Fragmentos de uma vida (inacabado )

Parte 1

O fim

- Obrigada – a minha voz não estava em seu timbre normal, não sei se por ter sido acordada às 2 da manhã pelo insistente toque do telefone ou se era de felicidade.

Enfim um mês já tinha se passado e aquela história chegava ao fim.

Estava eufórica, queria saber os detalhes, mas me contive afinal nem tudo deveria ficar as claras, sabia com quem estava conversando e os riscos que estava correndo. Ele fez exatamente minha vontade.

Léo, um homem perigoso, estava cumprindo pena de 30 anos de prisão por homicídio, mas como todos os homens manipuláveis, brinquedinhos de fácil manuseio.

Do outro lado da linha a voz dele me soou gélida, não sabia onde essa ultima conversa iria nos levar.

-Angelina, de anjo só o nome. Quero que você não se esqueça nunca que chegamos até aqui por sua culpa, se você não tivesse interferido onde não era da sua conta talvez meu amigo estivesse ainda aqui conosco, vou te lembrar sempre que você foi à culpada.

A ira estava querendo me invadir – vou me controlar, não posso deixar que ele me provoque – disse a mim mesma.

-Meu querido Léo, você acha que a sua dor é maior do que a minha? Como ousa pensar assim? Ele era seu amigo, mas era meu irmão, tinha o meu sangue e só agi daquela forma pois era o que eu achava certo, sinceramente nunca pensei onde poderia chegar.

- Garota se você não tivesse dado uma de boa samaritana esse infeliz que esta agora a caminho do inferno já estaria lá há muito tempo.

Aquelas palavras me feriam como ferro em brasa... Ele sabia disso e mesmo assim toda vez era igual ele parecia sentir prazer com a minha dor.

- Já te agradeci pelo favor mesmo não tendo lhe pedido nada.

- A não? Tem certeza? –falou com sarcasmo

- Tenho! Respondi com total convicção.

- Princesa, a quem esta querendo enganar você é igual a mim, você é muito cínica, afinal pra quem sabe ler um pingo é letra e eu aprendi direitinho. Sorriu.

Aquela conversa estava me fazendo mal, estava conseguindo manter o controle mas até quando? Ele me conhecia mais do que eu pensava afinal o que Gabriel falou sobre mim para aquele parasita? Enfim vou jogar como ele e vamos ver quem vai ganhar.

- Querido, eu apenas lhe disse que lavava as minhas mãos e em momento algum pedi pra você fazer nem pra não fazer nada, apenas não opinei a respeito. Esqueceu?

- Pelo visto quem esqueceu foi você. Lembra quando disse que assim como você chorou, outros deveriam chorar?

A conversa estava tomando um rumo perigoso.

- já te agradeci pelo favor não espere nada alem disso, só agradecimento e até nunca mais. Ele praticamente rosnou do outro lado da linha

- Não desligue o telefone, quem você pensa que é? Você esta brincando com fogo e vai se queimar.

Sorri

- Não vou me queimar, sei o chão que piso! – tentei ser o mais segura possível na afirmação.

- Você sabe o porquê que estou aqui e o que sou capaz de fazer, não sabe?

- Sim, eu sei, por acaso esta me ameaçando?

- Entenda como quiser princesa, não adianta agir assim comigo nem tentar fugir de mim, vou te encontrar nem que seja no inferno.

- Pra lá você vai sozinho, irei pro céu quando morrer.

- quem te enganou assim querida? Você é igual a mim.

Naquela hora percebi com clareza o que se passava na cabeça daquele ser tão perturbado, não contive minha risada o que pareceu enfurecê-lo ainda mais...

- Assuma que me ama que ninguém te trata assim e que essa mulher atrevida te fascina.

E que eu posso ter e fazer de você o que quiser.

Ele perdeu o controle e começou a gritar enquanto eu apenas ria, ele só não percebeu que era de nervoso.

- Sua infeliz, depois de tudo que me disse , agradeça a consideração que tenho ao seu irmão por ainda esta viva, não brinque com a sorte!

- você seria incapaz de fazer qualquer coisa contra mim; você me ama. Conselho de “amiga” me esqueça, nunca mais se quer vai me ver. Você ainda tem uns vinte e cinco anos de pena a cumprir e talvez não saia daí vivo.

- dispenso seus comentários, um dia saio daqui. Ficaremos cara a cara e verei até onde vai sua coragem.

- então meu amor até um dia... Estarei te esperando.

Desliguei o telefone, estava soando frio o coração acelerado, aquele sujeito me amedrontava era realmente sem coração, mas pelo visto nutria um misto de amor e ódio por mim, como isso iria acabar? Não sabia, mas mesmo assim não acreditava em suas ameaças.

Ao voltar pra cama comecei a recordar tudo e certo tipo de paz me invadiu, afinal estava tudo acabado.

O começo

Ao entrar naquele salão não me senti bem, talvez por tanta gente me olhar e isso sempre me incomodava. Usava só uma calça preta e um suéter também preto, tudo simples porem elegante, meus cabelos escuros e sedosos moldavam meu rosto delicado e sensual, de olhos azuis e lábios cheios, naturalmente vermelhos. Diziam-me que parecia um anjo, mal sabiam que era só a aparência.

Parei conversando com um jovem senhor grisalho também muito elegante, a conversa estava boa, logo vi quando Junior entrou. Era bem mais alto do que eu. Os cabelos castanho-escuros roçavam o colarinho da camisa e lhe caiam na testa. Seu rosto era anguloso, as feições duras, seu porte altivo demonstravam sua intensa masculinidade vigor. Seu tom bronzeado de sol era muito bonito.

Esbocei uma saudação contida, mas logo quando me viu veio em minha direção e me beijou apaixonadamente, senti que fiquei ruborizada diante do senhor e da atitude dele.

Pedimos desculpas ao senhor e saímos dali o mais rápido possível, precisávamos matar a saudade afinal foram dois longos meses se vê-lo.

Fomos para o apartamento dele, estava ansiosa para te-lo em meus braços de novo.

Ao chegar ele estendeu a mão para meu rosto e tocou meus lábios, eu a peguei e beijei com suavidade, ele me afastou e ficou me olhando, como se estivesse decorando cada centímetro de meu corpo. Fiquei parada, esperando por um beijo selvagem que não desapontasse a paixão devastadora e crescente.

- Você esta com frio meu anjo? Ele me perguntou com doçura.

- Na verdade, sinto-me quente até demais.

- Não diga mais nada, ele inclinou-se e me beijou com extrema volúpia.

Corri a mão por seu dorso enquanto ele lutava para tirar a camisa e a calça jeans, nunca me senti tão ansiosa por alguém, queria tocá-lo e saboreá-lo de todos os modos possíveis.

Em instantes, nos entregamos um ao outro sem pensar em mais nada. A paixão explodiu entre nós, levando-nos ao paraíso.

Quando acordei no dia seguinte e me deparei com ele ao meu lado, senti meu coração bater mais forte e uma imensa tristeza tomava conta de mim tinha a certeza de que ele era o homem da minha vida e mesmo assim teria que deixá-lo para sempre, não queria fazer isso, mas se ele continuasse ao meu lado correria grandes riscos e não suportaria a dor de perde-lo de forma trágica. Cedo ou tarde ele ficaria sabendo que só pareço, mas não sou um anjo e estou muito longe disso, ele é honesto de mais e nunca aceitaria o meu estilo de vida e eu já tinha ido longe de mais para poder voltar, seria muito arriscado.

Então chegou a hora de partir não sabia como agir, resolvi apenas lhe dar um beijo e sai sem fazer nenhum ruído, sem olhar para trás, levando como lembrança os momentos perfeitos que passamos juntos e a sensação única de amar e ser amada.

Cuidaria dos detalhes mais tarde, talvez amanhã, mas algo teria de ser feito de qualquer jeito, só precisava me acostumar com a idéia de não te-lo mais.

Ao chegar a casa notei que a porta estava aberta, me assustei, mas provavelmente quem esteve lá durante a noite a essa hora já deveria ter ido embora, resolvi entrar, mesmo assim estava com o coração acelerado, ao entrar na sala me deparei com uma figura familiar sentado na sala, aquele sujeitinho com ar de malandro era o Victor, amigo do Gabriel.

Logo o sentimento de medo foi substituído por raiva.

- O que esta fazendo aqui Victor, quer me matar de susto? Onde esta o Gabriel vocês não estavam juntos?

-Calma lindinha você faz perguntas de mais, vamos por partes, não queria te assustar é que houve uma complicação e o Gabriel acabou sendo preso e perdemos uma pequena fortuna em mercadoria.

Enfurecida comecei a esbravejar – Como você me diz isso nessa calma? O que vocês fizeram de errado?

Enquanto ele tentava de forma débil se justificar meus pensamentos estavam a mil por hora, ele a todo momento dizia que a culpa não foi deles que tinha havido uma denuncia anônima e que tudo estava perdido.

-Victor pare com essa ladainha idiota, a culpa foi sim de vocês, vocês tem línguas que não cabem na boca e provavelmente muita gente sabia disso, agora precisamos tirar o meu irmão de lá o mais rápido possível, ele não é mais primário e isso vai complicar tudo.

- e quanto à mercadoria o que vamos fazer? Mais da metade dela já estava paga e a entrega marcada para daqui a dois dias.

Aquela situação toda estava me deixando zonza, tinha que pensar e rápido, me joguei ao sofá. A vida é muito ingrata faz agente ir do céu ao inferno em questão de segundos e eu estava naquele momento em uma situação que pensei que nunca fosse passar.

- Victor , ligue pro Britto nosso advogado, e de a ele uma parcial dos acontecimentos,fale com ele que é pra ir pra delegacia o mais rápido possível e ver o que ele pode fazer pelo Gabriel, quanto a mercadoria quero o numero do cliente agora, tentarei resolver isso da melhor maneira possível. Estarei esperando na biblioteca, não demore.

Precisava me acalmar de qualquer forma e naquele momento de desespero me lembrei de algo que tinha guardado no cofre há muito tempo, tentei não pensar naquilo pois tinha jurado a mim mesma que nunca mais, mas seria nela que iria afogar meus medos. Quando abri o cofre as minhas mãos tremiam não sei ao certo se era o nervoso ou a ansiedade mal podia esperar pra sentir aquela sensação boa que me invadia sempre que dava um ‘teco’. Peguei aquele pó branco e fiquei olhando, era como se estivesse ali a solução dos meus problemas, sabia no fundo que seria pior mas não pude me controlar, logo quatro fileiras estavam postas a minha frente e não resisti talvez não quisesse resisti. Logo senti aquela sensação boa me invadindo um misto de sentimentos a euforia e logo aquela paz que só conseguia encontra ali naquele pó branco. Nesses meus vinte e cinco anos já tinha experimentado muitos tipos de droga, mas foi na cocaína que encontrei o alivio nas horas mais difíceis aquela era uma amiga que não me abandonaria nem me trairia afinal ela não fala só age.

Estava de olhos fechados recostada a cadeira curtindo aquele momento mágico pra mim quando a porta se abriu, era o Victor.

Ele me olhou com ar de reprovação e disse: - o Gabriel já disse que não te quer cheirando essa porcaria.

- o Gabriel não esta aqui e o que faço é problema meu, meta-se com sua vida! Já fez o que pedi?

Ele não escondeu a decepção e sem mais delongas disse que sim e que o advogado já estava a caminho da delegacia e me entregou o numero do traficante para quem eles tinham vendido à droga.

Agradeci enquanto olhava o papel onde estava o numero de um tal de Hu, pensei comigo mesma porque esses benditos traficantes tinham esses apelidos bestas, o prefixo do numero indicava que era de São Paulo. As coisas estavam mais complicadas do que eu pensava.

Por um momento parei e perguntei seriamente ao Victor – Onde você estava quando tudo aconteceu?

Ele aparentemente sem entender o porquê de minha pergunta respondeu -Tinha saído para comprar cigarros e o Gabriel e um mané lá ficaram embalando o material.

- Que sorte a sua, não é Victor? – falei de forma sarcástica.

Ele enfurecido esmurrou a mesa e disse: - Esta desconfiando de mim?

Com toda a calma possível virei pra ele e respondi: - não disse isso em nenhum momento apenas disse que você teve sorte, pare de cena e sente-se aí vai, temos muito a fazer ainda hoje.

Ele sentou, mas seus olhos deixavam transparecer a raiva que estava sentindo de mim naquele momento.

Peguei o telefone e liguei para o Hu parecia que ninguém iria atender até que finalmente alguém atendeu e fui surpreendida por uma voz feminina irritante do outro lado da linha.

- Bom dia senhora! Gostaria de falar com o Hu, por favor!

- Quem é a vadia que quer falar com o meu namorado?

Irritei-me, mas mantive a calma.

- Não me confunda com sua mãe, passe logo o telefone para seu homem preciso falar com ele logo... - antes que pudesse terminar de falar com ela ouvi um barulho abafado do outro lado e um grito, logo uma voz masculina asperamente falou: - Quem deseja falar comigo?

-Bom dia senhor! Sou Angelina irmã do Gabriel.

Ele sorriu e me disse para parar de formalidades tendo em vista que eu não o conhecia, mas ele me conhecia, pois o meu irmão falava muito de mim e ele mal podia esperar ter a chance de me conhecer pessoalmente.

Apressei-me em disser - houve um pequeno contratempo com a entrega da sua encomenda, mas como o assunto é longo gostaria de ter a sua permissão para ir até ai conversar com o senhor, desculpe, com você.

- Sim minha linda, quando chegará?

- acredito que chegarei durante a madrugada.

- darei ordens aos meus homens para deixá-la subir. Estarei a sua espera!

Sentado a minha frente Victor me olhava estupefato, depois de um longo tempo disse: - Você esta louca, como você vai até lá sozinha encontrar com esse homem/ você sabe quem ele é?

Sorri inocentemente pra ele e vi o seu espanto se tornar medo em questões de segundos.

- Sei sim quem é ele , ele é o maior traficante de Sampa e vocês foram os loucos de fazer negócios com ele, só vou concertar o estrago que vocês fizeram e não se preocupe comigo não irei sozinha, você irá comigo e lembre-se não estou te pedindo.

Diverti-me com a expressão de medo estampada em seu rosto, um homem como ele com medo de uma simples conversa, era realmente muito engraçado.

- Pare de me olhar assim Victor, ligue para o Britto e fale com ele que o procurarei assim que chegar.

Antes de terminar a conversa o telefone toca, era aminha mãe, atendi apreensiva.

-Oi mãe também estou com saudades. Estava com medo que ela notasse meu nervosismo – também estou com saudades, o Gabriel? Ele esta bem, iremos visitá-los em breve, não se preocupe, também amo vocês.

A respiração estava difícil. Não gosto de mentir, mas diante da situação se fez necessário.

Por um instante lembrei da imprensa e de como meus pais iriam reagir a tudo aquilo, seria um baque muito grande pra eles, mas um assunto a resolver e de caráter imediato, será que isso não tinha fim?

-Victor você saberia me dizer se os jornais já sabem da apreensão da droga e da prisão de Gabriel?

Diante do meu temor ele se apressou em responder: - Acredito que sim Angelina.

Precisava agir rápido, lembrei de um amigo que há muito não via o Julius um homem de seus 58 anos. Era alto, grisalho o rosto anguloso e tinha um charme característico de um homem bem vivido e conhecedor da alma feminina, suas investidas comigo nunca tinham dado certo, meu coração já tem um dono. Ele é dono de um jornal local e muito influente. Recorreria a ele na certeza de que iria me ajudar.

Peguei o telefone e liguei pra ele não demorou muito e pude ouvir aquela voz de novo.

- Bom dia Julios, sou eu Angelina... Preciso de um enorme favor seu, espero que possa me ajudar, estou desesperada...

- minha querida, faço tudo por você, sabe disso.

-Sim eu sei, vou direto ao assunto, meu irmão foi preso com uma grande quantidade de drogas e isso não pode ser publicada de forma alguma, por favor, faça isso por mim.

Não estava conseguindo disfarçar o meu desespero...

- Claro que farei isso por você minha linda, mas, preciso te ver, estou com saudades e dessa vez você não vai fugir de mim não é?

- Não Julius, não irei fugir de você, te recompensarei devidamente, mas antes tenho que fazer uma rápida viagem a negócios.

-Não esqueça estarei te esperando na volta.

Meu irmão vai me pagar muito caro por isso, estou me vendendo por ele... a revolta estava me consumindo mas não podia me dar ao luxo de poder escolher outros caminhos mais demorados. Logo depois dessa conversa com o Julius eu e o Victor saímos afinal tínhamos muito chão a percorrer ainda até São Paulo.

A viagem correu bem, apesar de toda a minha agitação e preocupação com toda essa situação.

Ao nos aproximar-mos do morro onde Uh era o chefe, notei a que Victor ficava cada vez mais nervoso afinal ele e o Gabriel lidavam diretamente com esse tipo de gente ele sabia o que poderia acontecer, pois o Uh ficaria furioso ao saber do acontecido, grande parte da mercadoria já havia sido paga.

Quando chegamos fiquei logo apreensiva, homens armados com armas de grosso calibre estavam parados na entrada do morro em sentido de vigilância, já tinha visto por varias vezes pessoas armadas mas nunca tantas juntas e tão mal encaradas. Victor logo parou o carro logo um deles veio ao nosso encontro me apressei em falar meu nome e que Hu já estava a minha espera, ele assentiu com a cabeça e fez um sinal para sairmos do carro, logo mais dois homens surgiram e disseram que precisavam nos revistar, o Victor apesar do medo esboçou um leve protesto, eu apavorada apenas consenti, fiquei impressionada com a atitude um tanto quanto profissional do cara que me revistava, em nenhum momento ele agiu de forma rude ou desrespeitosa comigo.

Quando a revista terminou, ele nos levou até uma casa no alto do morro, apesar da pouca luminosidade, a noite estava muito escura, pude notar o total abandono daquele lugar, ruas esburacadas e quase sem iluminação barracos que denunciavam total abandono, nunca tinha visto algo como aquilo, não era uma pessoa alienada apenas não pensei que fosse daquele jeito, fiquei imaginando como aquelas pessoas conseguiam viver ali, ou melhor, como conseguiam sobreviver em toda aquela miséria?

Logo chegamos a uma casa o homem me mandou entrar sozinha, o Victor estava horrorizado com a possibilidade do que poderia acontecer, mantive a calma e entrei.

A casa por dentro era algo pavoroso via-se que não entendiam nada de decoração e muito menos tinha bom gosto, moveis e acessórios caros porem horríveis nada combinava com nada era algo extravagante de mais. Acomodei-me em um sofá horroroso com estampa de pele de onça, não demorou nada e um senhor vestido de forma tão extravagante quanto tudo aquilo e com cara de bom velinho entrou e se apresentou como sendo o Uh, tentei disfarçar meu espanto, porem não consegui por completo, ele notou porem nada comentou a respeito. Elogiou-me pela beleza e pela coragem que estava tento em ir até ali, disse que meu irmão falou muito ao meu respeito porem não fez jus a minha beleza e que ele não me imaginava daquele jeito: como um anjo!

A conversa foi amigável diria até mesmo tranqüila, expliquei a ele tudo o que tinha ocorrido e deixei bem claro que iria ressarci-lo quanto ao dinheiro, mas nada poderia fazer quanto à mercadoria e que ele deveria procurar um novo fornecedor, ele não fez questão em disfarçar sua contrariedade porem como deixei claro pra ele que iria devolver o dinheiro que ele tinha adiantado e mais um pouco pelo transtorno da não entrega da mercadoria ele entendeu e aceitou nada mais poderia ser feito mesmo. Sabia que quem sairia no prejuízo seria eu mesma, mas como estava lidando com um homem perigoso achei melhor perder apenas dinheiro. Despedi-me dele, pois ainda tinha uma longa viagem de volta, ele educadamente beijou a minha mão e disse que ficaria ansioso para me encontrar novamente.

Ao sair encontrei o Victor, àquelas horas em que passou me esperando pareciam anos, pois sua aparência estava péssima. Durante a viagem de volta disse a ele tudo o que aconteceu e percebi certo alivio tomar conta dele, ficamos em silencio durante o restante da viagem.

Chegamos a casa no começo da tarde e eu não tinha tempo para muita coisa, fui direto para o banho, ao sentir a água fria escorrer pelo meu rosto, por meu corpo era uma sensação muito boa parecia como se tudo de que me afligia estava indo para o ralo junto com a água, demorei bastante ali tentando relaxar o máximo, pois muito ainda estava por vim. Ao sair ainda secando os cabelos olhei para a minha cama me deu uma vontade enorme de me jogar ali e dormir quem sabe até tudo tivesse acabado ou até eu descobrir que era apenas um pesadelo, como eu gostaria que fosse fácil assim, infelizmente não era e não podia me dar ao luxo de dormir agora. Vesti-me como sempre de forma simples, coloquei um vestido leve longo e floral em um tom de azul que realçavam o azul os meus olhos. Quando cheguei a sala notei que o Victor já tinha ido embora, resolvi ligar para o Britto, também teria que me encontrar com o Julius, nesse momento uma tristeza enorme me invadiu,daria tudo para estar com o Junior,queria tanto poder me esquecer de tudo e mergulhar em seus braços. Tenteia afastar esses pensamentos peguei o telefone e liguei para o advogado e em pouco tempo ele já estava em minha casa, me disse sem delongas que a situação do Gabriel era muito complicada e que ele deveria demorar um pouco para tirá-lo de lá e que ele já tinha sido transferido para a Casa de Custódia local, nesse momento foi como se o meu mundo desmoronasse, só de imaginar meu irmão em um lugar como aquele, ele sempre acostumado a ser livre preso agora, seria de mais pra ele. Imaginei seu desespero.

O Britto me explicou que o processo era lento e que iria demorar um pouco e que só poderia vê-lo no inicio da semana seguinte, estava me sentindo tão perdida que não prestei atenção em mais nada do que ele falava, só consegui me despedir dele de forma automática e quando ele saiu me joguei no sofá, chorei copiosamente e acabei adormecendo ali.

Acordei com o telefone tocando,já era noite, atendi com voz sonolenta era o Junior me cobrando explicações por ter saído da casa dele sem avisar e sem me despedir. A minha vontade era de pedir para que ele viesse a minha casa naquele momento, pois precisava dele, precisava do corpo dele e de seus carinhos, mas não podia apenas o respondi de forma fria e que depois ligaria pra ele para que conversássemos direito ele não escondeu a sua decepção e desligou o telefone.eu sabia que se uma palavra carinhosa de minha parte seria o suficiente para abonar tudo e ele estaria ali perto, junto, ao meu lado mas não podia fazer isso,não com ele.

Praticamente não dormir, sofria por tudo pó Junior e por Gabriel me afligia não saber como ele estava se estava com frio ou com fome, uma sensação de impotência tomava conta de mim de uma forma que parecia me sufocar.

Entre tantas coisas ruins que se passavam dentro de mim não sei como nem de onde tirei forças para me reerguer de tudo aquilo e pensei com clareza de nada iria adiantar eu ficar me lamentando e assim como agi com calma e determinação para resolver o assunto da mercadoria também deveria me manter calma e determinada até tudo aquilo terminar e assim fiz... Depois disso consegui dormir por algumas horas e ao me levantar estava ciente de que algo em mim tinha mudado e pude ter a certeza quando olhei meu reflexo no espelho meus olhos não eram mais os mesmos, nunca fui uma mulher frágil, não aparentemente, porem agora parecia estar mais forte tem um que de inatingível em meu olhar, estava mais segura de mim e de meus atos.

Liguei para o Julius, afinal ainda tinha que recompensá-lo ele fez o que eu pedi e nada tinha sido publicado, marquei de encontrá-lo a noite em sua casa.

O dia transcorreu de forma tranqüila o Victor apareceu para saber de noticias falei rapidamente com ele e dei uma parcial dos últimos acontecimentos.

A noite chegou me arrumei com afinco para o Julius, ele merecia, pelo menos desta vez, coloquei um vestido preto que ressaltava minhas formas era de alças exibindo o colo e ombros. As alças finas cruzavam nas costas e eram a única coisa que sustentava o vestido. E isso fazia qualquer homem pensar na força da gravidade.

Indhy
Enviado por Indhy em 29/07/2009
Reeditado em 17/08/2009
Código do texto: T1725298
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