HEIS-ME ÁQUI

Eu, poetisa,

marcada á correr vãos e estradas vadias

Herdeira da traição e fruto do dissabores

criança sem infância

perdida no rumo da intolerância a sentir frios

e voar pelo sonho de gritar ser ouvida pelo céu

dos futuros pensadores e crescer no ventre

da sociedade infartada de almas impensantes

Eu, sem sentido, sem nexo

Poetizando amores e soluções

Descobrindo o ego que fere a fera amaldiçoada

Navalha que corta os sonhos dos injustos

Acalantados pelo mísero sossego dos poderes

Eu, vagante, vadia e perdida

sentindo na pele a dor da fome do menino

Que agoniza o pão social

Nos olhos vermelhos o choro

Dos meus choros de perdição

De amores mal resolvidos

Revoltas de amantes mal atracados

Eu, poetisa

amante infiel,

devasso-proscrita

Na vida

Sedutora,

Eu, apenas eu,

Implorando o perdão

BARBARA ALMA CIGANA
Enviado por BARBARA ALMA CIGANA em 09/11/2008
Código do texto: T1273585
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