Danças Circulares - Último Capítulo
Após uma noite mal dormida, eis que amanhece domingo. O céu azul contrastava com o verde das montanhas e o Sol dava mais vida à paisagem, que ainda cintilava pequenas gotas de orvalho.
Meu coração estava saltitante de ansiedade ,pensamentos confusos povoavam minha mente. A boca secou, o ar quis me faltar, um leve desespero me tomou e, mais uma vez, eu quis fugir. Era o pânico que espreitava, mas não o deixei entrar. Saí do quarto sem olhar para trás. A caminho do refeitório comecei a me sentir melhor. Lá, encontrei um amigo querido, o seu bom humor sarcástico rendeu boas risadas e minha alma perdeu um pouco daquele peso. Mesmo assim, não consegui comer, a ansiedade não me dava fome de comida, mas de fuga.
O salão de eventos estava pronto, mas eu ainda não tinha a certeza de que conseguiria focalizar a Oficina de Danças Circulares. Quando atravessamos uma crise de pânico, nunca temos a certeza de que conseguiremos realizar algo – por mais simples que seja- até que enfrentemos o medo. Pensei em desistir, queria ir para bem longe, cheguei a desejar, secretamente, que as pessoas não se interessassem pela oficina, o que seria mais cômodo para mim.
Um pouco antes do início, decidi caminhar pelo jardim do hotel, precisava acalmar minha mente e respirar...
- Ju, venha ver!
Minha mãe,queria mostrar alguma coisa que encontrara no jardim. Era uma cena linda: um filhote de sabiá, caído do ninho, era alimentado pelo sabiá-mãe e insistentemente, estimulado a voar. Senti algo místico naquele momento que me preencheu e inspirou. Infelizmente, não pude esperar para ver o final daquela história, pois eu tinha a minha própria a continuar.
Finalmente, cheguei ao salão de eventos. O coração ainda palpitava, mas eu não pensava mais em desistir, aos poucos, as pessoas foram chegando e o burburinho gostoso de conversas animadas aumentado. Entre amigos e desconhecidos,comecei me sentir mais segura e a me divertir, enquanto ensaiava alguns passos- era como se eu estivesse reaprendendo a andar.
Era a hora de abrir a roda! Chamei a atenção de todos para o centro e formamos um grande círculo, naquele momento, cessaram todas as diferenças, o poder agregador da sua geometria nos permitia olhar nos olhos uns dos outros. Estávamos reunidos em torno de um mesmo ideal – fazer o círculo evoluir- e isso dependia da vontade de cada um em alcançar plenitude, perfeição e da capacidade de deixar o passado para trás. Esse foi meu maior desafio.
Começamos com uma brincadeira para descontrair. Depois de boas gargalhadas chegou o momento da introspecção. Pedi que todos unissem suas mãos em posição de oração na altura dos seus corações, fechassem os olhos e respirassem profundamente, um livreto aberto aleatoriamente, abriu a oficina com a seguinte mensagem:
“[...] E assim, o passado é uma ponte que atravessamos, como num passatempo, enquanto nossa alma passeia pelos aprendizados que nos ensinam sobre a eternidade. Agradeço, reverencio e solto tudo que já passou.” (Meditando com os Anjos II)
O círculo simplesmente fluía, parecia ter vida própria. Naquele espaço vazio havia muito de cada um. Quanto mais dançávamos, mais nos uníamos. A mágica foi acontecendo a cada passo acertado e a cada sorriso diante de um tropeço. Enquanto escrevo estas linhas, a dança acontece em minha mente e posso reviver aquele momento feliz, lembrando dos olhares sorridentes de cada um deles.
Será que eles têm a dimensão do quanto me marcaram e do quanto me realizei através deles?
Desde aquele dia, vivo de reconstruir a confiança em mim mesma. Voltei a acreditar que sou capaz de vencer o pânico e qualquer adversidade que surgir em minha vida. Voltei a acreditar que nunca estamos sozinhos e continuo minha dança pela superação.
Este, com certeza, não é o último capítulo, mas o início de uma nova vida.
A todos que movimentaram aquela roda, a minha eterna gratidão!
Após uma noite mal dormida, eis que amanhece domingo. O céu azul contrastava com o verde das montanhas e o Sol dava mais vida à paisagem, que ainda cintilava pequenas gotas de orvalho.
Meu coração estava saltitante de ansiedade ,pensamentos confusos povoavam minha mente. A boca secou, o ar quis me faltar, um leve desespero me tomou e, mais uma vez, eu quis fugir. Era o pânico que espreitava, mas não o deixei entrar. Saí do quarto sem olhar para trás. A caminho do refeitório comecei a me sentir melhor. Lá, encontrei um amigo querido, o seu bom humor sarcástico rendeu boas risadas e minha alma perdeu um pouco daquele peso. Mesmo assim, não consegui comer, a ansiedade não me dava fome de comida, mas de fuga.
O salão de eventos estava pronto, mas eu ainda não tinha a certeza de que conseguiria focalizar a Oficina de Danças Circulares. Quando atravessamos uma crise de pânico, nunca temos a certeza de que conseguiremos realizar algo – por mais simples que seja- até que enfrentemos o medo. Pensei em desistir, queria ir para bem longe, cheguei a desejar, secretamente, que as pessoas não se interessassem pela oficina, o que seria mais cômodo para mim.
Um pouco antes do início, decidi caminhar pelo jardim do hotel, precisava acalmar minha mente e respirar...
- Ju, venha ver!
Minha mãe,queria mostrar alguma coisa que encontrara no jardim. Era uma cena linda: um filhote de sabiá, caído do ninho, era alimentado pelo sabiá-mãe e insistentemente, estimulado a voar. Senti algo místico naquele momento que me preencheu e inspirou. Infelizmente, não pude esperar para ver o final daquela história, pois eu tinha a minha própria a continuar.
Finalmente, cheguei ao salão de eventos. O coração ainda palpitava, mas eu não pensava mais em desistir, aos poucos, as pessoas foram chegando e o burburinho gostoso de conversas animadas aumentado. Entre amigos e desconhecidos,comecei me sentir mais segura e a me divertir, enquanto ensaiava alguns passos- era como se eu estivesse reaprendendo a andar.
Era a hora de abrir a roda! Chamei a atenção de todos para o centro e formamos um grande círculo, naquele momento, cessaram todas as diferenças, o poder agregador da sua geometria nos permitia olhar nos olhos uns dos outros. Estávamos reunidos em torno de um mesmo ideal – fazer o círculo evoluir- e isso dependia da vontade de cada um em alcançar plenitude, perfeição e da capacidade de deixar o passado para trás. Esse foi meu maior desafio.
Começamos com uma brincadeira para descontrair. Depois de boas gargalhadas chegou o momento da introspecção. Pedi que todos unissem suas mãos em posição de oração na altura dos seus corações, fechassem os olhos e respirassem profundamente, um livreto aberto aleatoriamente, abriu a oficina com a seguinte mensagem:
“[...] E assim, o passado é uma ponte que atravessamos, como num passatempo, enquanto nossa alma passeia pelos aprendizados que nos ensinam sobre a eternidade. Agradeço, reverencio e solto tudo que já passou.” (Meditando com os Anjos II)
O círculo simplesmente fluía, parecia ter vida própria. Naquele espaço vazio havia muito de cada um. Quanto mais dançávamos, mais nos uníamos. A mágica foi acontecendo a cada passo acertado e a cada sorriso diante de um tropeço. Enquanto escrevo estas linhas, a dança acontece em minha mente e posso reviver aquele momento feliz, lembrando dos olhares sorridentes de cada um deles.
Será que eles têm a dimensão do quanto me marcaram e do quanto me realizei através deles?
Desde aquele dia, vivo de reconstruir a confiança em mim mesma. Voltei a acreditar que sou capaz de vencer o pânico e qualquer adversidade que surgir em minha vida. Voltei a acreditar que nunca estamos sozinhos e continuo minha dança pela superação.
Este, com certeza, não é o último capítulo, mas o início de uma nova vida.
A todos que movimentaram aquela roda, a minha eterna gratidão!