ANTONIO HERMÍNIO DE AGUIAR

Nasceu em 10 de março de 1939 ,na Fazenda Brejinho, município de Cedro de São João, no estado de Sergipe; filho de Manoel Gomes de Aguiar, Maneca, agricultor e posteriormente agropecuarista, e de Maria Anita do Nascimento Aguiar, dona de casa, mas pessoa muito culta para o seu tempo, dedicava-se nas horas vagas à leitura e à escrita, sendo autora dos livros a "Dor da Solidão" e "Passagens da Vida", publicados postumamente e de outros ainda inéditos. Maria Anita procurou transmitir aos filhos o amor pelos estudos e os incentivou, desde pequenos, a estudar para se formarem naquilo em que desejassem.

Antonio Hermínio, quinto filho numa família de dez, sempre foi muito estudioso e dedicado à família. Foi alfabetizado por sua própria mãe, depois estudou o curso primário na cidade de Própria/SE, no Grupo Escolar João Fernandes de Brito, transferindo-se em seguida para Aracaju, onde estudou no Colégio Estadual Atheneu Sergipense, concluindo seus cursos sempre com brilhantismo.

Ainda criança, procurava ajudar aos pais nas atividades do dia a dia, principalmente no período das férias escolares.

Estudando em Aracaju, morava na casa de sua irmã Maria Hermínia de Aguiar Oliveira e de seu cunhado Luis Alves de Oliveira, que o tinham como um filho muito amado. Como era um jovem muito elegante e bonito, ocupava posição de destaque nos desfiles cívicos e jogos estudantis.

Concluiu o curso científico, correspondente ao atual segundo grau, com 16 anos de idade, fazendo em seguida vestibular para Medicina da Universidade Federal da Bahia e para engenharia na Cidade de Cruz das Almas, na Bahia. Logrou aprovação nos dois vestibulares e optou pela medicina que era realmente o seu sonho.

Na Faculdade de Medicina foi sempre um estudante de destaque. Como desejava ser cirurgião, já nos primeiros anos de faculdade acompanhava os professores nas diversas atividades práticas do curso.

Durante o período em que esteve cursando a faculdade de medicina, em Salvador , dedicou-se também, nos momentos de folga, aos esportes náuticos especialmente ao remo e ao mergulho.

Logo após a sua colação de grau, juntamente com colegas médicos, dirigiu-se ao estado Paraná com o sonho de instalar um Hospital Geral numa de suas localidades carentes de assistência médica de boa qualidade. Iniciou seus passos profissionais em Nova Olímpia-PR, sendo o primeiro médico daquela cidade.

O seu sonho, todavia, veio a se concretizar mais tarde, na cidade de Tapira-PR, onde construiu o Hospital Santo Antonio que veio a prestar relevantes serviços aos moradores daquela localidade e de regiões circunvizinhas.

COMO PROFISSIONAL

Na atuação profissional destacou-se pelo coração humanitário, mãos extremamente habilidosas e, sobretudo, pela mente destemida ao enfrentar os desafios da cirurgia geral numa comunidade desprovida, àquela época, do suporte técnico necessário para o enfrentamento de procedimentos cirúrgicos mais complexos.

Por estas nobres qualidades, salvou inúmeras vidas e se tornou muito querido e respeitado naquela área do Paraná, elevando o nome da categoria médica de Sergipe além fronteiras".

Lamentavelmente, quando almejava desenvolver o mesmo trabalho em sua terra natal e já estava a procurar o local para instalação de um novo hospital, veio a ser acometido, aos 36 anos de idade, de um câncer de pulmão vindo a falecer precocemente em 30/11/1975, em Aracaju/SE, deixando uma lacuna impreenchível não só no seio da sua família como também na comunidade médica em geral.

Sua exemplar atuação profissional, no entanto, serviu de estímulo e inspiração para o despertar vocacional de vários integrantes de sua família que ora prestam relevantes serviços á comunidade Sergipana. Dentre estes, dois são membros da Academia Sergipana de Medicina: os Drs. Luis Hermínio de Aguiar Oliveira e Manoel Hermínio de Aguiar Oliveira, sobrinhos do Dr. Antonio Hermínio Aguiar.

Cumpre ressaltar ainda como característica marcante do médico Antonio Hermínio a sua constante preocupação em acompanhar a evolução da medicina no Brasil e no Mundo; vivia estudando constantemente e procurando sempre se atualizar".

NO CAMPO PESSOAL

Casou-se em 19 de novembro de 1966, na Cidade de Jussara - PR, com Maria Carraro, professora do primeiro grau, que deixou de lecionar para ajudar na administração do hospital e também para realizar ao lado do marido alguns trabalhos sociais.

Em 1970 ele fundou o Asilo São Francisco, na cidade de Tapira/PR.

Era integrante do Lions Club e engajado nos movimentos sociais de apoio aos mais necessitados.

Era fazendeiro. Comprou um lote de terras e denominou Fazenda Santo Antonio. Ali ele colocava o resultado dos seus esforços, como médico dedicado que sempre foi. A Fazenda Santo Antonio até hoje existe e se localiza em Cidade Gaúcha (18 Km de Tapira).

Segundo relata sua filha Silvana, seu hobby era a marcenaria. "Ele construiu um barracão atrás da nossa casa, que ficava ao lado do Hospital, e lá montou uma verdadeira marcenaria instalando os maquinários necessários para realizar pequenos, mas gratificantes trabalhos. Lembro-me bem de uma gaiola para passarinhos que ele fez com muito esmero. Linda mesmo.

Era também um grande enxadrista. Quando desafiado ele enfrentava sem medo.

Gostava de provar o novo, o desconhecido. Um dia ele disse que iria fazer uma calça e passou a noite toda costurando a tal calça. No dia seguinte foi trabalhar com a própria. Ninguém acreditava. Se alguém conversar com alguém que conheceu meu pai e perguntar do que se lembra dele além do seu trabalho, com certeza a resposta será da sua gargalhada. Era estrondosa e espontânea. Marcante mesmo. Inesquecível até”.

Apesar de residir no Paraná sempre esteve ligado aos seus familiares, chegando até a vir a Sergipe prestar assistência a seu pai vitimado por um enfarte. Por outro lado, seus familiares acompanhavam, de Sergipe, o seu crescimento profissional e pessoal.

No Paraná teve sempre o carinho dos familiares de sua esposa fazendo com que se sentisse, como sempre declarou, com seus pais e irmãos. Seus pacientes foram os grandes amigos a quem sempre dedicou o melhor dos seus conhecimentos.

Faleceu em 30 de novembro de 1975 em Aracaju e está sepultado no jazigo de sua família na cidade de São Francisco no estado de Sergipe.

Antonio Hermínio de Aguiar, um ídolo na sua família, um exemplo de trabalho, honestidade, força, companheirismo e de muita fé em Deus.

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Notas do autor:

Sobre o campo Profissional - informações fornecidas e redigidas por seu sobrinho e também médico Dr. Luis Hermínio de Aguiar Oliveira.

Sobre a vida no Paraná - informações prestadas por sua filha advogada Silvana Carraro Aguiar.

Sobre infância , juventude, vida estudantil dados colhidos nos livros de sua mãe Maria Anita do Nascimento Aguiar e relatos de suas irmãa Maria José Aguiar silva e Marizete Nascimento Aguiar Dinísio. __________________________________________________________

Em 17 de março de 2014

INTERAÇÃO de ANTONIO OLIVEIRA SILVA - “Virman"

Cursei o 1º ano científico no Atheneu, em 1954, sob a direção da excelente e disciplinadora Profª. Maria Thetis Nunes. Morando numa pensão na rua de Capela, descia todo dia para o colégio, tendo por companhia a Antonio Hermínio, grande, corpulento, aloirado, muito amistoso e de risada franca. Perdi contato com minha turma, quando entrei para o Exército em 1955 e gostaria de reencontrar os que ainda estiverem por aqui. Atualmente moro em Tobias Barreto e, tentando este contato, deparei-me com a nota informando que Antonio Herminio faleceu em 1975.

Reportando-me ao Hermínio, digo-lhes que tudo começou, quando descobri que ele morava na rua Geru. Residindo eu na rua Capela, entre S. Cristóvão e Laranjeiras, nossas idas para o Atheneu compreendiam uma passada pela Sorveteria Iara para a compra de um gostoso picolé de frutas, e nossas vindas, quase sempre, uma parada no Ponto Chic (?!), na João Pessoa, para uma partida de “sinuca”. Nossas conversas, as conversas de todo jovem: as garotas, os estudos, o que fazer no futuro...Do meu grupo de amigos, posso mencionar ainda o Aroldo Vieira Rocha, Miguel Carlos Calasans Simões e Salvador de Oliveira Ávila.

O Hermínio, na retina da minha lembrança, era de um branco róseo, alto, troncudo, cabelo fino e castanho bem claro, aproximando-se do loiro. Era um tipo sulino, talvez descendente de holandeses dos tempos de Maurício de Nassau. Andava com porte ereto e seu riso, inicialmente, tímido, deslanchava-se, quase sempre, em gostosa e sonora gargalhada.

Meu afastamento desse grupo deveu-se ao meu tempo de serviço militar Para compreensão dos mais jovens, o 2º Grau compreendia o Científico (Exatas) e o Clássico (Humanas). Regra geral, os homens preferiam o primeiro e as garotas o segundo. Salvo engano, além dos colégios de freiras N. S. de Lourdes e Patronato S. José, que formavam professoras, somente o Atheneu e o Tobias Barreto possuíam o 2º Grau. Naquele tempo, ser aluno de um desses cursos é como se fora ser acadêmico. Como iria eu desfilar na João Pessoa (o chic da época), vestido com aquela horrível farda (bibico, blusão de brim com aquele cinto ridículo de couro e botas) para servir de chacota às lindas garotas, minhas colegas? Para fugir a esse constrangimento, fiz o concurso para a Escola de Sargentos das Armas (MG) e de lá fui para Mato Grosso e Bahia. O resto consta da minha biografia.

Na década de 60, governava o Paraná um certo Nei Braga. Quase sempre em mangas de camisa, parecia-me um grande empreendedor, que queria desbravar o oeste do seu Estado, fronteira de expansão agrícola natural dos paulistas, juntamente com o Sul de Mato Grosso. Era o terreno propício para os destemidos idealistas como o Hermínio, que lá se foram, fincaram pé e se tornaram heróis, engrandecendo também o nome do nosso Estado.

ANTONIO OLIVEIRA SILVA - "VIRMAN"

Nota do Autor: foi com grande emoção que recebi esse relato de um colega de Antonio Hermínio que com ele estudou o primeiro ano científico há 60 anos, no Atheneu em Aracaju - Sergipe.

Antonia Roza
Enviado por Antonia Roza em 26/07/2009
Reeditado em 19/03/2014
Código do texto: T1720409
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