Danças Circulares – Capítulo 2

 
Uma decisão tão simples, se transformou em um grande dilema.
 
A data da viagem chegou, passei o dia todo aflita, lutando comigo mesma para superar o desconforto que me tomava. A ansiedade era tanta que não suportava a idéia de me enclausurar três horas dentro de um carro.
 
Mais uma vez, fui vencida pelo medo. Sentindo-me uma pessoa fraca, incapaz de realizar tarefas tão simples e seguir meu caminho, abracei a derrota do momento e fugi.
 
- Desisti da viagem! Foi o que eu disse ao meu amigo, J.
 
Ele paciente, por conhecer meu problema, perguntou se eu precisava de algo e eu respondi que:
 
- Sim, preciso de terapia.
 
Ambos rimos da situação e do tom irônico que usei para falar de mim mesma, então, desligamos o telefone. Senti uma sensação forte de frustração, afinal, eu queria ir, mas não conseguia tomar coragem.
 
O fato de ter uma atividade, sob minha responsabilidade, marcada para domingo me fez pensar em uma solução possível que respeitasse minhas limitações e me permitisse estar lá. Foi então, que procurei uma pessoa que, certamente, poderia me ajudar - minha mãe. Com ela eu me sinto sempre segura e por mais medo que eu sinta quando estou fragilizada, nela encontro algum conforto e amparo. Para minha alegria, ela aceitou me levar a Minas. Que alivio senti com aquele SIM! Vislumbrar a possibilidade de focalizar minha primeira Oficina de Danças Circulares para um grupo de jovens dentre os quais, muitos eram meus amigos, me fazia sentir mais feliz.
 
Minha mãe e eu decidimos viajar no sábado à tarde, logo após o almoço. O dia estava um pouco nublado, sinal de chuva no céu, nuvens carregadas e muito vento.
 
Eu tinha pressa de chegar. Após uma hora e meia de viagem, comecei a me sentir desconfortável, agitada e minha ansiedade começou a aumentar, meus batimentos cardíacos aceleraram, acompanhando a velocidade dos meus pensamentos.
 
Minha mãe, como se adivinhasse, resolveu fazer uma parada. Desci do carro, estiquei as pernas, olhei a paisagem e fui ao toalete. Este movimento me fez bem e me permitiu recobrar as forças. Sem que eu percebesse, a ansiedade desapareceu e comecei a me sentir mais segura, a cada quilômetro que avançavamos.
 
Deste ponto em diante, as coisas começaram a ficar bem mais leves...