10) Josho News
Eu era responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de bloco quando comecei a publicar o “Josho News” em São José do Rio Preto. Perguntei ao responsável da DMJ do distrito se poderia elaborar um boletim com pesquisas, reportagens, curiosidades. Ele autorizou prontamente, mas ninguém imaginava que este periódico atingiria tanta amplitude. A primeira edição foi publicada no dia 1º de agosto de 1995 e a periodicidade era de 10 dias.
O nome “Josho” significa "contínuas vitórias" em japonês e constava numa mensagem enviada pelo presidente Ikeda à DMJ do Brasil, em que ele solicitava que a divisão se tornasse o “Josho Danshibu”. É uma palavra forte, encorajadora e imbuída de um profundo significado.
A novidade percorreu a organização rapidamente e na 9ª edição, no fim de outubro do mesmo ano, o número de exemplares aumentou para atender também a outros distritos da localidade (na época, a organização não era Região Metropolitana, mas uma Área Geral pertencente a Ribeirão Preto).
Em janeiro de 1996 a distribuição passou a abranger toda a Divisão dos Jovens, tendo uma tiragem de 100 exemplares. Aos poucos o trabalho solitário foi dando lugar a uma comissão, consolidada em maio daquele ano. Em junho, pela primeira vez foi utilizado o computador para elaborar a edição. Até então, o melhor recurso disponível era uma velha máquina de escrever.
Não tínhamos experiência nenhuma em escrever, publicar, editar, diagramar, reportar. Tampouco possuíamos conhecimentos, recursos, dinheiro ou apoio. Tínhamos apenas o forte desejo de compartilhar palavras de encorajamento, exaltando a luta e a vitória dos companheiros por meio das matérias.
Mesmo sendo um trabalho amador, a aceitação foi aumentando entre os membros, fazendo surgir assim a colaboração de outras divisões. Em 1997, os dirigentes até utilizavam o Josho em suas palavras durante as reuniões. Porém, sabíamos que o nosso periódico não poderia ser usado para substituir o jornal oficial Brasil Seikyo, principalmente por ter distribuição gratuita. Por isso, nos restringíamos à publicação de reportagens das atividades da localidade e apenas trechos de orientações do presidente Ikeda, além das pesquisas. Assim, durante seis anos o Josho News registrou a história de avanço do Kossen-rufu da região de São José do Rio Preto.
Como forma de agradecer o apoio dos colaboradores e leitores, promovíamos anualmente em agosto, no mês da fundação do Josho, um Gongyokai comemorativo aberto às cinco divisões. Promovíamos uma atividade emocionante e bem cultural. Todos os anos, a sala principal da Sede Regional ficava lotada, demonstrando o grande carinho e a consideração dos companheiros.
Internamente, na comissão, promovíamos treinamento e estudo do budismo. Estudávamos gramática e construção de texto, gosho e orientações do presidente Ikeda. Tínhamos sempre em mente o objetivo de aprimorar a qualidade da publicação por meio do nosso aprimoramento pessoal.
A periodicidade mudava de tempos em tempos, mas era geralmente mensal. O número de páginas também variava. Chegamos a publicar uma edição com 44 páginas. E a tiragem chegou a atingir 300 exemplares.
Reportamos várias vitórias com muita alegria e gratidão, como por exemplo, a fundação da Região Metropolitana São José do Rio Preto, no dia 26 de julho de 1997, com a presença do vice-presidente da BSGI, Getulino Kiyoshi Nakajima.
Tornamo-nos confiados pelos líderes da localidade, a ponto de nos serem solicitadas algumas pesquisas específicas para atividades especiais como o levantamento do histórico da organização por ocasião da inauguração da Sede Regional, no dia 19 de dezembro de 1999.
Era uma luta bastante árdua. As dificuldades eram muito grandes. A comissão passava dias inteiros na Sede Regional preparando a publicação. Houve uma ocasião, em que queríamos entregar os exemplares em uma atividade em que participariam todas as localidades. Então, passei a noite toda na Sede Regional imprimindo e montando os exemplares. Era um trabalho bem demorado, pois a máquina copiadora requeria pausas entre os lotes de impressão. Esta foi uma única noite em claro na Sede Regional (na época em que o Gajokai ainda pernoitava na Sede), mas foram muitas as noites em claro, em casa mesmo, preparando os textos.
Apesar de todas as dificuldades e restrições, não lamentávamos o mínimo. Era uma luta espontânea, sem que ninguém houvesse solicitado. Ao mesmo tempo, sabíamos que muito companheiros aguardavam a próxima edição. Então nem sentíamos as dificuldades, simplesmente continuávamos nos esforçando e fazendo o melhor que podíamos.
Quando nos permitiam realizar o nosso intento, vibrávamos de felicidade. Porque em inúmeras ocasiões, quando consultávamos algum dirigente para colher informações, recebíamos como resposta: “ah, não sei...” ou então “isso não precisa publicar”.
Houve apenas um dirigente da BSGI que, em visita à localidade, conheceu o Josho News e o apoiou abnegadamente – nosso amigo Cláudio Roman Marttuci. Ele até nos enviou exemplares de outro boletim publicado por uma organização da capital. Como retribuição, posteriormente lhe enviávamos todas as edições. E ele respondia com cartas. Nos Gongyokai comemorativos do Josho, ele enviava emocionantes mensagens de felicitações.
Como éramos um grupo de treinamento, buscávamos direcionamento dos líderes da Divisão dos Jovens. Mas eles eram demasiadamente cautelosos quando nos dirigiam as palavras. Não entendíamos o porquê daquilo, por mais que buscássemos explicação. O clima era como se nós estivéssemos fazendo algo errado. Dialogamos com diversos líderes e oramos muito para compreender o que poderia haver de errado no sentimento benevolente de incentivar os companheiros por meio das palavras.
Quem procura acha e um belo dia, um líder nos revelou que diversos dirigentes da BSGI já haviam solicitado para nos transmitir que parássemos de publicar o Josho News. Entretanto, em vista do grande crescimento que os integrantes da comissão vinham obtendo e o carinho que os membros tinham pelo Josho News, nenhum dirigente da localidade teve coragem de nos solicitar a interrupção.
Creio que a nossa convicção e a paixão que tínhamos pela publicação eram muito visíveis. Lembro-me de uma ocasião que um líder até sugeriu que mudássemos o direcionamento da comissão, tornando-a uma equipe de pesquisa. Mas para nós, já éramos pesquisadores e precisávamos compartilhar nossa missão (o resultado das pesquisas) com os demais companheiros.
Quando fui trabalhar em São Carlos, em março de 2001, eu não queria mudar de organização justamente pensando no Josho News e nos meus companheiros da Comunidade Renascença, em que eu era responsável. Entretanto, depois de três meses, não tive escolha a não ser me transferir. De fato, a organização em São Carlos precisava de mais apoio.
A comissão continuou funcionando sob uma nova liderança. Continuei também oferecendo o meu total apoio, seja por telefone, e-mail ou pessoalmente. Contudo, nenhuma outra edição foi publicada. Foram seis anos de luta e 81 edições publicadas, com a última no mês de abril de 2001.
Em agosto daquele ano, a comissão ainda promoveu alegremente o Gongyokai comemorativo. Participei como convidado e recebi de forma muito comovente um certificado assinado pelos integrantes da comissão.
Achei muito curioso o que aconteceu em dezembro do mesmo ano, 2001, quando foi inaugurado o Centro Cultural de Ribeirão Preto, onde eu então atuava. O presidente Ikeda enviou uma mensagem de felicitações, solicitando: “Que seja Ribeirão Preto de contínuas vitórias!” Ou seja, “Josho Ribeirão Preto!”
Depois da Comissão Josho News, os seus integrantes continuaram atuando como grandes valores humanos cada qual em seu campo de missão. Eu aprendi muito naquela época e se hoje tenho alguma habilidade de escrever foi pela causa que fiz com a “batalha de palavras” em prol da felicidade das pessoas.