O diagnóstico
O quadro era para extrema unção. Chamaram um pastor, ouvi alguém perguntando se o meu plano funerário estava em dia. Será que eles não viam meus sinais vitais? Eu estava viva, queria gritar. Será que era como a gente vê nos filmes e escuta dizer que a gente morre e acha que está viva? Alguém disse a pressão dela está 4 por 3 . Outro comentou que nada mais podia ser feito.
Sonhando ou morta, só sei que tinha que dar um jeito de não ser enterrada viva, Que horror, já pensou. Os neurologistas me examinavam, cutucavam tudo e diziam '' ela está tetraplégica ''. Eles gritavam meu nome como se estivesse longe. Ai, não berra, estou ouvindo, respondia em pensamento.
Um médico se aproximou mais do meu rosto e me perguntou suavemente se eu estava ouvindo. Minhas pálpebras não se mexiam e estava vesga. Mesmo assim fixei meus olhos nos dele e duas lágrimas rolaram. Então ele fez um afago na minha cabeça e enxugou o meu rosto. Ele mandou revirar os olhos para cima e para os lados e assim estabelecemos o sim e o não. Ele e os outros exultaram, '' Ela está lúcida ''. E eu comigo respondi, '' E eu estou viva ''.
Um corpo inerte, mas sentia tudo. Dor, frio, calor, coceira, toque. Após exaustivos exames, a junta médica por fim diagnosticou. Síndrome de Guillain Barret, ou simplesmente SGB.
SGB é uma doença rara, auto-imune que pode acometer em qualquer idade, seja homem ou mulher. Se quem me lê e é da área, conhece bem. Não vou me estender sobre a doença e sim nos estragos causados.
Pedi a Deus para não dormir com medo de fechar os olhos e pensarem que morri. Queria encarar todo mundo dentro dos olhos e conseguia fazer com que se aproximassem. Viva, mais uma conquista.