Minha Vida

Se, de alguma forma, pudesse definir esse momento,

palavras não seriam o suficiente...

Lágrimas não seriam o suficiente...

Mas vou, mesmo sabendo que isso não importa, vou

tentar expressar algo por meio destas palavras.

Na verdade, não seriam palavras, seria muito mais

um grito de angústia, de dor, de sofrimento, mas

isso não nos convêm...

Passei boa parte da minha vida, tentando encontrar

um motivo a mais pra viver, pra sorrir, pra sonhar,

pra compartilhar as lágrimas e o brilho dos olhos...

Mas como nunca fui atrás desse motivo, ele, por mais

incrível que isso pareça, não caiu do céu...

Muitas vezes, sonhei com a realidade que me assombrava,

realidade que me diluía aos poucos, aos muitos...

Realidade essa que iludia, ludibriava, e acrescentava

a dor que ja tinha mais motivos pra sonhar...

Sonhos? Desejos? Nada. Tudo. Partes. Dúvidas.

O sentido da minha vida já não era mais racional,

não era mais eu quem decidia.

Era o que me deram sem consultar, era essa coisa

que palpitava dentro do peito, era um coração...

Nada mais que um estorvo, ou uma complicação.

Complicação essa que me mantinha vivo, que me matava...

Esse coração que escolhia sofrer, escolhia a dor,

escolhia sonhos, escolhia a escuridão... Mas o que,

realmente, desejava era um aconchego, era carinho,

era resposta, era amor...

Sempre ali, saltando, fazendo o corpo estremecer e o

sangue circular, pra essa vida não cessar...

Um motivo justo, sendo que eu o guardo ali...

Ele sofre por opção, escolhe por opção, palpita porque

é sua função, nada mais que isso...

O que eu queria era ter uma chance de colocar uma bala

no meio da cara, mas seria óbvio e fácil...

E se a vida fosse fácil, não seria 'A Vida'.

Eu sempre pensei que me apaixonaria, seria uma pessoa

boa, gentil, divertida e com muitos outros atributos...

Mas como eu havia dito antes, a vida não é fácil assim...

Hoje poderia pensar totalmente o contrário do que disse

antes, mas continuo vivendo, por culpa do coração.

Descobri um dia desses, que sou uma pessoa egoísta por

pensar dessa forma, uma pessoa igual a toda as outras,

uma pessoa apenas 'pessoa'. E como isso foi bom.

Gostaria de ser quem eu sou, mas não tenho tempo.

Gostaria de dizer tudo que penso, mas não admito erros.

Gostaria de saber se existe alguém que lê isso e entende.

Gostaria de não ser eu.

E são pensamentos como esses que me levam de volta a

estaca zero.

Me levam à auto-destruição, me levam a pensamentos

impróprios e, digamos, imbecis...

Digo a todas as pessoas, as mesmas coisas, os mesmos

sorrisos, os mesmos olhares, o mesmo 'eu' de sempre.

Sempre com um sorriso no rosto, sempre com o pensamento

sangrando, sempre com lágrimas no olhar, sempre o que

não era pra ser.

Sempre escondendo o vazio e o silêncio que me consomem.

Sempre dizendo estar bem, quando nunca estive.

Olhando para o céu e perguntando o porquê dele não ser

mais azul, e o porquê dele não brilhar mais.

Mesmo com todas as pessoas dizendo que estava enganado.

Mesmo sabendo que faltava alguma coisa, e não sabia mais

o que fazer.

A vida me matando, e eu acelerava o processo.

Hoje só queria entender o sentido que isso faz, ou o que

eu tenho dentro do peito.

Meu desejo é arrancar os sentimentos e deixar esse coração,

ingênuo, no vazio e na escuridão.

Mas ele não tem escolha, ele não tem culpa.

Apenas guarda, em forma de cicatriz, o que eu queria

que fosse real, o que eu queria que se concretizasse...

Quem sabe um dia eu possa rir dessas palavras, ou não.

Quem sabe eu deixe no passado, ou num canto guardado.

O que eu sei é que posso lutar o quanto for, o quanto puder,

que esse coração ja se acostumou com a solidão, mas ainda

luta contra ela. E eu, sinceramente, espero que ele vença...

Doda
Enviado por Doda em 10/06/2009
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