A MOÇA BONITA DE PENDÊNCIAS
 
Chegamos à tarde, sol descambando pra se deitar no horizonte da caatinga nordestina. Lugar simpático, ao lado de Macau. Às margens do Rio Piranhas–Açu, tem a maior Criação de camarão do Estado, e até, petróleo na região! Tem moças bonitas. Naquele tempo de 1954, quase nada tinha, senão seca e ventos que empurravam o Nordestino para o Sul.

A mãe pede angustiada para seu irmão: - Leves contigo esta menina e tomes conta dela. Fica difícil ela ficar por aqui. O tio que iria participar da construção de Brasília, cumpre o desejo. Aos 17 anos de idade, Rita era uma moça muito bonita! Segue, então, para o Rio de Janeiro.

Rumamos para a tal Pendências. O Filho, a Nora, que há pouco tínhamos nos conhecido no Hotel em Natal. Segue conosco, também, uma irmã desta personagem, tia Geralda. Senhora já bem idosa, que durante a viagem, relata-nos histórias de um passado, já bem distante. Pouco se fala de Rita, mas, era visível a emoção da tia e do sobrinho, e que também nos contagiava a todos.

Paulo, ali, já estivera representando a mãe que nunca pode regressar à sua terra. Agora, volta e trás consigo a esposa, Gilda. Vou de carona conhecer pessoalmente um pouco daquela terra de que tanto me falara, na minha adolescência em Minas Gerais, meu amigo Pedro Medeiros de Currais Novos.

Pude ouvir do filho emocionado, um pouco da historia de vida de sua mãe, que o criou sozinha com seus irmãos, lá no Rio, de um tempo que teve de interná-lo num Patronato por falta de recursos financeiros. Rita trabalhou duramente, até por aqui em Brasília, quando ficou doente, vindo a falecer logo depois, mas nunca abandonou os filhos. Tempo em que é encontrada por Jesus. Ainda em Natal, em Maio de 2008, prometi ao Paulo que escreveria algo sobre esta história. Fico também emocionado, podendo cumprir o prometido.

Falando com os jovens lá na cidadezinha, alguém faz um elogio à beleza de uma mocinha desta família. Ela modestamente responde ao comentário: - Como seria, morando num lugar feio, se fosse, também, tão feia?

Paulo e Gilda, vindos do Rio, passam, agora, uns dias conosco. As lembranças batem forte. Por aqui, também, esteve aquela valente guerreira Potiguar, participando da construção desta Cidade.

 
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Brasília, 23/07/09 - abello