As Caminhadas
Entre todas as orientações de pessoas ligadas à área de saúde, a atividade física é sempre a mais lembrada para a melhor qualidade de vida. E, entre as diversas modalidades de atividades físicas, a caminhada é mais recomendável por ser um ritmo natural, não despendendo maior esforço. É o que a natureza já admitiu como uma necessidade do homem, a princípio caçador, para manter a sua sobrevivência.
Por ter nascido na zona rural, onde vivi até a fase da adolescência, já praticava esta atividade por uma necessidade do próprio meio, indo para a escola ou para o trabalho de pastoreio do gado ou para a derruba, sempre a uma boa distância de casa.
Ao ingressar no serviço público, onde comecei como radiotelegrafista, houve uma redução das caminhadas, limitando-me ao percurso entre a casa em que morava e o local de trabalho, para onde também ainda ia a pé. A partir dos quarenta anos, já na atividade de bancário, passei a caminhar com certa habitualidade, consciente do bem que fazia à saúde, por exercer uma função estressante. Adotei essa prática em todas as cidades do interior por onde passei. Ao chegar em Maceió, onde passei a morar próximo à praia, o ambiente me favoreceu ainda mais para a continuidade desse hábito saudável.
Levado pelo encanto da beleza da orla marítima, aumentei a freqüência das caminhadas, tornando-me um dos mais assíduos caminhantes, ao ponto de no decorrer de mais de um ano, não haver faltado um único dia, batendo o meu próprio recorde em dias consecutivos de caminhadas.
Ao falar desse meu recorde num encontro para uma palestra sobre saúde, alguém fez uma observação, dizendo que isto significava que durante aquele período eu não havia adoecido um só dia. Isto realmente me deixou bastante gratificado, pois geralmente num período assim é comum a gente ter ao menos um pequeno mal-estar. Assim, mais um motivo para valorizar cada vez mais esse meu hábito contumaz.
É comum a algumas pessoas não caminharem certos dias da semana, como sábado, domingos ou feriados, fugindo um pouco da rotina. Por uma questão de princípio e disciplina, colocando a saúde em primeiro lugar, passei a caminhar todos os dias, mesmo estando fora de Maceió, por considerar que uma hora entre as vinte quatro horas existentes no dia não vai prejudicar qualquer outra atividade.
Sabendo que a atividade física libera a endorfina, substância responsável pela sensação do prazer e do bom humor, que muito contribui para afastar a depressão, sou realmente um caminhante viciado e isto só me faz bem. Se educação significa a aquisição de bons hábitos, esta prática tem sido um hábito salutar.
Posso ter sido influenciado pelo jornalista e escritor Adauto Bezerra, de grande destaque na imprensa pernambucana, ainda na década de 20, do último século, numa prova de que o hábito de caminhar já vem de longe, pois ele nos deixou um livro com o título ANDAR... ANDAR... ANDAR...