FRANS KAFKA

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Grandes Prosadores

 

Franz Kafka foi um escritor judeu de língua alemã, nascido em Praga (Tchecoslováquia) em julho de 1833 e falecido de tuberculose pulmonar em 1924. Era filho de pais judeus, mas nunca professou a religião judaica. Apesar de ser filho de uma típica família judia, dizia não ter nada com os judeus.

Kafka tinha um temperamento introvertido (esquizotímico = fuga para a fantasia, timidez etc.), grandemente inquieto identificava-se com idéias e atitudes críticas e inconformistas, ou seja, com as condições do mundo onde vivia; o que fez dele uma pessoa deslocada do seu ambiente. Sua infância e adolescência sempre foram marcadas pela figura autoritária do pai, para o quem apenas o sucesso material interessava. Na obra de Kafka a figura paterna está freqüentemente associada à opressão ou aniquilação da vontade humana; especialmente na celebre carta que escreveu (e que nunca chegou a ser entregue), sob o nome de Carta ao Pai (Brief an den Vater, 1919), onde expõe o conflituoso relacionamento pai-filho, afirmando que tal falta de compreensão e entendimento era de responsabilidade de ambos.

Na formação intelectual de Kafka teve peso especial o ambiente de Praga, cidade medieval gótica dotada de elementos eslavos, alemães e de barroco sombrio. De 1901 a 1906, estudou direito na Universidade de Praga, onde conheceu seu grande amigo (e posterior biógrafo) Max Brod. Concluído o curso, empregou-se em 1908 numa companhia de seguros, como inspetor de acidentes de trabalho. Apesar da competência profissional e da consideração que lhe dispensavam os colegas de trabalho, se angustiava ao presenciar filas de pessoas que entregavam requerimentos que jamais seriam despachados. Por isso, sentia-se deslocado do serviço. A vida emocional também foi conturbada, com noivados e amores infelizes. Tais circunstâncias acentuaram o sentimento de solidão e desamparo que nunca o abandonaria e que ele próprio manifestou nos fragmentos publicados em 1909 sob o título Descrição de Uma Luta (Beschreibung eines Kampfes) e publicado na íntegra em 1936.

Esses traços temperamentais e de caráter é que distingue de modo permanente, toda a obra de Kafka, que gira em torno de um mundo alegórico predominantemente insensato, paradoxal e absurdo, difícil de ser vivido; onde as organizações e as estruturas em vez de atuarem em prol da pessoa humana, contra ela se colocam. Mas, que adquire uma desconcertante e persistente lógica no mundo da realidade.

Apesar de não ser um escritor político no sentido estrito da palavra, os seus trabalhos continham sempre um teor de denúncia contra a feição autoritária nas relações das pessoas com aqueles que são autoridades. Por isso, ele foi um escritor proibido tanto nos países comunistas, como nos nazistas, tendo seus livros queimados pelo Estado mesmo depois de sua morte. Pelo mesmo motivo, foi condenado na Tchecoslováquia como responsável pela revolta intitulada Primavera de Praga (1968). De maneira que, Kafka quando vivo não teve a menor repercussão literária, era visto como um maluco e seus escritos interpretados como simples delírios de uma mente esquizofrênica. Só depois da 2ª Grande Guerra, é que as pessoas começaram a sentir, por experiência própria, as contradições de um medo eminentemente kafkiano. Até pouco tempo antes do seu falecimento só tinha publicado A Metamorfose (Die Verwandlung, 1915), e retalhos de outras produções.

Antes de morrer, Kafka pediu ao seu grande amigo, Max Brod, que desse um fim em todos os seus manuscritos e evitasse a reedição dos já publicados. Por sorte, Brod não obedeceu e foi o responsável pela publicação dos romances, contos, novelas, correspondência pessoal e diários de Kafka. Será mesmo que Kafka queria ver sua obra literária destruída? Se você pede a alguém que destrua seus escritos, você não iria ignorar que esse alguém pudesse lhe desobedecer. Quem deseja ver o fim de sua obra não delega a tarefa a outro, pois não é?

Suas outras obras-primas foram O Processo (Der Prozess, 1925) tramsformado em película por Orson Wells e O Castelo (Das Schloss, 1926), só foram publicadas postumamente por Max Brod. Nessas obras, a ambigüidade, tal como produzida por um sonho, do peculiar universo kafkiano e as situações de absurdo existencial chegam a limites inesperados.

Afligido pela tuberculose, Kafka submeteu-se, a partir de 1917, a longos períodos de repouso e, tirando as breves temporadas em Praga e Berlim, passou o resto da vida em sanatórios e balneários. Morreu em três de junho de 1924, em Kierling, perto de Viena. Sua obra teve profunda influência sobre movimentos artísticos como o surrealismo, o existencialismo e o teatro do absurdo. ®Sérgio.

Leia Também a Parte II: A Metamorfose e O Processo. (clique no link)

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