A flor da pele
A flor da pele!
Aquelas palavras vieram como uma faca de dois gumes e precisei desabafar..Já não fui capaz de controlar o tom da voz e gritei aquilo que estava guardado no peito como um suspiro de alívio.
As lágrimas eram constantes, latejou toda a dor até não doer mais.
Não sou perfeita!não quero ser uma pessoa padronizada cheia de limitações sociáveis.Apenas quero ser eu mesma:
Inconstante, imprevisível as vezes descontrolada, impulsiva!As vezes louca, as vezes Psicologa, as vezes filha, as vezes mãe! Cheia de defeitos, com marcas do passado, feridas recentes mas sempre eu mesma!
Quero meu direito de ser humana!Mas sinto que a evolução imperativa das cidades, dominando nossa maneira de se comportar de vestir e até de pensar..nos torna pequenos robôs artificiais, superficiais e desumanos.
Paralizei!viajei no tempo e relembrei a minha infância na vila construída no meio da floresta Amazônica no interior do Pará.Minhas aventuras eram vividas no quintal de casa em meio a sapos, cobras, aranhas e abelhas.Sim! Isso sim era viver!Aprendi ciência vendo os girinos crescerem e virarem sapos na piscina de plástico.Descobri que a largarta se transformaria em borboleta no pé de manga.Tomava banho de lagoa, comia petála de flor, descobri a lei da gravidade caindo de cima do muro que separava a minha casa com a do vizinho.Morava em uma selva de estórias e aventuras e ali eu era livre de verdade!
Como era gostoso ser criança, andar descalça, pisar em coco de galinha, têr medo do escuro.Voltando no tempo me vejo ainda numa selva cheia de perigos e correndo o risco de ser devorada a qualquer momento.Aqui sobrevivem os mais fortes.
E eu continuo com medo do escuro.