Mariana Alcoforado, uma mulher abandonada
“Que obrigação tenho eu de lhe dar conta de todos os meus sentimentos?”
(Mariana Alcoforado)
Por Ana M.
Ela não teve escolha, foi mandada ao convento por decisão paterna. Assim como muitos homens e mulheres daquela época, esquecidos em um mosteiro.
Mariana Alcoforado nasceu em Beja no dia 22 de Abril de 1640 e morreu no dia 28 de Julho de 1723.
Tornou-se freira no Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, a quem é atribuída a autoria das "Lettres Portugaises". Obra publicada pela primeira vez em 1669 ( Paris) pelo escritor francês Lavergne de Guilleraggues. Existem até hoje muitas controvérsias sobre a real autoria das cartas. Mariana Alcofodado assim como o seu apaixonado, realmente existiram, mas essas controvérsas se dão quanto à autenticidade da carta. Até hoje é um enigma literário.
Aparti dele começou a moda dos romances lançados em epístolas ( texto escrito em forma de carta, que se distingue da carta por expressar opiniões, manifestos, e discussões para além de questões ou interesses meramente pessoais. É considerado na literatura um gênero literário, a "epistolografia" e combina muito bem com a Paixão subjetiva das cartas.)
Mariana, vinda de uma família poderosa em Portugal, a família Alcoforados, passou desde a adolescência a morar no convento onde conheceu o marquês de Chamily, futuro Marechal da França que serviu no exército Francês ajudando Portugal na Guerra da Restauração.
Apaixonada, Mariana escreveu apenas 5 cartas para o marquês, que com medo de um escândalo por parte da família de Mariana saiu de Portugal com a desculpa de cuidar de seu irmão, que se encontrava enfermo.
É nítido nas cartas a promessa dele voltar e buscá-la. Mas ele não voltou e Mariana foi abandonada, assim, na sua espera em vão, escreveu as referidas cartas.
Nas cartas de Mariana se encontram nítidas mágoas da dor do abandono, das esperanças desfeitas e do amor platônico que vivera. Todas possuem o mesmo enredo, a bendita esperança inicial da volta, as incertezas e medos do abandono e, por fim, a constatação do esquecimento.
Na época de sua publicação em Paris, esses relatos sensíveis e emocionais fizeram nascer na Nobreza francesa o gosto dos amores impossíveis e do pecado.
Sobre sua morte, se sabe muito pouco, apenas que se reabilitou com as boas obras que fizera e faleceu idosa.
Crítica : As cartas de Mariana deveriam ser lidas por todos. Mostra um amor puro mas muito sofrido. Dificíl não se emocionar ao lê-las.
Abaixo um dos trechos mais emocionantes da 3 carta que escreveu ao marquês de Chamily :
"Não sei o que sou, nem o que faço, nem o que quero; estou despedaçada por mil sentimentos contrários. Pode imaginar-se estado mais deplorável? Amo-te de tal maneira que nem ouso sequer desejar que venhas a ser perturbado por igual arrebatamento. Matar-me-ia ou, se o não fizesse, morreria desesperada, se viesse a ter a certeza que nunca mais tinhas descanso, que tudo te era odioso, e a tua vida não era mais que perturbação, desespero e pranto. Se não consigo já suportar o meu próprio mal, como poderia ainda com o teu, a que sou mil vezes mais sensível? Contudo, não me resolvo a desejar que não penses em mim; e confesso ter ciúmes terríveis de tudo o que em França te dá gosto e alegria, e impressiona o teu coração.”
“Que obrigação tenho eu de lhe dar conta de todos os meus sentimentos?”
(Mariana Alcoforado)
Por Ana M.
Ela não teve escolha, foi mandada ao convento por decisão paterna. Assim como muitos homens e mulheres daquela época, esquecidos em um mosteiro.
Mariana Alcoforado nasceu em Beja no dia 22 de Abril de 1640 e morreu no dia 28 de Julho de 1723.
Tornou-se freira no Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, a quem é atribuída a autoria das "Lettres Portugaises". Obra publicada pela primeira vez em 1669 ( Paris) pelo escritor francês Lavergne de Guilleraggues. Existem até hoje muitas controvérsias sobre a real autoria das cartas. Mariana Alcofodado assim como o seu apaixonado, realmente existiram, mas essas controvérsas se dão quanto à autenticidade da carta. Até hoje é um enigma literário.
Aparti dele começou a moda dos romances lançados em epístolas ( texto escrito em forma de carta, que se distingue da carta por expressar opiniões, manifestos, e discussões para além de questões ou interesses meramente pessoais. É considerado na literatura um gênero literário, a "epistolografia" e combina muito bem com a Paixão subjetiva das cartas.)
Mariana, vinda de uma família poderosa em Portugal, a família Alcoforados, passou desde a adolescência a morar no convento onde conheceu o marquês de Chamily, futuro Marechal da França que serviu no exército Francês ajudando Portugal na Guerra da Restauração.
Apaixonada, Mariana escreveu apenas 5 cartas para o marquês, que com medo de um escândalo por parte da família de Mariana saiu de Portugal com a desculpa de cuidar de seu irmão, que se encontrava enfermo.
É nítido nas cartas a promessa dele voltar e buscá-la. Mas ele não voltou e Mariana foi abandonada, assim, na sua espera em vão, escreveu as referidas cartas.
Nas cartas de Mariana se encontram nítidas mágoas da dor do abandono, das esperanças desfeitas e do amor platônico que vivera. Todas possuem o mesmo enredo, a bendita esperança inicial da volta, as incertezas e medos do abandono e, por fim, a constatação do esquecimento.
Na época de sua publicação em Paris, esses relatos sensíveis e emocionais fizeram nascer na Nobreza francesa o gosto dos amores impossíveis e do pecado.
Sobre sua morte, se sabe muito pouco, apenas que se reabilitou com as boas obras que fizera e faleceu idosa.
Crítica : As cartas de Mariana deveriam ser lidas por todos. Mostra um amor puro mas muito sofrido. Dificíl não se emocionar ao lê-las.
Abaixo um dos trechos mais emocionantes da 3 carta que escreveu ao marquês de Chamily :
"Não sei o que sou, nem o que faço, nem o que quero; estou despedaçada por mil sentimentos contrários. Pode imaginar-se estado mais deplorável? Amo-te de tal maneira que nem ouso sequer desejar que venhas a ser perturbado por igual arrebatamento. Matar-me-ia ou, se o não fizesse, morreria desesperada, se viesse a ter a certeza que nunca mais tinhas descanso, que tudo te era odioso, e a tua vida não era mais que perturbação, desespero e pranto. Se não consigo já suportar o meu próprio mal, como poderia ainda com o teu, a que sou mil vezes mais sensível? Contudo, não me resolvo a desejar que não penses em mim; e confesso ter ciúmes terríveis de tudo o que em França te dá gosto e alegria, e impressiona o teu coração.”
Fonte : Die Briefe der Mariana Alcoforado (Autor) Herbert Koch
Mariana Alcoforado Biography ( Spiegel)