O primeiro escritor de literatura infantil no Brasil!
Thales Castanho de Andrade nasceu no dia15 de setembro de 1890, em Piracicaba, no antigo Bairro Alto na bela cidade de Piracicaba. Filho de José Miguel de Andrade e Castorina Castanho de Andrade, ele natural de São Pedro e ela de Capivari.
Fez o curso primário em Piracicaba, tendo sido aluno do Grupo Escolar Moraes Barros. Diplomou-se professor normalista pela antiga Escola Complementar, depois Escola Normal Oficial e hoje Instituto de Educação “Sud Mennucci”, da qual veio a ser professor de História do Brasil, História Geral e outras disciplinas, bem como também seu Diretor.
Lecionou também na Escola de Comércio “Cristóvão Colombo” e no Colégio Piracicabano. Foi Inspetor Técnico do Ensino Rural. Exerceu o cargo de diretor Geral do Departamento de Educação, cargo em que, por lei, foi efetivado. Elaborou um método de alfabetização, adotado pelo governo mexicano com sucesso, permitindo que em pouco mais de dois anos resultasse na educação de um milhão e meio de analfabetos, estando incluída nesse rol enorme quantidade de índios.
Em 1967 João Chiarini (professor, historiador, folclorista) teve a idéia de promover uma condigna homenagem ao mestre Thales, é que Piracicaba comemoraria nesse ano, duzentos anos de sua fundação. A idéia foi encampada pelo Delegado de Ensino local, prof. Benedito Paes Silvado, instituindo nos Grupos Escolares do Município: “A Semana Thales de Andrade”. O fato alcançou grande repercussão, em toda a população piracicabana e paulista. A imprensa local acolheu e publicou uma quantidade enorme de artigos sobre Thales, assinados por jornalistas, educadores e escritores, o mesmo ocorrendo na grande imprensa paulistana.
Muitos trechos e personagens de Saudade foram dramatizados neste dia.
O primeiro livro de Thales a ser publicado não foi Saudade. Antes ele publicou: A Filha da Floresta, em 1919, editada pelo “Jornal de Piracicaba”. Curiosa história, centrada em singeleza e humorismo, cujo fim visado pelo autor foi estimular nas crianças o amor pela vida campestre, pelas árvores, pelas fontes, pelas florestas e, em síntese, pela natureza em seu conjunto. Por esse motivo, o saudoso professor e folclorista, João Chiarini, e também o maior estudioso das obras de Thales de Andrade, não hesitou em considerá-lo: o primeiro ecólogo brasileiro.
A Filha da Floresta despertou o levantamento de dúvidas na Academia Paulista de Letras por ocasião de outra homenagem que a entidade prestou a Thales em sessão do dia 13 de outubro de 1977. Seria Thales de Andrade ou Monteiro Lobato o iniciador da literatura infantil no Brasil? Em reunião realizada, após a homenagem, na primeira quinzena de mês seguinte, em novembro, o acadêmico Francisco Marins apresentou uma edição de A Filha da Floresta, editado pelo “Jornal de Piracicaba”, em 1919, ficando, assim, comprovado que o livro de Thales de Andrade antecedeu por três anos a publicação de Narizinho Arrebitado, que é de 1921. O fato provocou novas homenagens ao autor de A Filha da Floresta.
Thales escreveu oito livros destinados à leitura escolar, o último, Campo e Cidade, aborda a interdependência das atividades dos campos e das cidades. É continuação do Saudade.
Autor de série “Encanto e Verdade”, composta por vinte e seis livros, mais contos e novelas para adolescentes.
Ao todo escreveu quarenta e sete livros, perfazendo, no total, uma tiragem de dois milhões de exemplares.
Para escrever suas obras, muito bem observou João Chiarini, Thales não buscou a mitologia greco-romana nem as carochinhas do mundo. O seu universo foi inequivocamente o nacional popular brasileiro, com uma antecipação no espaço e no tempo de pelo menos meio século.