Ser ou não ser, eis a questão...
Lembro-me que quando criança tinha o sonho de ser médico, ia aos consultórios e via os doutores vestidos naqueles jalecos, achava aquilo tudo o máximo, até para ir pra escola eu ia parecendo um médico, ou “doutorzinho” como dizia minha mãe, mas logo vi que aquilo tudo era bobagem minha, que era uma ilusão de criança, na verdade eu vi que não tinha a mínima condição de eu virar um médico, pois não gostava de cortes, sangue, doenças e tal.
Na adolescência vi realmente o que eu queria, tive o maior encontro da minha vida, que foi com os livros, o cinema, a poesia, e vi que aquele era o meu mundo, muito estranho para um menino do interior que vivera num mundo onde as pessoas pensam diferente e muito diferente. Já antes tinha escrito um livro, para um trabalho de escola, mas não sabia que ali estava o que realmente eu queria o meu “pão com manteiga”, o tempo foi passando e eu alimentando a idéia de que o meu lugar estava entre os livros, escrever era o que eu mais gostava de fazer e ainda é, sabia que gostava de cultura e arte, mas não sabia qual o meio que eu me encaixava. Pensando muito no assunto e no meu futuro, vi que com os livros e a escrita o que eu queria estava relacionado ao cinema, pois sempre gostei do assunto.
Lembro bem de quando falei o que decidi fazer sobre minha carreira profissional a meus pais, não sei ao certo a palavra pra expressar como eles ficaram, espanto, surpresa, raiva, mas sei muito bem como eu me senti depois que falei, por um lado estava feliz pois tinha falado a eles que queria ser cineasta e já não tinha aquilo só pra mim, e por outro fiquei triste, pois não tive o apoio esperado, meu pai com certa razão, achou uma bobagem da minha parte, cinema é um curso que não tem em Alagoas e muito difícil pra uma pessoa sem tantas condições ganhar a vida nessa área, minha mãe me deu um certo apoio, mas no fundo no fundo penso que eles me acham um louco.
Então fico com essa dúvida até hoje, tentar carreira na área que estudo que é a agropecuária, ou fazer uma revolução na minha vida e seguir meu rumo para fora do estado e tentar o tão inusitado e sonhado curso de cinema? Essa resposta não tenho agora, mas com certeza daqui a alguns poucos anos, estarei escrevendo, como um zootecnista infeliz no que faz, ou como um cineasta realizado.