"PARECENDO MOLEQUE DE RUA..."
“PARECENDO MOLEQUE DE RUA...”
Quando eu era menina, espera, ainda sou... Quando eu era, adolescente, isso, adolescente, lá por volta dos meus 13 anos jogava no time de Hand-Boll da escola.
Jogava-mos sempre contra o time masculino, era para fortalecer o time quando jogasse-mos contra outra escola.
Numa tarde dessas de jogo quando em fim parecia que íamos ganhar dos meninos, me deixaram sozinha de frente ao gol, com a saída do goleiro...
Seria a glória ganhar-mos deles. O problema é que ninguém do meu time estava me vendo. Eu era capitã do time. Achei-me no direito de gritar, e tinha... Então enchi todo meu pulmão de ar e gritei:
-PORRA! Me passe a bola! (Nem me atrevo a escrever o resto)
Meu irmão surgiu diante de mim como um animal enfurecido... Isso mesmo, meu irmão jogava no time adversário, ele é dois anos mais velho que eu. Tarde de mais, eu já havia lançado a bola. Estava eufórica, quando ele segurou em meu braço e me perguntou aos berros:
- Desde quando começou a xingar?
- Sei lá respondi voltando a correr...
Já em casa, a noite na hora do jantar, ouvi meu irmão falando com minha mãe enquanto fui pegar a louça na cozinha...
- Mãe,depois a senhora conversa com a Nana ( Nana, é como ele me chama até hoje). Pois hoje ela xingou bem no meio da quadra,no maior bocão,”parecia um moleque de rua”... Eu morri de vergonha. Foi uma coisa horrorosa.
Esbarrei com minha mãe, no corredor, que me lançou um olhar,e me perguntou:
-Ouviu?
-Sim, respondi.
_Preciso dizer mais alguma coisa?
-Não, já entendi.
Me senti tão envergonhada que precisei de alguns minutos para caçoar do meu irmão por ter ganho dele. E nunca mais xinguei, até hoje.
Não quis “parecer um moleque de rua”...
Luciane Cortat