HEIS-ME ÁQUI
Eu, poetisa,
marcada á correr vãos e estradas vadias
Herdeira da traição e fruto do dissabores
criança sem infância
perdida no rumo da intolerância a sentir frios
e voar pelo sonho de gritar ser ouvida pelo céu
dos futuros pensadores e crescer no ventre
da sociedade infartada de almas impensantes
Eu, sem sentido, sem nexo
Poetizando amores e soluções
Descobrindo o ego que fere a fera amaldiçoada
Navalha que corta os sonhos dos injustos
Acalantados pelo mísero sossego dos poderes
Eu, vagante, vadia e perdida
sentindo na pele a dor da fome do menino
Que agoniza o pão social
Nos olhos vermelhos o choro
Dos meus choros de perdição
De amores mal resolvidos
Revoltas de amantes mal atracados
Eu, poetisa
amante infiel,
devasso-proscrita
Na vida
Sedutora,
Eu, apenas eu,
Implorando o perdão