Walter, o AMANTE.

Inspirado na vida de Wagner Rocha.

Ainda na noite do enterro do Lord Walter, na velha cidade de Kristiania em 1895, me pus a pensar se éramos o que somos por causa de nossa essência natural, se fomos projetados a ser o que nossos pais quiseram que fossemos ou se simplesmente somos influência de um povo. Foi ali, naquela noite chuvosa que comecei a escrever.

Lord Walter, mesmo com pouco tempo para se dedicar a família, sempre trabalhou muito para dar a teu filho e esposa o que ele foi privado quando criança. Ainda moço teve que se mudar por várias vezes de cidade e por ser o mais velho de sete filhos, juntamente com sua mãe, teve que carregar o peso do mundo em suas costas.

_Walter!

_Sim mamãe.

_Junte seus irmãos e os distraia com algum de suas histórias, pois hoje preciso ir ajudar Martine no armazém.

Dotado de uma imaginação extraordinária, ele conseguia entreter seus pequenos na maneira mais mágica, mas nunca imaginou que este dom o levaria a sua ascensão durante sua vida como romancista.

Uma criança discreta, prestativa e sedenta por conhecimento, Walter logo teve que largar os estudos para ajudar seu pai na fabrica de borrachas e não demorando muito, com uma grave crise industrial que aconteceu na época, Sir Joseph (pai de Walter) teve que se mudar com toda a família para a cidade de Alesund, na esperança de encontrar melhor recurso de vida. O lugar era demasiado frio e para Walter ter que se adaptar em uma cidade fria e pacata foi complicado.

Foi nesse período que ele começou a escrever nas horas livres. Escrevia músicas, peças, contos, poesias. Era um adolescente romântico, perfeccionista e quando alguém se interessava em ler algum de seus rabiscos, ele corria para seus rascunhos e fazia uma revisão para checar se não havia erros.

Aos 19 anos seu pai revolve voltar a Kristiania.

Aquela cidade estava diferente, mais desenvolvida, pessoas se vestindo melhor, mais carros, lojas, mas e Walter? Agora um rapaz meio desatualizado e ainda com sotaque do interior, que foi motivos de chacota entre parentes e novos amigos.

Demorou um tempo para arrumar emprego, mas quando surgiu algo para ele, seu pai havia recebido uma proposta de trabalho em outra cidade que acabou indo com a família, deixando assim seu primogênito com a avó.

Pensando que ficaria sozinho, ele acabou se encantando com uma morena, bonita, dos cabelos sedosos que trabalhava numa cafeteiria ao lado do escritório do Sir Jon Ormën, na qual ele auxiliava este velho latifundiário.

Tiveram um romance não muito duradouro, pois ele se viu apaixonado por sua amiga, que por sua tristeza, acabou se casando com o primo de seu melhor amigo.

Foi ai que ele retomou sua vida como escritor de novelas, relembrando de tudo que passou e por todos os desencontros amorosos.

Lord Walter publicou seu primeiro romance “As faces de um Tristão” que acabou ganhando adaptação musical para o teatro da época. Com a renda dos direitos autorais, Walter resolveu entrar para a faculdade de direito, e realizar um antigo sonho.

Com a vida profissional tranqüila, ele pensou em dar uma outra chance a seu coração. Não demorou muito e ele já estava casado com Elizabeth Marie, uma atriz simpática que havia conhecido no bonde, quando ambos iam para suas faculdades. Dali nasceu o pequeno e esperto Darren, mas com a mudança constante de humor de Elizabeth, e pelo fato de ser muito mimada (o próprio Walter se culpava disso, pois como ele a amava tanto, acabava se rendendo a seus caprichos) o casamento se desfez.

O fato de ter que ficar longe do filho e de ter que conviver com a chama do amor que ardia em seu peito, fez com que ele largasse o ultimo período da faculdade.

Nosso Walter quase entrou em depressão.

O resultado de todo aquele enclausuramento rendeu belíssimos textos, que anos depois foram publicados no seu caderno de contos “Verdades não contadas”.

Passando-se alguns meses, ele já recuperado daquela lamuria, retornou a vida.

Ingressou-se na equipe de teatro e ficou a frente de um projeto chamado Cia Poética, na qual lançavam escritores amadores em livros de Antologias de Kristiania.

Não terminou a faculdade de direito, mas entrou na universidade de Belas artes em Londres, na qual viveu até sua morte.

Nosso artista e escritor, não se casou novamente, a não ser com sua arte, na qual levava beleza e filosofias para os seus.

Acabou perdendo contatos com a ex-esposa por ela ter se mudado para Grécia e só se correspondia com seu filho através de cartas.

Em 1865, Elizabeth morre de tuberculose e Darren vai viver com o pai, recuperando assim todo o tempo perdido.

Sua ultima peça escrita, foi atuada e dirigida pelo seu filho que acabou seguindo os passos dos pais.

Walter morreu de demência vascular e enterrado em sua cidade natal em 1895.

E porque eu sei disso tudo? Porque sou Darren Lorlsen II, neto de Walter Stokke Lorlsen, que foi um dos mais famosos dramaturgo de Londres do século XIX.

Adaptação: Gabriella Corrêa Lima

Gabriella Gilmore
Enviado por Gabriella Gilmore em 18/02/2009
Reeditado em 18/11/2009
Código do texto: T1446363
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