sua carreira, hoje, tem sucesso merecido.

Aquela era a oportunidade que tanto esperava para conquistar seu espaço no centro-oeste. Abriu-se as portas das rádios, da televisão, da imprensa escrita, abriram-se as lentes objetivas no ajuste de seus focos, para o jovem cantor de Correntina, Laércio era enquadrado na telinhas; programas como Frutos da Terra, Empório Brasileiro e aí começou a voar em solo brasileiro. Shows, festivais. Enfim, o garoto de Canô e Odeilde estava seguia carreira.

Desde então Laércio Correntina não parou de se projetar no cenário musical, levando sempre ao público o fino da música popular brasileira, de João Bosco, Toquinho, Jobim, Milton Nascimento, Caetano, Gil, de tudo ele toca e canta, compondo um repertório clássico que vai da bossa ao popular, além de ter suas canções próprias, assinadas por ele e em parcerias de  consagrados compositores, como Zeca Baleeiro, Geraldo Azevedo e outros.
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Depois daquele festival, Laércio passa a sonhar com seu próprio disco, suas próprias canções, compôs seu próprio repertório e gravou seu primeiro disco em vinil em 1992. O Break Tupiniquim. Um excelente trabalho que agradou em cheio o público, pela qualidade da gravação, a interpretação do artista em composições inéditas.

Quase dez anos depois, 2001, ainda tendo o seu primeiro trabalho executado nas rádios do centro-oeste.  Laércio Correntina apresenta seu segundo trabalho, já fazendo uso da tecnologia das mídias; EU CANTO. Nomes consagrados na música popular brasileira, assinavam a sua obra de arte, tendo como convidados Toninho Horta, João Caetano e Valéria Costa.

Em 2005, maduro e com uma carreira sólida, novamente contando com experiência do mineiro Toninho Horta, concebem o álbum ESTETA; com participação de Geraldo Azevedo; que através de Laércio, passa a ser um visitante ilustre de Correntina.

Em junho de 2006 apresenta ao público, em várias capitais e como não podia deixar de ser, também em Correntina. ESTETA vem definitivamente consagrar o cantor correntinense em todo centro-oeste, numa época em que a música se deteriora nos tímpanos do homem, que ouve mesmo sem querer ouvir, as pornôs-canções que enaltecem as cachorras e vagabundas; Laércio brilha na terra da musica sertajena e conquista seu espaço de forma definitiva, com seu seleto e fiel público.

Ainda bem que os deuses da música não abre ouvidos para a decadência musical que ramifica em todos os segmentos de nossa sociedade e que artistas como Laércio Correntina surge como ponto de equilíbrio, para um público que degusta a música popular brasileira, como se degustasse um vinho envelhecido ao som das cordas de um velho pinho.

Pelo que nos honra, o artista, em aceitar o nome que lhe colocou os primeiro fãns, nas noites dos bares Goianos; ao chamá-lo de Laércio Correntina; Ele aceitou a carinhoso nome e  por honrar suas origens; o artista se faz digno de estar nas páginas de nossa estante de memórias, como o maior talento musical de nossa história.






Salve nossos velhos cantores e cantoras;  Queno de Major, Maria Alice e Ana Bezerra, Profa. Irvana, Henrique de Iôzinho, Sorriso... Velhos e novos talentos que eternizam os sonhos e fazem sorrir a vida, mesmo nos momentos de prato.

EM ELABORAÇÃO A II PARTE DO ARTIGO
Alvaro de Castro - Helvécio Rocha - Teofilo Guerra - Leandro Caetano - Helverton Valnir - Sergio Araujo - Roberto Araújo - Dominique Faislon (o herdeiro do império teatral correntinense) e muitos outros. Cite nos comentarios alguém que você gosaria de que fosse lembrado pelo seu trabalho artistico. e ajude a melhorar o texto, enviados fotos e dados, para o email flamarionaacosta@gmail.com. 

VAMOS JUNTOS RESGATAR O QUE AINDA RESTA, NA LEMBRANÇA, DE NOSSA HISTÓRIA.

Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 02/08/2009
Reeditado em 11/09/2017
Código do texto: T1733610
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